AS CONTRIBUIÇÕES DA ACESSIBILIDADE E DA CULTURA PARA PROJETAR BELFORD ROXO COMO UMA CIDADE EDUCADORA

  • Autor
  • Thaynnara de Farias Pinto
  • Co-autores
  • Matheus Trindade Coelho da Silva , Karoline Alves da Silva , Gabriela Sousa Ribeiro
  • Resumo
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    Defendemos que todas as cidades, por serem palcos de encontros e trocas socioculturais constantes entre pessoas diversas e espaços, podem ser potencialmente uma cidade educadora. Inclusive Belford Roxo, cidade da Baixada Fluminense, objeto de estudo de nossa pesquisa. Porém, não da forma como ela se apresenta à sua população, na atualidade. Este trabalho, decorrente do projeto de pesquisa “Acessibilidade e direito à cidade: caminhos para uma cidade educadora”, objetiva analisar as condições de acessibilidade de três espaços culturais em Belford Roxo e suas reverberações no pertencimento territorial, qualidade de vida e trocas socioculturais nos espaços como meios para se alcançar uma cidade educadora. Para isso, realizamos pesquisas bibliográficas e documentais, seguidas de pesquisa de campo. A pesquisa de campo se deu em três fases: 1- aplicação de questionários online e presencialmente com população local e produtores culturais atuantes em Belford Roxo para identificar espaços culturais na cidade. A partir do resultado dos questionários, foi feito um mapeamento desses locais levantados, analisando sua distribuição espacial no município; 2- Por serem públicos, laicos e legitimados pelo poder público e pela população como espaços culturais, selecionamos três locais para aprofundar as pesquisas: Praça de Heliópolis, Casa da Cultura e Vila Olímpica de Belford Roxo. Realizamos entrevistas com gestores dos mesmos e observações assistemáticas em situação real de uso, analisando as condições de acessibilidade dos espaços a partir dos parâmetros da NBR 9050, da acessibilidade plena e do design universal; 3- com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi preciso reorganizar nossa metodologia. Tivemos que trocar a experenciação das pessoas com deficiência nos locais em estudo por questionários online com frequentadores com e sem deficiência dos espaços selecionados, para analisar as condições de acessibilidade dos mesmos na visão da população local. Realizamos também entrevista online síncrona semiestruturada com o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Belford Roxo, a fim de coletar mais informações a respeito da vivência de pessoas com deficiência aos espaços pesquisados. Com a mudança da metodologia, percebemos limitações quanto aos resultados alcançados através dos questionários. Pedimos a colaboração do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Belford Roxo para a divulgação dos questionários entre seus membros, mas, ainda assim, tivemos poucas pessoas com deficiência entre os respondentes. Considerando que Belford Roxo tem um quantitativo populacional com deficiência acima da média nacional, o baixo número de respondentes nos faz questionar sobre a participação dessas pessoas na cidade. Ao analisar as condições de manutenção e de acessibilidade dos espaços estudados, percebemos que os três locais precisam implementar vários aspectos concernentes, principalmente, às acessibilidades física e comunicacional. A Casa da Cultura é o local que precisa de reparos mais urgentes para continuar possibilitando educação, cultura, arte e lazer à população. O cineteatro da Casa está desativado desde início de 2019, quando um temporal destruiu seu teto. Além disso, identificamos uma separação entre alunos com e sem deficiência nas atividades e cursos oferecidos no local, sendo um único dia da semana reservado para pessoas com deficiência, dificultando que haja inclusão e interação entre elas e pessoas sem deficiência. A Praça de Heliópolis e a Vila Olímpica, recentemente reinauguradas pela Prefeitura Municipal de Belford Roxo, se encontram em boas condições, porém precisam corrigir alguns aspectos físicos, organizacionais e comunicacionais, que dificultam e/ou impedem o uso por pessoas com deficiência e podem gerar acidentes. Conforme os resultados obtidos com os questionários da terceira etapa da pesquisa, a maioria dos respondentes não veem os locais citados como acessíveis e inclusivos, o que corrobora com nossas análises prévias. Se tratando de mobilidade urbana, constatamos que a maioria dos respondentes que afirmaram frequentar os locais pesquisados precisa de apenas uma condução para chegar até eles, ou seja, boa parte do público que esses locais atendem é belforroxense, vive na própria cidade. O primeiro passo a se lançar rumo à cidade educadora é possibilitar pleno acesso aos espaços da cidade, principalmente, àqueles relacionados a cultura, educação e lazer, que ainda são negados à grande parte da população belforroxense. O município ainda enfrenta grandes desafios para propiciar qualidade de vida a seus habitantes. As melhorias propiciadas às pessoas com deficiência, nos termos da acessibilidade plena e do design universal, tendem a melhorar o usufruto dos espaços por toda a população, gerando mais conforto e segurança.

     

  • Palavras-chave
  • Acessibilidade plena; Trocas socioculturais; Cidade educadora.
  • Área Temática
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
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O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.

Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.

No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.

Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:

O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.

O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.

O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.

O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.

O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências. 

O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.

Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.

Boa leitura!

  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
  • ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas
  • ST 06 - Design, artesanato e tecnologia

3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo

Comissão Organizadora

Docentes

Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte

 

Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade

Comissão Científica

Alicia Romero - UNESA

Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar

André Monte Pereira Dias

Bárbara Boaventura Friaça

Cassia Mousinho de Figueiredo

Charles Leite - UFPE

Denise Loyla Silva

Flávio Glória Caminada Sabrá

Gabriela Sousa Ribeiro

Heloisa Helena de Oliveira Santos

Jaqueline Gomes de Jesus

Lívia de Meira Lima Paiva

Lucivania Filomeno Ponte

Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES

Vanessa Santos Ximenes

 

Reitor

Raphael Barreto Almada

Pró-reitora de Extensão

Ana Luisa Lima

Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo

Marcio Franklin de Oliveira

Diretora de Ensino

Rosi Marina Rezende

Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br