MOVI - II Encontro Brasileiro de Fotografia em Movimento

4 de maio de 2022, 00h00 até 6 de maio de 2022, 23h59
Online. Transmissão via Doity Play
 
 
TRABALHOS APROVADOS NO MOVI - II ENCONTRO BRASILEIRO DE FOTOGRAFIA EM MOVIMENTO

 

“Parece cinema!” - A parceira em telenovelas entre Fernando Carvalho e Benedito Ruy Barbosa e quebra de contrato com a audiência

Thaiane Machado

Como produto audiovisual a telenovela “bebeu” de referências de outros produtos culturais para construir a sua linguagem e se tornar um dos produtos mais consumidos pelos brasileiros. O cinema e o teatro foram fontes de aprendizado até que a telenovela escolhesse um estilo para aspectos da produção, como a direção de fotografia. Depois de anos de oferta, especialmente por uma das maiores empresas produtoras, a Globo, experimentos na linguagem da direção foram realizados, a exemplo do diretor Luiz Fernando Carvalho em suas parcerias com o escritor Benedito Rua Barbosa. Esse artigo pretende refletir a analisar, como essa parceira em telenovelas trouxe significativas mudanças na estética de algumas obras e, em certos casos, causou uma quebra de contrato e estranheza na audiência resultando em um certo desinteresse do grande público em acompanhar a trama.

Palavras-chave: Direção de Fotografia; Telenovela; Audiência

 

Estética e imagens: um estudo da direção de fotografia de Pedro Sotero e do uso do zoom nos longas de Kleber Mendonça Filho

Filipe Tavares Falcão Maciel

A pesquisa aqui apresentada tem como objetivo realizar um estudo analítico e estilístico da direção de fotografia assinada pelo pernambucano Pedro Sotero nos longas O som ao redor (2012), Aquarius (2016) e Bacurau (2019). Os três filmes foram dirigidos pelo cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. Destes, Bacurau foi co-dirigido pelo também pernambucano Juliano Dornelles. Através de uma metodologia interdisciplinar, que combinou análise dos elementos estilísticos da direção de fotografia nos três filmes, entrevistas com Pedro Sotero e revisão bibliográfica crítica, o trabalho realizou um estudo comparativo que apontou diferenças e semelhanças na direção de fotografia presente nos três filmes identificando a existência de um estilo assinado por Pedro Sotero. O estudo incluiu a análise de ângulos e planos, movimentos de câmera, iluminação e tipos de lentes utilizados nos filmes. Dos dados encontrados, a utilização do zoom foi um dos pontos presentes nos três filmes que mais chamou atenção. Durante o estudo foram pontuados diferentes tipos de zoom identificados com o próprio Pedro Sotero em três categorias: zoom invisível, zoom narrativo e zoom de destaque. A análise e as entrevistas realizadas permitiram identificar a utilização do zoom como recurso estilístico, reconhecer cineastas que utilizaram o zoom em seus filmes e serviram de referências para Pedro Sotero e compreender como estas decisões estilísticas foram pensadas de modo a auxiliarem uma maior imersão do público com as obras fílmicas. Este trabalho faz parte da pesquisa de pós-doutorado do autor em andamento na Universidade Federal de Pernambuco, cujo início aconteceu em agosto de 2021.  

Palavras-chave: Direção de fotografia, análise estilística, zoom, cinema pernambucano, Pedro Sotero, Kleber Mendonça Filho

 

NARRATIVA VISUAL: A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM NO CURTA FICÇÃO “MATINTA”

Sandreson Marcelo Pereira da Silva

O cinema, enquanto narrativa possui elementos universais que permeiam culturas e transmitem não somente informação, como sensações e emoções. Neste contexto o objetivo da pesquisa é compreender as técnicas do transmissor a partir da desconstrução da imagem fílmica por intermédio dos elementos visuais básicos, a psicologia das cores e o “universal contingente” de Bordwell, com enfoque na imagem por si. Para tanto trabalhou-se o processo de representação e tradução das formas apresentadas imageticamente, sem se fixar na subjetividade do indivíduo, no entanto sem ignora-la. A proposta trabalhou no campo da objetividade. Desta maneira o estudo se desenvolveu a partir de uma abordagem que apropriou-se da linguagem visual na perspectiva da narrativa, para analisar a performance visual do curta-metragem paraense “Matinta” produzido em 2010. O trabalho foi efetivado a partir de pesquisa bibliográfica e imagética relacionadas aos princípios da psicologia das cores de Eva Heller, o “universal contingente” de David Bordwell e Narrativa Visual de Bruce Block associada a pesquisa de campo. Os dados permitiram evidenciar que a construção da imagem foi estruturada a partir dos elementos visuais básicos levando a narrativa imagética do campo local para o global, estabelecendo uma relação com símbolos universais.

