UNIVERSIDADE E ECONOMIA

O processo de internacionalização das empresas não é um fenômeno recente, ainda que nos últimos anos o tema tenha conquistado maior evidência devido à escala alcançada mundialmente.  Esse ganho de escala deve-se à entrada de inúmeras empresas na competição pelo mercado internacional, estimuladas pela nova geografia econômica mundial que fez surgir novas potências econômicas, entre elas o Brasil. A internacionalização pode ser entendida como o envolvimento de uma empresa com o mercado de país diferente daquele de onde se originou.

De acordo com dados da Organização Mundial do Comércio – OMC e Secretaria de Comércio Exterior – SECEX (2014), a corrente de comércio internacional saltou de pouco mais de US$ 100 bilhões em 1950 para mais de US$ 35 trilhões em 2012. Um crescimento vigoroso e contínuo ao longo desse período e que não apresenta indícios de alteração desta tendência.

Outro importante fator que corrobora para o incremento das trocas internacionais é a proliferação dos blocos econômicos regionais, como o Mercosul, o Nafta e a União Européia; e os acordos de comércio multilaterais realizados no âmbito da OMC.

O mundo está mudando, novas potências estão surgindo, antigos paradigmas se quebram de forma definitiva, novos atores mundiais se confirmam e novos desafios se apresentam para os profissionais e as organizações. A entrada no mercado global requer preparo diferenciado dos gestores sendo de grande importância uma exposição gradual aos negócios internacionais como parte da capacitação para olhar de forma abrangente os horizontes e possibilidades existentes.

O progressivo aumento do comércio internacional e, mais recentemente, da internacionalização das empresas de forma mais complexa, como por exemplo, a abertura de escritórios comerciais ou mesmo plantas produtivas em outros países, têm exposto um número cada vez maior de profissionais à necessidade de desenvolverem uma carreira internacional.

O desenvolvimento de uma carreira internacional ou carreira global, tende a ser muito mais abrangente e complexa e não está apenas relacionada às iniciativas das organizações. Assim, o profissional que deseja seguir uma carreira internacional deverá estar preparado para atuar em qualquer parte do planeta, para executar tarefas e liderar equipes em um ambiente multicultural, além de saber se comunicar bem em outros idiomas.

Estas funções e competências são exercidas também por meio das interações por e-mail, telefone, vídeo conferência e pelo gerenciamento de equipes multiculturais. Estas interações ocorrem inclusive na própria matriz, uma vez que existe um fluxo de estrangeiros das subsidiárias, ou mesmo, de empresas internacionais contratadas para executar serviços específicos, como por exemplo, instalação e manutenção de equipamentos, implantação de software, transferência de tecnologia, etc.

Uma carreira global também pode ser construída a partir da participação em processos seletivos internacionais, em que o candidato poderá assumir uma função em outro país, mesmo antes de ter sido empregado no seu próprio país, especialmente nos caso dos recém egressos dos curso de graduação. Aprender uma língua estrangeira é uma habilidade valiosa para os estudantes a serem empregados no exterior e é também um meio para formar cidadãos com habilidade multicultural. 

O contexto da globalização e da economia pós-industrial exige profissionais que, dentre outras capacidades próprias ao executivo global, saibam liderar processos de aberturas de filiais no exterior, gerenciar subsidiárias, fazendo a adaptação das políticas globais à realidade local. O executivo global, é cosmopolita, negociador, comunicador intercultural, capaz de criar sinergia e de liderar mudanças. Não é necessariamente um profissional que trabalha fora da matriz, mas é um especialista de operações internacionais e possui uma experiência de vida que lhe confere outras competências, que não as exclusivamente técnicas. Em uma definição mais completa “Gestores Globais são profissionais em posições de gerência ou diretoria que possuem responsabilidades de coordenação global de atividades, tendo contato frequente com outras culturas e considerando os negócios de uma perspectiva internacional.

Esse novo cenário econômico pode explicar em parte o crescimento do interesse de instituições e pesquisadores pelos efeitos da internacionalização das empresas sobre o perfil dos profissionais e o surgimento do conceito de carreira global. Há alguns anos, os pesquisadores estrangeiros têm corroborado uma tendência crescente no que diz respeito às carreiras internacionais.

É importante destacar a inter-relação existente entre a cultura organizacional nas empresas e o perfil dos egressos das Instituições de Ensino Superior - IES. Estas instituições educacionais exercem uma função essencial no rompimento do status quo, criando conhecimentos que são disseminados pelos professores, estudantes e profissionais na sociedade e incorporados pelas organizações. Vale lembrar que as IES são empresas, e como qualquer outra organização inserida num contexto de economias integradas, devem, elas próprias, conduzir proativamente o seu processo de internacionalização institucional e educacional. 

A internacionalização do plano de educação proporciona um processo de ensino adequado para os estudantes internacionais nas universidades e prepara o caminho para desenvolver suas habilidade e atitudes universais em seu país.

A partir destas observações, presume-se que o amadurecimento do processo de internacionalização das universidades tem relação direta com o nível de internacionalização das empresas e da economia de um país ou região. 

Herley Cesar Reinert – Especialista em Negócios Internacionais, professor universitário e diretor executivo do evento Cidadão do Mundo
herley@trenier.com.br
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