A banda de reggae KMD-5 entre a Baixada e o Rio: notas sobre uma experiência sociomusical

  • Autor
  • JONAS SOARES LANA
  • Co-autores
  • MARCOS ROSA DA SILVA
  • Resumo
  • Este trabalho investiga a atuação da banda KMD-5 na região metropolitana do Rio de Janeiro nos anos 1980. O KMD-5 surgiu como um grupo de reggae com repertório autoral formado por canções que denunciavam a injustiça social presente nos grandes centros urbanos brasileiros na época (LEITE, 2006). Muitas de suas canções foram inspiradas nas experiências pessoais dos integrantes da banda, quase todos habitantes de Belford Roxo (Baixada Fluminense, RJ).

    Nesse período, o KMD-5 colocou em prática um projeto para se tornar parte do cast de uma grande gravadora, algo que veio a acontecer no início dos anos 1990, após a banda ter sido rebatizada de Negril. Esse projeto é evocado em entrevistas recentes com ex-integrantes do KMD-5 e também pode ser reconhecido em fontes de pesquisa produzidas na época. São press releases, videoclipes, uma fita demo, notícias em jornais e numerosas indicações de shows nas agendas culturais desses veículos de comunicação.

    Esses registros são em certo sentido recursos que o KMD-5 criou e empregou visando adentrar o mainstream da música popular e assim obter suporte para gravar e vender discos, veicular seus reggaes em rádios FM, performar na televisão e em shows com grandes bilheterias e cachês. Este seria o caminho para a banda alcançar o sucesso e garantir a seus integrantes a consolidação de suas carreiras de músicos profissionais.

    No atual momento da pesquisa, percebemos que uma das estratégias para o KMD-5 alcançar esses objetivos foi a apresentação em espaços frequentados por universitários na cidade do Rio de Janeiro, incluindo um auditório da UFRJ na Ilha do Fundão, o Circo Voador, na Lapa, e o Núcleo Experimental de Cultura da UNE, situado no bairro Catete. Esse fato nos leva a questões que devem pautar a pesquisa a partir deste momento. Qual é o perfil social desse público? Ele seria formado por uma maioria branca de classe média, espelhando o perfil geral do estudante de universidade federal no Brasil daquela época? Em que medida os atores sociais que frequentavam esses espaços e shows contribuíram para que o KMD-5 realizasse o seu projeto profissional? 

     

    Neste trabalho, que apresenta resultados de uma pesquisa em andamento, buscamos respostas para estas e outras perguntas, a fim de compreender os efeitos, sobre a trajetória do KMD-5, dos agenciamentos promovidos por mediações sociais variadas, que incluem as plateias e os espaços de apresentação, os gestores desses espaços, produtores culturais, lideranças do movimento estudantil universitário, entre outros. Apoiamos nossa problematização nas contribuições teóricas de autores que abordam as práticas musicais como criações coletivas e compartilhadas não apenas por compositores e intérpretes, como também por ouvintes e profissionais que participam direta e indiretamente da produção, difusão e significação das músicas. Entre esses autores, destacamos os sociólogos Howard Becker (1982), Antoine Hennion (1993; 2003) e Bruno Latour (2005), o etnomusicólogo Thomas Turino (2008) e o musicólogo Christopher Small (1998).

  • Palavras-chave
  • KMD-5, Reggae na região metropolitana do Rio de Janeiro, Produção social da música.
  • Área Temática
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
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O IFRJ campus Belford Roxo promove, anualmente, a Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo, que conta com palestras, mesas redondas, oficinas, minicursos, apresentações artísticas e culturais, além dos resultados de trabalhos desenvolvidos ao longo dos cursos oferecidos no referido campus. O evento costuma acontecer concomitantemente à Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa.

Dentro da Semana Acadêmica, ocorre, ainda, o Encontro de Pesquisadores, momento em que os servidores atuantes no campus Belford Roxo apresentam os resultados de seu trabalho, conectando pesquisa, ensino e extensão.

No ano de 2020, de 19/10 a 23/10, ocorreram a 3a. Semana Acadêmica do IFRJ campus Belford Roxo e a Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa. Ainda compondo os eventos, de 16/11 a 18/11, ocorreu o 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. Com o isolamento social decorrente da pandemia do COVID-19, foi a primeira vez que os eventos aconteceram totalmente online. Também foi a primeira vez em que as submissões de trabalhos foram abertas aos pesquisadores de outras instituições e aos estudantes, movimento que só foi possível em razão da expertise adquirida com a realização dos eventos em anos anteriores.

Com o tema “Baixada Fluminense Presente! Diálogos entre Educação, cultura e Arte”, estudantes e profissionais, preferencialmente atuantes na Baixada Fluminense, puderam submeter seus resumos estruturados e/ou relatos de experiências. Estes trabalhos submetidos foram organizados e apresentados em quatro Simpósios Temáticos:

O ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades, coordenado pela professoras Heloisa Santos, Lívia Paiva e em parceria com a coordenadora do ST 06, Jaqueline Gomes recebeu trabalhos que discutiam as questões de gênero, raça e classe, a partir de uma perspectiva crítica que avaliasse o sexismo, o machismo, a lgbtfobia, o racismo e o classismo como violações dos direitos humanos. Considerando tais elementos, trabalhos que abordassem estas questões, especialmente a partir de uma perspectiva interseccional, eram de interesse deste ST, seja em uma perspectiva teórica, seja por meio de trabalhos que trouxessem resultados de práticas educativas, ativistas, artísticas, dentre outras formas de abordar a luta pelos direitos no mundo contemporâneo, especialmente aqueles que buscavam estabelecer diálogos que se voltem para o Eixo Sul-Sul.

O ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval, coordenado pelos professores Flávio Sabrá, André Dias em parceria com a coordenadora do ST 06, Cássia Mousinho, se propôs a ser um espaço para a discussão e reflexão crítica de questões relacionadas às práticas de gestão e negócios no campo da moda, carnaval e festejos, observando sua relação com design, arte, vestuário, artesanato, modelagem, administração e as suas interlocuções entre o processo criativo, produtivo, distributivo e de validação dentro da Cadeia Têxtil/Confecção e da Economia Criativa, seja em trocas formais ou informais.

O ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação, coordenado pelas professoras Gabriela Ribeiro e Bárbara Friaça, abordou trabalhos que traziam o debate sobre cidades, territórios e as vivências deles e neles, intermediadas por diversas vertentes culturais e educacionais (artesanato, moda, culinária, acervos de espaços de cultura e memória, patrimônio cultural, espaços culturais, espaços de lazer, urbanismo, design, educação formal, não formal e informal, entre outros). Também recebeu trabalhos que discutiam sobre inclusão social, entendendo que possibilitar acesso e usufruto amplos e irrestritos aos espaços citadinos contribuem para o incremento da inclusão social, propiciando uma formação holística às pessoas, nos âmbitos cultural, social, educacional, de lazer, de desporto, entre outros.

O ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão, coordenado pelas professoras Ana Adelaide Balthar e Lucia Vignoli, buscava discutir como os rearranjos espaciais reverberam nas produções artísticas culturais das periferias urbanas frente a questão do distanciamento social devido a pandemia de COVID-19. “Reinventamos e experimentamos existências bidimensionais, através de dispositivos digitais. Telas de telas. Os deslocamentos se restringiram, mas os encontros se constelaram. De repente, a Baixada não sofre de lonjura, de repente a periferia é centro”.

O ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas, coordenado pela professora Jaqueline Gomes, objetivava fomentar, em um ambiente complexo, a inclusão de pessoas oriundas de diferentes grupos sociais. Recebia trabalhos que promovessem investigações e propostas de intervenção, considerando os corpos em suas possibilidades na cultura das aparências. 

O ST 06 - Design, artesanato e tecnologia, coordenado pela professora Cassia Mousinho, buscava fomentar a análise do trabalho artesanal, através de seus aspectos estéticos, técnicos, mercadológicos e sociais. Também pretendia reforçar a importância do desenvolvimento de tecnologias e os artefatos a elas associados no âmbito material ou digital, realizando uma ponte entre o artesanato e o design.

Estes Anais são resultantes dos trabalhos aprovados e apresentados no 3º. Encontro de Pesquisadores do IFRJ campus Belford Roxo. É uma das nossas contribuições para a reafirmação da Baixada Fluminense enquanto território potente cultural, artística e educacionalmente.

Boa leitura!

  • ST 01 - Direitos humanos, culturas e identidades: gênero/gêneros
  • ST 02 - Gestão, design, moda e carnaval
  • ST 03 - Cidades, territórios, culturas e educação
  • ST 04 - Periferia é Centro: processos artísticos e culturais em contramão
  • ST 05 - Corpos, diversidades, identidades e culturas
  • ST 06 - Design, artesanato e tecnologia

3º Encontro de Pesquisadores - IFRJ/Campus Belford Roxo

Comissão Organizadora

Docentes

Heloisa Helena de Oliveira Santos - Coordenadora de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação
André Monte Pereira Dias
Flávio Glória Caminada Sabrá
Gabriela Sousa Ribeiro
Lucivania Filomeno Ponte

 

Estudantes
Sara Canto
Gregory Andrade

Comissão Científica

Alicia Romero - UNESA

Ana Adelaide Lyra Porto Balthar - Nena Balthar

André Monte Pereira Dias

Bárbara Boaventura Friaça

Cassia Mousinho de Figueiredo

Charles Leite - UFPE

Denise Loyla Silva

Flávio Glória Caminada Sabrá

Gabriela Sousa Ribeiro

Heloisa Helena de Oliveira Santos

Jaqueline Gomes de Jesus

Lívia de Meira Lima Paiva

Lucivania Filomeno Ponte

Maria Lucia Vignoli Rodrigues de Moraes - INES

Vanessa Santos Ximenes

 

Reitor

Raphael Barreto Almada

Pró-reitora de Extensão

Ana Luisa Lima

Diretor de Implantação - Campus Belford Roxo

Marcio Franklin de Oliveira

Diretora de Ensino

Rosi Marina Rezende

Coordenação de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação do Campus Belford Roxo: extensao.cbel@ifrj.edu.br