Palavras-chave: Narrativa visual, Cinema, Curta-metragem, Matinta, Amazônia.

 

O toque dos corpos em apartheid: o que Aloysio Raulino nos ensina com a fotografia de O tigre e a gazela

Andréa C. Scansani

A fotografia (e a direção) de O Tigre e a Gazela (1977) de Aloysio Raulino nos provoca aproximações humanas de uma sensibilidade cinematográfica rara, ao mesmo tempo em que nos coloca frente às impossibilidades de cruzar estratos de uma sociedade cindida pelo racismo. Neste trabalho, investigaremos algumas características da imagem, elaboradas pelo cineasta/fotógrafo, que corroboram com os pensamentos de Franz Fanon e Lima Barreto presentes no filme.

Palavras-chave: Aloysio Raulino, racismo, Franz Fanon, Lima Barreto

 

Festival de Curtas: Ampliando Olhares

Alerandra Lorena da Silva Fonseca, Síntia Simone de Sá

O objetivo do presente trabalho é relatar a experiência do desenvolvimento de um Festival de Curtas que aconteceu em uma escola da periferia de Brasília, que buscou ampliar o acesso às práticas artísticas voltadas para a Fotografia em Movimento, além de estimular a produção de arte por parte de estudantes do Ensino Médio. Este trabalho consiste em um estudo descritivo, no qual se buscou pontuar o caminho percorrido do planejamento à execução do Festival de Curtas. É preciso que haja comprometimento com a produção artística dentro das escolas, para que então os jovens se apropriem da fotografia como forma de expressão, manifestação e como ferramenta de trabalho. O trabalho busca mostrar a importância da produção audiovisual no desenvolvimento de estudantes do ensino médio. 

Palavras-chave: Produção de Curtas, Experiência Cinematográfica, Narrativas Visuais, Escola e Festival de Curtas.

 

"Meu Pedacinho de Chão" (2014) e a linguagem transmidiática na direção de fotografia

Lorrayne Bárbara Ferreira do Nascimento, Montez José Oliveira Neto

O trabalho busca analisar a direção de fotografia da telenovela brasileira "Meu Pedacinho de Chão" (2014), assinada por Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho, à luz dos estudos de transmídia e literatura para desenvolver um estudo da construção da fotografia na obra através de uma linguagem transmidiática que  envolve abordagens e estéticas do teatro, da animação, da ludicidade literária e do formato de realidade virtual dos videogames, comuns aos trabalhos de Luiz Fernando de Carvalho, como em "Hoje é Dia de Maria" (2005). A análise partirá do visionamento da novela e de pesquisa bibliográfica utilizando os conceitos de hibridismo transtextual por Renato Luiz Pucci Jr. (2008); linguagem transmidiática no audiovisual por João Carlos Massarolo (2011); relação entre literatura e cinema por Ismail Xavier (2003); atravessamentos da fotografia contemporânea no cinema por Antonio Fatorelli (2013) e as inovações nas telenovelas por Arlindo Machado (2000) e Rose Calza (1996).

Palavras-chave: Cinema e literatura; Direção de fotografia; Linguagem transmidiática; Meu Pedacinho de Chão; Telenovela brasileira.

 

O espectador jogador: a imagem em Hunger Games (2012) a partir da fábula

Fernando de Barros Honda Xavier

A compreensão do filme Hunger Games (2012) a partir da fabula tem como objetivo entender a construção de um possível espectador jogador por meio da imagem, portanto, para este estudo, será utilizada a compreensão de fábula (fabula no orig. inglês) proposta por David Bordwell (1985). O autor descreve a construção da estória por meio da comunicação constante entre estilo e syuzhet, isto é, a fabula é formada a partir das técnicas audiovisuais utilizadas em consonância com o enredo mostrado. O recorte de análise utilizado permeia a técnica visual utilizada no filme para o filme, assim, a hipótese é de que a fábula seja construída a partir de personagens que seriam tanto espectadores quanto jogadores.

