Por João Vitor Bogas e Bruna Coelho, Hand Talk
Imagina a seguinte situação: Você está esperando aquele evento há meses, garantiu a sua inscrição, aguardou ansiosamente e, então, o dia finalmente chegou! Mas quando você chega lá e se depara com uma fila imensa de credenciamento. Tudo bem, é desmotivador, mas você tenta se manter otimista.
Acontece que o pesadelo não termina aí, quando você entra no auditório para assistir aquela palestra que tanto queria, todos os lugares estão ocupados e você tem que acompanhar tudo de pé. Seria horrível, não é mesmo?
Na hora de planejar um evento, pensamos na experiência do nosso público do começo ao fim. A gente planeja a comunicação, garante o lugar perfeito, organiza o coffee-break e cuida de todos detalhes. Mas será que no meio dessa loucura você não está esquecendo de nada? Você parou para pensar como uma pessoa cega vai acompanhar o seu evento? Não!? Eles necessitam de certos recursos de acessibilidade específicos que garantem que uma pessoa com deficiência tenha uma experiência completa.
Atualmente, no Brasil, cerca de 45 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência – seja cognitiva, física, visual ou auditiva – e existem recursos de acessibilidade para cada uma delas, afinal não existe uma solução mágica que atende a todos.
Por isso, é importante conhecer bem o seu público, assim você evita investir em algo que as pessoas não vão utilizar. Pensando nisso, vamos te mostrar três maneiras de você mandar bem quando o assunto for acessibilidade no seu evento:
Transformando imagens em palavras
A audiodescrição é uma narração de tudo o que é visual. Ela ajuda pessoas cegas e com baixa visão a acompanhar as informações e acontecimentos que dependem da visão para serem compreendidos. Esse recurso é utilizado em apresentações, passeios turísticos, museus e muito mais. O céu é o limite!
O importante é dar aos deficientes visuais uma “imagem” de tudo o que está rolando. O mais legal da audiodescrição é que ela não para por aí, pois ajuda também idosos, disléxicos e pessoas com deficiência intelectual, pois graças a descrição mais detalhada amplia o entendimento do conteúdo.
Bom, agora você deve estar se perguntando: quem é que faz a audiodescrição? Surpreendentemente, esses profissionais são chamados audiodescritores, que podem ser profissionais autônomos ou trabalharem em empresas especializadas no assunto. Eles estudam muito para descrever todo tipo de situação da melhor forma possível.
A audiodescrição pode ser feita de formas: gravada ou ao vivo. Mas quando se trata de eventos, o tipo de audiodescrição recomendada é o ao vivo, pois garante com que todos acontecimentos da apresentação sejam narrados, inclusive os improvisos.
Legenda, Closed Caption ou Estenotipia, e agora?
Muita gente não conhece ou não sabe para que serve a Closed Caption – CC. Essa é uma expressão em inglês que quer dizer “legenda oculta”. Você deve ter cruzado com ela por aí, enquanto esperava para ser atendido por um médico ou no aeroporto.
Elas são aquelas “legendas” ao vivo que ficam passando na televisão. “Legendas” entre aspas, pois há uma diferença entre CC e as legendas de verdade. A primeira inclui a descrição de músicas ou efeitos sonoros, enquanto a segunda não.
A Closed Caption é extremamente importante para os deficientes auditivos, pois é através dela que eles entendem tudo o que está sendo falado, como se o mundo fosse um filme legendado. Apesar de ser muito utilizada em transmissões, a CC deve estar em eventos presenciais também. Você pode exibi-las em uma televisão ou mesmo no telão. O importante é ter!
Até agora explicamos a diferença entre legenda e a Closed Caption, mas e a esteneotipia? Ela é a técnica de digitação utilizada por esses profissionais. Com seus dedinhos velozes, eles chegam escrever até 150 palavras por minuto, transformando todas as falas em texto quase instantaneamente e, assim, os deficientes auditivos podem acompanhar tudo.
Se meu evento já conta com legenda, eu preciso de Libras?
A resposta é: sim!
Apesar da tradução para Libras e a Closed Caption serem recursos de acessibilidade voltados para pessoas com deficiência auditiva, a presença de uma não deve excluir a outra. Por quê? Existe uma diferença entre quem se considera surdo e deficiente auditivo. Ela tem tudo a ver com a importância da língua de sinais na comunicação de quem não escuta.
As pessoas que se identificam como surdas têm a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como primeiro idioma.
Elas acabam não entendendo bem o português e dependem da Libras para se comunicar. Para elas, diferentemente de quem se identifica como deficiente auditivo, as legendas não são suficientes. Por isso, a presença de um intérprete é tão importante – são eles que vão traduzir para Libras tudo que o apresentador está dizendo, quebrando essa barreira na comunicação com o surdos.
Essa barreira, não existe apenas no dia do evento, ela pode estar acontecendo na comunicação do seu evento também. Para isso, existem outros recursos de acessibilidade que podem te ajudar. Uma boa dica é sempre inserir textos alternativos para as imagens do seu site e usar hashtags #PraCegoVer nas redes sociais, descrevendo todos os dado. Essa simples atitude, ajuda os cegos identificarem o conteúdo.
Outro ponto importante é garantir que o conteúdo do seu site em português também esteja acessível em Libras. Para isso, existem plugins que realizam a tradução para língua de sinais. O tradutor de sites da Hand Talk, por exemplo, realiza esse processo automaticamente. E, construindo o seu site na plataforma da Doity, você também tem esse recurso de acessibilidade à disposição: basta após a criação do seu evento, ativar o tradutor de libras Hand Talk no hotsite.
Sucesso no seu evento!