CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTRATO FONOLÓGICO NA DESCRIÇÃO SISTÊMICO-FUNCIONAL DE TEXTOS INSTANCIADORES DE GÊNEROS ORAIS

Camila Stephane Cardoso Sousa
Ana Célia Clementino Moura

Resumo: A aplicação do aparato sistêmico-funcional às análises de textos instanciadores de gêneros orais em língua portuguesa, em geral, não considera aspectos do estrato fonológico. A fim de demonstrar sua relevância, em especial, para a descrição de textos orais, neste trabalho, buscamos: 1) estender o sistema de funções de fala à descrição de outras tipologias de textos orais para além da tipologia conversacional; e 2) demonstrar a aplicação descritiva dos aspectos entoacionais por meio dos sistemas de tom, tonalidade, tonicidade e ritmo a fim de nortear a identificação da unidade semântico-discursiva de movimento. Nossa proposta segue o modelo de descrição do estrato fonológico, desenvolvido em Halliday e Greaves (2008), as aplicações ao português propostas por Cagliari (1981, 2012), bem como a proposta de relação entre os critérios prosódicos e o sistema semântico-discursivo de funções de fala, desenvolvido por Eggins (1990) e discutido em Slade (1996) e Eggins e Slade (2006). Selecionamos, para isso, um texto oral instanciador de narrativas ficcionais, de modo a demonstrar a identificação de seus movimentos, norteada, além de critérios do sistema de modo, pela marcação de tons primários e pela organização dos grupos tonais, revelando um conjunto de sequências monologais continuativas, que cumprem a função de prover mais informações acerca da narrativa que é construída.

Palavras-chave: Narrativa ficcional. Funções de fala. Estrato fonológico.