Palavras-chave: Narração, Fábula, Espectador, Imagem, Personagem

 

Affonso Beato: entre câmeras, luzes e cores

ROGERIO LUIZ SILVA DE OLIVEIRA

A proposta aqui apresentada tem origem numa entrevista com o diretor de fotografia Affonso Beato, realizada no dia 13 de março de 2021. Em julho do mesmo ano, a transcrição da conversa iria compôr a seção reservada à Associação Brasileira de Cinematografia – ABC, no primeiro número da Revista Íris, uma publicação especializada e dedicada à direção de fotografia brasileira[1]. A preparação para aquele encontro virtual em torno de uma obra vasta e multifacetada revelou evidências singulares para o campo de estudos em cinematografia, pois a obra construída pelo fotógrafo serve como fio condutor de uma imersão na história da direção de fotografia no país. O texto aqui apresentado é uma partilha de impressões livres sobre a obra, apresentando um panorama de uma intensa atividade de cinematografia. O texto faz um movimento de observação por dentro da obra, apresentando um itinerário que vai desde os primeiros documentários, passando pelo Cinema Novo, pela obra de Pedro Almóvar por ele fotografados, até chegar na sua atuação como professor de cinematografia. A atenção, a todo instante, está concentrada na condição do perfil técnico deste diretor de fotografia. 


[1] https://www.iriscine.com/

Palavras-chave: Affonso Beato, Direção de fotografia, Técnica

 

Entrevista Bruno Polidoro: Cinematografia do filme A Nuvem Rosa

Cyntia Gomes Calhado

Diretor de fotografia há 15 anos, Bruno Polidoro fotografou 18 longas-metragens, que estrearam em importantes festivais como Sundance (“A Nuvem Rosa”, de Iuli Gerbase, 2021), IDFA: International Documentary FilmFestival Amsterdam (“5 Casas”, de Bruno Gularte Barreto, 2020), PÖFF: Tallinn Black Nights (“A Colmeia”, de Gilson Vargas, 2019), e Chicago Latino Film Festival (“Legalidade”, de Zeca Brito, 2019). Recebeu mais de 25 prêmios de melhor fotografia em festivais. Além do trabalho como fotógrafo, dirigiu curtas, um episódio para a televisão e um longa-metragem, e é professor do Curso de graduação em Realização Audiovisual da Unisinos. O objetivo da entrevista é abordar aspectos da cinematografia de A Nuvem Rosa e da trajetória de Bruno como diretor de fotografia.

Palavras-chave: A Nuvem Rosa, Bruno Polidoro, Cinematografia, Diretor de Fotografia, Diretores de Fotografia Brasileiros

 

O LEGADO DE ANTÔNIO LUÍS MENDES PARA O CINEMA DE SERTÃO: entrevista com o diretor de fotografia e imagens de três filmes.

Ronald Souza de Jesus

Esse ensaio traz uma entrevista realizada em 2015 com Antônio Luiz Mendes, diretor de fotografia, sócio emérito da Academia Brasileira de Cinematografia, falecido em 1 de janeiro de 2021, acometido por COVID-19. Ao longo de sua carreira, Antônio Luiz realizou dezenas de longas-metragens, sempre com fino trato de câmera e atenção para a realização da iluminação dos projetos nos quais colaborava. Como forma de homenagem, proponho uma leitura sobre três filmes por ele cinematografados, intercalando essas imagens com os relatos do fotógrafo sobre sua atuação no Cinema de Sertão: Lamarca (dir. Sérgio Resende, 1994), em um relato baseado em fatos reais que narra a história de um desertor e guerrilheiro que morre no Sertão da Bahia; Guerra de Canudos (dir. Sérgio Resende, 1997), baseado no conflito ocorrido no Sertão Baiano no final do século XIX e obra que integra a produção cinematográfica da Globo Filmes e a tradição da adaptação do cinema para a televisão (o filme foi dividido em 4 capítulos e exibido pela Rede Globo entre 16 e 19 de dezembro 1997, às 23h (XAVIER, 2015, s/p); e Lua Cambará – Nas escadarias do Palácio (dir. Rosemberg Cariry, 2002), que narra sob a forma da ficção um possível passado da cidade fantasma de Cococi / Sertão dos Inhamuns – CE.

Palavras-chave: Cinema de Sertão; Antônio Luís Mendes; Covid-19.

