O Envólucro da Alma do Artista

  • Autor
  • Danielle de Oliveira Cardoso Joia
  • Co-autores
  • Paulo Sérgio de Brito
  • Resumo
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    A criação no campo da arte não tem limite e muitas vezes ela está determinada e vinculada com a técnica. O fator comum dentre essa pluralidade de competências artísticas, que englobam um único ato performático, é a homogeneidade do espetáculo e esse tem um sentido muito mais profundo, de acordo com ESS (2016): O espetáculo representa o resultado de um acontecimento social, em que todos se relacionam e se sentem donos da ação. O objetivo do espetáculo é fazer com que as pessoas questionem suas condições sociais e políticas e assumam seu domínio ante as possibilidades que a vida proporciona.

    Um dos componentes do espetáculo é o figurino, que é um conjunto de estudos, reflexões e experimentações revelados em signos que se desdobram para o ator/ performer. Ele é uma segunda pele apropriada pela primeira e pode influenciar em toda a movimentação cênica.

    Ele dialoga com as características dessa personagem e contribui para um diálogo com o espectador. A construção do figurino de uma personagem deve fazer com que suas características psicológicas ou as influências do meio estejam implícitas neste “envólucro” e ajuda a caracterizar esta nova persona apresentada na narrativa/performance.

    Além disso, ele contribui para a expressividade do corpo do ator/ Performer e o entendimento da relação entre as experiências artísticas. Ele é essencial para o resultado harmônico do escopo de um espetáculo, para que as intenções subjacentes da performance são apreendidas de uma forma mais intensa e harmoniosa pelos espectadores.

    Mas afinal, o que é performance? No livro The End of
    Humanism,
    de SCHECHNER (1982), há uma reunião de textos publicados, no decorrer dos anos precedentes, por uma questão fundamental: O que é performance?

    SCHECHNER (1982) amplia ali a noção para além do domínio artístico para nela incluir todos os domínios da cultura. Em sua abordagem, a performance diz respeito aos esportes, às diversões populares, ao jogo, ao cinema, aos ritos dos curandeiros, aos rodeios ou cerimônias religiosas, o Carnaval. Em seu sentido mais amplo, a performance era “étnica e intercultural, histórica e a-histórica, estética e ritualística, sociológica e política”. (FÉRAL, 2009, p. 198).

    Na arte, o performer é aquele que atua num show, num espetáculo de teatro, dança, música. Mostrar-se fazendo é performar: apontar, sublinhar e demonstrar a ação. Por esses conceitos de SCHNER (1982):  peças teatrais, filmes cinematográficos, musicais, novelas televisionadas e desfiles das escolas de samba (dentre outras manifestações artísticas) podem ser classificadas como performance.

    Se há performance, há o performer que faz com que ela aconteça. Esse artista precisa de um “envólucro” para sua alma, no sentido de envolver sua personagem: um figurino. Para a construção do mesmo há toda uma metodologia que determina o processo criativo de cada profissional envolvido no processo de construção do mesmo. Costureiras, Alfaiates, Modelistas, Cortadores, Figurinistas, Carnavalescos, Aderecistas, são alguns dos nomes de vários profissionais que desenvolvem funções específicas na construção desse “envólucro” e que possuem, reflexiva ou intuitivamente, uma metodologia construtiva que se encaixa em um processo metodológico macro de construção.

    Em (ABRANTES, 2011 p.42), o autor afirma que há uma sequência de procedimentos metodológicos que se repetem nas etapas do seu processo de criação de figurinos: decupagem de texto e das personagens; pesquisa de formas; colagens de referências; desenhos de croquis; cartelas de cores; materiais e tecidos. Esses procedimentos independem da mídia do figurino.

    Perguntado ao Figurinista, e pesquisador, Samuel Abrantes se há uma preocupação que o figurino seja um facilitador da performance do componente, ele disse que quem deve pensar nesses facilitadores, é o confeccionista, pois nem sempre o carnavalesco é o confeccionista e esses estão mais preocupados com a visibilidade plástica.

    Para Deleuze, esse acontecimento (performance) é o ato de desdobrar em processo de construção artística, em método e em continuidade dialógica. A experimentação das possíveis texturas desse figurino são redobramentos das soluções do diálogo que ele faz com o corpo, que desdobra em movimentos que alteram as possibilidades que o figurino pode propor para a performance.

    Os textos mais privilegiados sobre o tema em questão, usam a análise da atividade performativa. E pouquíssimos trabalhos se arriscam com dados etnográficos; cultura material, aspectos formais e têxteis, em direção às diversas metodologias do fazer artístico para o figurino performativo. Essa pesquisa busca um aprofundamento do tema.

     

  • Palavras-chave
  • Performance, Figurino, Desdobramentos, Carnaval
  • Área Temática
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
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O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.

Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.

No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.

Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:

O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.

O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.

O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.

O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.

O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências. 

O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.

Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.

Boa leitura!

  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
  • ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas
  • ST 06 - Design, artesanato e tecnologia

3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo

Comissão Organizadora

Docentes

Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte

 

Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade

Comissão Científica

Alicia Romero - UNESA

Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar

André Monte Pereira Dias

Bárbara Boaventura Friaça

Cassia Mousinho de Figueiredo

Charles Leite - UFPE

Denise Loyla Silva

Flávio Glória Caminada Sabrá

Gabriela Sousa Ribeiro

Heloisa Helena de Oliveira Santos

Jaqueline Gomes de Jesus

Lívia de Meira Lima Paiva

Lucivania Filomeno Ponte

Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES

Vanessa Santos Ximenes

 

Reitor

Raphael Barreto Almada

Pró-reitora de Extensão

Ana Luisa Lima

Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo

Marcio Franklin de Oliveira

Diretora de Ensino

Rosi Marina Rezende

Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br