A adaptação local pode provocar a divergência genética populacional e culminar em eventos de especiação ecológica. Nesta palestra, vou mostrar como temos usado Pitcairnia flammea Lindl.,  uma bromélia endêmica da Floresta Atlântica, como modelo para testar se a adaptação local a um gradiente térmico altitudinal tem contribuído a diversificação de espécies ao longo das montanhas do Sudeste do Brasil. Esta espécie ocorre desde o nível do mar até mais de 2000m de altitude, apresentando altas diferenças morfológicas e baixo fluxo gênico entre as populações. Primeiramente, apresentarei resultados de um estudo integrando dados morfoanatômicos e ecofisiológicos e experimentos de termotolerância em P. flammea para ilustrar essas diferenças fenotípicas. Logo, irei mostrar como estamos montando o genoma da espécie em escala cromossômica utilizando sequências de PacBio HiFi e Omni-C, que será útil como referência em estudos populacionais em andamento que buscam: (1) inferir a história demográfica da espécie utilizando dados provenientes de RAD-seq e (2) detectar variações genômicas adaptativas ao nível de SNPs (Single Nucleotide Polimorfism) e ao nível estrutural - SVs (Strutural Variation) e PAVs (Presence-Absense Variations). Tais estudos fornecem evidências de como o ambiente promove a divergência genética de populações localmente adaptadas, contribuindo para elucidar os primeiros passos do processo de especiação em uma das áreas mais biodiversas do mundo e fazer predições sobre a resiliência das espécies frente às mudanças climáticas.

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