 

Escrever com o movimento: Um estudo sobre o ensino da cinematografia

Jean Vargas

O artigo busca compreender uma melhor forma para que o ensino da cinematografia no ensino superior se adeque ao avanço tecnológico do cinema digital e como isso tem afetado a posição dos diretores de fotografia numa produção cinematográfica. Para isso, utiliza-se como referência o processo criativo do diretor de fotografia polonês Piotr Sobocinski Jr. e a forma como ele cria uma identidade visual a partir de um roteiro, bem como sua participação em todo o processo de criação de uma obra. Aplica-se a Teoria dos Cineastas como metodologia para tal estudo, buscando entrevistas que corroborem com as hipóteses levantadas além da análise do filme Corpus Christi em que atua como diretor de fotografia.

Palavras-chave: Direção de Fotografia; Piotr Sobocinski Jr; ensino de cinema; cinema

 

SOMBRA E LUZ SOBRE O VENTRE: AS PLISSAS, AS MÃOS E AS FLORES

Silvaneide Dias da Silva, Rogério Luiz Silva de Oliveira

Esta proposta se desenvolve com o objetivo de reflexionar a memória como sobrevida das ninfas nas personagens Contessina de Medici, interpretada pela atriz Annabel Scholey e Lucrecia de Medici, Valentina Bellè, no seriado Medici: Masters of Florence, lançado em 2016 com direção de Sergio Mimica-Gezzan e com direção de fotografia de Vittorio Omodei Zorini. Para tanto, observaremos momentos específicos das personagens na série, onde os plissados dos vestidos aparecem dentro dos enquadramentos, ornados pela sombra e pela luz. Utiliza-se como embasamento teórico os autores Georges Didi-Huberman e Aby Warburg. Para esses estudiosos e críticos da imagem a sobrevivência das personagens femininas arcaicas aparecem como sintomas em seus retornos na arte Renascentista.  Desse modo torna-se importante observar como algumas produções artísticas contemporâneas, revelam traços do passado coexistindo com o presente, tendo agora como alicerce plástico a direção de fotografia, que na utilização dos recursos técnicos e criativos propõe uma distinção na forma presente da imagem em relação ao modo como esta era composta no passado. Se na antiguidade pagã e no Renascimento essas formações nos corpos femininos se davam pela plasticidade da poesia e na pintura, agora elas se apresentam na imagem em movimento.  Pretendemos no presente estudo lançarmos mão da obra Primavera (1482) de Botticelli e da poesia de Ovídio para analisarmos como o reaparecimento das plissas apresenta o sintoma das ninfas da antiguidade Pagã no seriado Medici: Masters of Florence

Palavras-chave: Enquadramento: sombra, luz, Memória, Sobrevivência

 

Carpenter disse: “Haja luz!”, e ele viu que a luz era maléfica.

ANTOINE NICOLAS GONOD D'ARTEMARE

Resumo: O presente ensaio tem por hipótese de que existiria uma forte tendência cristã do pensamento da luz na fotografia de cinema ocidental — tendência essa que enxergarmos como um sintoma da colonização de nosso imaginário luminoso. Para defender essa ideia, analisaremos a fotografia de filmes como Fausto (1926) e Os outros (2001) que colocaremos em paralelo com o estudo de passagens de textos religiosos e teóricos (em particular a partir dos trabalhos de Marie José Mondzain e de Frantz Fanon)— no intuito de compreender de que maneira a luz poderia, no cinema, ser encarada como um instrumento de subjetivação e de vigilância dos espectadores. Por fim, contemplaremos algumas proposições estéticas, de filmes como Vidas secas (1963) ou A bruma assassina (1980); assim como proposições teóricas, a partir dos escritos de Crary e de Édouard Glissant — para pensar de que forma poderíamos traçar possíveis pontos de fuga para descolonizar nosso pensamento da luz no cinema.

Referências

CRARY, J. 24/7 Capitalismo tardio ou os fins do sono. São Paulo: Ubu Editora, 2016.

FANON, F. Pele Negra, Máscaras brancas. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

GLISSANT, Édouard. Pela opacidade. Revista Criação & Crítica, 2008. , p. 53–55.

MONDZAIN, M.-J. Imagem, ícone, economia. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 2013.

Palavras-chave: fotografia, luz, cristianimo, colonialidade

 

As imagens das resistências: Estudo da cinematografia nos filmes Eymofe e Isso não é um enterro é uma ressurreição.

