DIREITO À CIDADE E RACISMO AMBIENTAL: Uma breve contextualização sobre a exclusão socioespacial nas cidades brasileiras

  • Autor
  • Lucas Barbosa de Figueiredo
  • Co-autores
  • Camila Cristina Rodrigues Diniz
  • Resumo
  • 1.    Objetivo

                Analisar o processo de distribuição territorial dentro da cidade contemporânea a partir dos referenciais teóricos sobre o processo de desenvolvimento histórico urbano realizando os recortes: social, econômico, étnico e ambiental visando demonstrar por meio da pesquisa as possíveis raízes desta problemática.           

    2.    Metodologia e Técnicas utilizadas

    Para o desenvolvimento deste resumo estruturado, a metodologia empregada foi utilização de parte da revisão bibliográfica de dois trabalhos de conclusão de curso, em que estes têm em comum o processo de formação das cidades no âmbito social e suas implicações espaciais para os cidadãos, por isto, a escolha do simpósio temático ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação. Atrelado a isso, a temática ambiental presente em um desses trabalhos, foi importante para entendermos as implicações que a ocupação de áreas de preservação tem sobre determinados grupos, a fim de aprofundarmos o tema, foi acrescentado o referencial teórico sobre racismo ambiental.
     

    A intenção é utilizar os dois trabalhos de maneira complementar para atingirmos uma análise mais completa sobre o direito à cidade. A partir disto, o primeiro trabalho utilizado é intitulado "R.U.A. República de unificação e apoio para população em situação de rua." foi usado para entendermos o processo de formação da cidade brasileira e as formas de segregação derivadas do mesmo. O segundo trabalho utilizado é intitulado “Parque Fluvial do Paquequer: Uma proposta sustentável para a proteção socioambiental do Rio Paquequer em Teresópolis”, foi utilizado para complementar o entendimento sobre a construção da cidade do ponto de vista ambiental, considerando a transformação da paisagem natural e as implicações socioambientais disto para a população.

     

    A técnica utilizada foi a divisão em tópicos de pesquisa considerando a cidade o elemento norteador, o primeiro tópico - A conformação da cidade, parte da leitura de Munford da cidade como o ponto de encontro inerentemente dinâmico em oposição a ideia de aldeia fixa, o segundo tópico - A conformação da cidade brasileira, se materializa em uma análise da relação entre o fenômeno do adensamento urbano no Brasil e seu tardio processo de industrialização, o terceiro tópico - A conformação da exclusão social, contextualiza como o processo de adensamento urbano, ligado a solidificação do sistema capitalista salientou as já existentes e latentes distâncias sócio econômicas, o quarto tópico - Racismo ambiental, tem como principal base teórica o pensador Robert Bullard que contribuiu por meio de suas pesquisas para o entendimento deste fenômeno no Estados Unidos, atrelado a ele, outras fontes teóricas foram acrescentadas para entendermos este processo no contexto brasileiro, utilizando de fontes estatísticas da cidade do Rio de Janeiro para exemplificarmos esta problemática.  

     

    3.    Resultados e Principais conclusões obtidas 

    A partir dos referenciais analisados, fica nítido que o processo histórico de formação da cidade à nível econômico, social e ambiental reverbera nas discrepâncias sociais atuais entre grupos de diferentes classes. Seu estabelecimento está fundamentalmente ligado a um dos mecanismos básicos para a existência do contexto urbano e, no entanto, na contemporaneidade esse funcionamento coloca em risco aquilo que dá a cidade seu maior atrativo o “o imã”, como defendido por Munford, impossibilitando o estabelecimento de novas relação ao sedimentar as discrepâncias existentes no contexto urbano. Em relação a grupos étnicos, o tema do racismo ambiental demonstrou que existe uma relação dialética e histórica entre o colonialismo que fundou a cidade brasileira e as atuais ocupações espaciais desses grupos, sendo estas, as mais precárias, com riscos ambientais, subalternizadas e com menor infraestrutura. 

     

    A cidade, como elemento espacial permite que que as relações humanas sejam produzidas, ao longo da pesquisa vimos que a história ao privilegiar determinados grupos, os brancos , torna a vida da população negra árdua os colocando em espaços periféricos, onde estes são vistos como locais “naturais” de existência para essas pessoas pautando essa narrativa por meio dos mecanismos estruturais do racismo. Do ponto de vista socioambiental, é necessário que exista políticas públicas que auxiliem esses grupos étnicos para que eles possam habitar locais sem risco para si mesmo e para o meio ambiente. Como foi explicitado, ainda existe um abismo entre a lei e a prática, e o racismo ambiental é uma das faces do racismo estrutural que se materializa no espaço e coloca os grupos racializados em locais de esquecimento, enquanto as áreas mais bem estruturadas das cidade são “embranquecidas” e isto é visto como um processo involuntário. Entretanto, a criação da narrativa racista reproduzida e produzida por instituições, pelo o Estado e por determinados indivíduos, não foi um processo automático e sim uma construção histórica e estrutural para que o direito a cidade seja negado e esta situação pareça uma circunstância meritocrática entre os brancos e os negros.

     

  • Palavras-chave
  • Cidade; Direito; Racismo Ambiental; Exclusão Social
  • Área Temática
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
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O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.

Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.

No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.

Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:

O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.

O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.

O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.

O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.

O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências. 

O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.

Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.

Boa leitura!

  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
  • ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas
  • ST 06 - Design, artesanato e tecnologia

3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo

Comissão Organizadora

Docentes

Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte

 

Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade

Comissão Científica

Alicia Romero - UNESA

Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar

André Monte Pereira Dias

Bárbara Boaventura Friaça

Cassia Mousinho de Figueiredo

Charles Leite - UFPE

Denise Loyla Silva

Flávio Glória Caminada Sabrá

Gabriela Sousa Ribeiro

Heloisa Helena de Oliveira Santos

Jaqueline Gomes de Jesus

Lívia de Meira Lima Paiva

Lucivania Filomeno Ponte

Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES

Vanessa Santos Ximenes

 

Reitor

Raphael Barreto Almada

Pró-reitora de Extensão

Ana Luisa Lima

Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo

Marcio Franklin de Oliveira

Diretora de Ensino

Rosi Marina Rezende

Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br