Laiz Maria dos Santos de Mesquita Souza

Este artigo propõe uma investigação acerca da cinematografia de Eymofe (Nigéria, 2020, Dir: Arie Esiri e Chuko Esiri) e Isso não é um enterro é uma ressureição (Lesoto, 2019, Dir: Lemohang Jeremiah Mosese). Ambos os filmes africanos e que trazem como temática a resistência de seus protagonistas, seja diante do luto ou da desigualdade socioeconômica. Neste sentido, pretende-se observar a relação entre fotografia cinematográfica e os atos de resistência existente nos filmes a partir das noções de Baxandall (2006) e Bordwell (2008; 2013) acerca da investigação do par problemas-soluções.

Palavras-chave: Cinematografia; Fotografia cinematográfica; Direção de fotografia; cinemas africanos.

 

Notturno: documentário que atravessa o silêncio

JULIA DORNELES TROMBINE

Trata-se de uma perspectiva analítica do documentário Notturno (2020), a partir do olhar cinematográfico do diretor Gianfranco Rosi sobre o Oriente Médio. A presente crítica cinematográfica tem como objetivo pensar a construção narrativa com enfoque na potência do cinema enquanto arte e sua relação direta e estreita com a fotografia ao (co)relacionarmos as imagens. No campo dos estudos sobre o cinema documental e dada a dimensão política deste filme, com subjetividade e pouca descrição narrada, é um documentário de caráter fotográfico que explora em tela além das divisões geográficas e das narrativas hegemônicas ou ficcionais quando se pensa nos deslocamentos forçados realizados nas últimas décadas. A partir de uma configuração de escolhas técnicas, o diretor-fotografo retrata a vida de sujeitos que não se encontram ao enquadrar as fronteiras do Curdistão. Narrativa imagética de paisagens sufocantes que referência a vida social em diferentes esferas e gestos estéticos, entre outras associações e atravessamentos simbólicos gravados ao longo de três anos entre Síria, Iraque e Líbano. Notturno aborda tanto a guerra como o que resta dela ao enquadrar a problemática dos deslocamentos humanos. 

Palavras-chave: Documentário, Notturno, Gianfranco Rosi, Fotodocumental, Refugiados, Migrações, Oriente Médio

 

Matriz Já Visto Jamais Visto

Fernanda Andrade Fachin

Este vídeo-ensaio propõe um arranjo e uma intepretação das imagens do filme Já Visto, Jamais Visto (Andrea Tonacci, 2013), através de um exercício multi tela que toma contornos comparativos: a ideia é identificar recorrências de movimentos de câmera, de enquadramentos, de espaços e ações, sugerindo elos ou paralelos possíveis na estrutura do filme, contrapor planos a partir de suas correspondências e conflitos gráficos ou dinâmicos, e evidenciar o ato de filmar e a inscrição do cineasta no fluxo das imagens.  É possível encontrar, nas imagens desse filme, um breve inventário dos usos de um Tonacci perscrutativo?

Palavras-chave: Andrea Tonacci, fotografia, movimento

 

A direção de fotografia na produção do espaço-tempo fílmico de “o orvalho e o rio”

Leonardo Pinheiro, João R. Peralta

O presente trabalho analisa como a concepção e a implementação de um plano cinematográfico (mise-en-scene, desenho de iluminação e a movimentação de câmera) influencia na instauração do espaço-tempo fílmico. Buscamos compreender os modos como a atmosfera, criada com a ajuda da fotografia, se insere no estabelecimento de micro-universos onde possibilitam ou tornam (im)possíveis uma narrativa. Partimos da análise do planejamento da direção de fotografia do filme o orvalho e o rio (2021) para investigar como se dá a transição entre a fase de pré-produção para a realização da obra, a partir da perspectiva da relação do tempo e imagem cinematográfica apresentada por Tarkovski (1990) em Esculpir o tempo. Em um diálogo entre direção e direção de fotografia debruçamo-nos sobre um plano sequência do filme, passando pela decupagem, mise-en-scene e composição, planejamento de luz, maquinaria, movimentação e operação de câmera e foco, para entender o processo de filmagem de toda obra, tendo em vista os desafios e desdobramentos da realização cinematográfica de baixo orçamento.

Palavras-chave: direção de fotografia, espaço-tempo fílmico, imagem cinematográfica

 

As dilatações espaço-temporais e as práticas fotográficas na telenovela indiana Karmaphal Daata Shani (2016-2018)

Felipe Corrêa Bomfim

Este estudo discute um conjunto de práticas adotadas no campo da direção de fotografia para mobilizar as dilatações espaço-temporais na telenovela indiana Karmaphal Daata Shani (2016-2018), produzida pela Swastik Productions e a emissora televisiva indiana Colorstv. Tomamos, como ponto de partida, análises sobre a construção dos planos em sequências específicas de dois segmentos da telenovela Karmaphal Daata Shani, que narram o afastamento e o reencontro das personagens de Chhaya (Juhi Parmar) e Shani (Kartikey Malviya e Rohit Khurana), respectivamente, mãe e filho no panteão de deidades hindus. Buscamos elencar recursos particulares à cinematografia – como o uso de slow motion, intensa repetição de close ups, uso de travelling laterais e frontais, entre outros - a fim de descortinar a maneira como tais práticas articulam a desconstrução do espaço físico da cena para um desdobramento de um espaço mais interno da trama, dotado de extrema carga emocional e memória, particular à relação entre as duas personagens. Sendo assim, esta pesquisa – ainda uma tímida aproximação ao vasto universo das telenovelas indianas – aponta para uma reflexão sobre as práticas particulares à direção de fotografia e a maneira como tais usos possibilitam subsídios para a ressignificação e a dilação do tempo e espaço, caras à produção recente de telenovelas indianas realizadas pela emissoras Colorstv a partir da segunda metade da década de 2010, com direção e produção de Siddharth Kumar Tewary desde Karmaphal Daata Shani (2016-2018), passando por Mahakaali – Anth Hi Aarambh Hai (2017-2018), até Ram Siya Ke Luv Kush (2019-2020).

Palavras-chave: Telenovela, Direção de fotografia, Telenovela indiana, Slow motion, Close up

 

Cinematografia em cena noturna: a experiência de Alziro Barbosa

Aline de Caldas, Matheus Andrade

Esse trabalho apresenta uma entrevista feita com o fotógrafo e professor Alziro Barbosa a respeito da experiência dele como diretor de fotografia em cenas noturnas. As questões colocadas abordam o saber-fazer cinematográfico, visando o modo como ele pensa e materializa fotograficamente uma noite no cinema. Trata-se de um repertório de estratégias composto por formas de iluminação, truques de filmagem, profundidade cromática e uso de equipamentos para a construção da atmosfera noturna de um produto audiovisual. O recorte recai sobre a conjunção de fatores técnicos, estéticos e criativos necessários à realização da plasticidade das imagens para as cenas noturnas.

Palavras-chave: cinematografia, Alziro Barbosa; cena noturna; noite; cinema

 

Emmanuel Lubezki: o contragolpe do naturalismo na cinematografia

Prof. Dr. Edvaldo Siqueira Albuquerque;

A fotografia cinematográfica primordial se fundou dependente da luz natural. Tanto Edison quanto os Lumière tiraram o sol da cartola para imprimir as primeiras imagens fotoquímicas na prata, de tal forma, que durante as primeiras décadas de vida, o palco das cenas do cinema orbitou em torno da busca pelo sol. Um dos primeiros estúdios, o Black Maria, tinha rodinhas em sua base, a fim de direcionar a luz para os atores. Podemos inferir que o naturalismo fotográfico afastou a peneira do tempo e deixou a luz solar marcar a grande maioria dos filmes, enquanto a indústria se formava em torno da ideia de fabricar um sol particular no estúdio ( a luz artificial ). Salvo o empreendimento do Neo realismo italiano, grande parte da indústria se criou negando o sol sem controle e a luz natural não "dimmerizável". A estética do naturalismo foi gradativamente sendo relegada, em detrimento da sofisticação das lâmpadas e refletores. E assim, o cinema analógico negou o sol. Quando o digital se tornou possível e os fotógrafos passaram a enxergá-lo como viável, uma experiência individual pontuou como de retorno à luz solar: a do fotógrafo mexicano Emmanuel Lubezki. Ao retirar de cena a nuvem pesada do realismo, este cinematographer realizou uma boa quantidade de filmes "sem acender uma lâmpada", como costuma dizer. Mesmo vivenciando experiências de grandes produções, iluminando atores e atrizes prestigiados, Lubezki privilegia a janela no indoor do cinema digital atual, o que imprime um novo pensar sob o signo do sol.

Palavras-chave: Cinematografia; Filosofia; Estética; Fotografia; Digital;

 

Diretoras de fotografia: produção e difusão de dados e filmes para o combate à desigualdade de gênero no cinema brasileiro

Ana Carolina da Silva Figueira

Nesta comunicação, pretendo apresentar meu trabalho como bolsista de Iniciação Científica do projeto “Diretoras de fotografia: produção e difusão de dados e filmes para o combate à desigualdade de gênero no cinema brasileiro”, desenvolvido pela Profa. Dra. Marina Tedesco, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ. Minha atuação se insere em um projeto homônimo, maior, financiado pela mesma instituição no âmbito do Edital Jovem Cientista do Nosso Estado, e tem por objetivo construir e publicizar um banco de dados online e gratuito contendo diversas informações sobre as diretoras de fotografia (DF) de longas-metragens do país. Ao reunirmos esses dados em um único lugar, avançamos na compreensão de quem são as fotógrafas de cinema no Brasil e subsidiamos ações e políticas públicas contra a desigualdade de gênero no cinema brasileiro. Como bolsista, sou responsável por organizar em tabela desenvolvida pela equipe de TI do projeto informações coletadas desde 2014 sobre as DFs e as produções em que atuam. São elas: o filme, seu ano de lançamento, sua bilheteria, seu orçamento, sua sinopse, seu gênero narrativo, seu cartaz, seu diretor e sua diretora de fotografia. Da DF, teremos seu nome de nascimento, seu nome artístico, estado de origem, sua formação, sua foto, minibiografia e sua raça. Também é minha responsabilidade manter a tabela sempre atualizada, o que exige um enorme esforço de pesquisa, posto que elas se encontram dispersas e nem sempre públicas, em especial com o desmonte da Agência Nacional do Cinema.

Palavras-chave: direção de fotografia, fotógrafas, desigualdade de gênero, iniciação científica, banco de dados.

 

Walter Carvalho, a direção de fotografia e a construção poética das imagens na teledramaturgia

Ana Carolina Roure Malta de Sá

Arlindo Machado (2010, p.16), em Arte e Mídia, é enfático ao afirmar que o verdadeiro artista é aquele que se utiliza dos meios de seu tempo, sem se submeter aos “modos estandardizados de operar e de se relacionar com as máquinas”; mas que, ao contrário, “busca se apropriar das tecnologias mecânicas, audiovisuais, eletrônicas e digitais numa perspectiva inovadora, fazendo-as trabalhar em benefício de suas ideias estéticas”. É justamente nesse sentido que Walter Carvalho se lança nas mais diversas produções em que atua como diretor de fotografia. Seja no cinema, seja na televisão, é a preocupação com a construção poética das imagens que o impele a se apropriar da técnica de modo a ressignificar suas finalidades e funções em favor da experimentação, transformando, assim, a tecnologia em um território de invenção. Neste estudo, buscaremos pensar o trabalho de direção de fotografia de Walter Carvalho no contexto da televisão brasileira aberta, a partir das experimentações estéticas com a linguagem teledramatúrgica, principalmente, na minissérie O Canto da Sereia e na telenovela O Rebu. Pretendemos investigar de que modo o aspecto da criação e o diálogo intermidiático, sobretudo com cinema e com a pintura, terminam por possibilitar rupturas com uma linguagem televisiva convencional, promovendo uma articulação entre teledramaturgia e linguagem poética, o que nos permitirá refletir sobre as possibilidades artísticas da televisão brasileira aberta.

Palavras-chave: Walter Carvalho, direção de fotografia, teledramaturgia, linguagem poética, intermidialidade

 

Pedra sobre Pedra: direção de fotografia e realismo mágico à brasileira em uma telenovela

Marina Cavalcanti Tedesco, Diego Paleólogo Assunção

"Pedra sobre Pedra" foi uma telenovela exibida pela primeira vez em 1992, pela Rede Globo, em horário nobre. Desde então, foi reprisada pela própria emissora e também por outros canais no Brasil e no exterior. 

Trata-se de uma coprodução com a Rádio e Televisão de Portugal, mas seu universo se encaixa perfeitamente em diversos estereótipos de brasilidade, os quais foram difundidos pelo canal em outras produções do período. Na fictícia Resplendor, cidade pequena e rural do interior de um indefinido Nordeste, famílias tradicionais brigam pelo domínio da política local. Tudo é muito "regional", ao mesmo tempo que funciona como um microcosmo do país.

Um dos elementos mais marcantes de "Pedra sobre Pedra" foi seu "realismo mágico à brasileira". Ainda hoje, 30 anos depois, o sedutor Jorge Tadeu, cujo corpo recém morto foi cercado por borboletas e que aparecia para saudosas mulheres que comiam "sua flor" (um antúrio branco),é um personagem famoso. Mas havia também Dona Quirina, a mais velha dos Batista que se lembra de episódios da época da coroação de Dom Pedro, e Sérgio Cabeleira, que a lua tentava levar consigo a cada primeira noite de lua cheia.

Excetuando Dona Quirina, cujo realismo mágico aparecia basicamente nas falas, as erupções de realismo mágico com Jorge Tadeu e Sérgio Cabeleira eram conformadas pelo trabalho em consonância da narrativa com a montagem, a trilha sonora e a fotografia. Nesta comunicação, apresentaremos as características dessa "fotografia de realismo mágico" a partir de uma análise geral da telenovela e de algumas sequências representativas.

Palavras-chave: Pedra sobre Pedra, telenovela, direção de fotografia, realismo mágico

 

A vida e a lama: da imagem estática à cinematografia

Pablo Silva de Souza, Murilo Ribeiro dos Santos, Rogério Luiz Silva de Oliveira, Paloma de Oliveira Brito

O presente trabalho tem o objetivo de compartilhar reflexões sobre o processo criativo do documentário “A vida e lama”, realizado por estudantes do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, como um dos desdobramentos do projeto de pesquisa “Imagem e Memória: a técnica, o vestígio e a ruína”, desenvolvido na instituição. Neste relato, propõe-se refletir particularmente a respeito do trânsito entre imagens estáticas e em movimento, tentando compreender de que maneira fotografias fixas podem inspirar a criação de imagens num procedimento de cinematografia. Neste sentido, o objeto estabelecido para esta reflexão é constituído, por um lado, pelas imagens e pela entrevista concedida pela fotógrafa Alice Drummond Andrade, que participa do documentário relatando sua experiência como criadora de imagens diante da tragédia de Brumadinho – MG, a partir do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em 25 de janeiro de 2019. Por outro lado, a intenção é refletir sobre o modo como as imagens estáticas inspiraram o desenvolvimento de um dispositivo imagético (em movimento) dentro do próprio documentário. Neste caso, a ênfase é voltada para uma das camadas do documentário, em que a equipe constrói um álbum de fotografias que ganha movimento dentro da narrativa. A intenção, desse modo, é compartilhar as especificidades do registro destas imagens em movimento à luz dos princípios de cinematografia, já que é possível notar o quanto estas imagens têm seu ponto de maior força expressiva no que diz respeito aos aspectos da direção de fotografia.

Palavras-chave: Documentário, Fotografia, Cinematografia, Imagem

 

Título: Imagens da lama: entre cinematografia e experimentação.

Ravi Nery Araújo, Rodrigo de Novaes Eliseu, Letícia de Araújo da Hora, Larissa Lima Silva

A proposta aqui apresentada propõe uma relato sobre a produção de imagens em movimento para o documentário “A vida e a lama (2021)”, resultante do projeto de pesquisa “Imagem e Memória: a técnica, o vestígio e a ruína”, desenvolvido na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Interessa compartilhar o modo como a equipe elaborou uma estratégia criativa a fim de desenvolver camadas experimentais para compôr a narrativa. A intenção é apresentar o modo de produção (de forma remota), tanto no aspecto técnico quanto estético. Os smartphones utilizados para as filmagens serviram como ferramentas para a construção de uma narrativa metafórica, a partir da mescla entre imagens documentais e ficcionais. Das imagens que compõem o documentário, interessam, especialmente, duas das camadas experimentais. Nelas, fazendo uso de recursos de cinematografia, como a movimentação, o enquadramento, e a iluminação, estão plasmados imageticamente entendimentos a respeito das tragédias ocasionadas pelos rompimentos das barragens de Mariana - MG, em 5 de novembro de 2015, e de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Por meio deste relato reflexivo, propõe-se apresentar o modo como a relação entre cinematografia e experimentação resulta na construção de elementos para a narrativa audiovisual. O relato também objetiva compartilhar o caminho de estudo sobre desdobramentos imagéticos acerca das duas tragédias em questão e o modo como isso inspirou a criação de outras imagens em movimento.

Palavras-chave: Cinematografia; Ruínas; Memória; Criação.

 

A imagem que falta: um estudo sobre a realização documental a partir da direção de fotografia como concepção e método em Kawaiweté Invadidos

Luís Martins Villaça

Esta comunicação apresenta os resultados iniciais de uma pesquisa de doutorado sobre direção de fotografia no campo do documentário brasileiro de temática indígena. O objeto de estudo da tese, que se desenvolve no Programa de Pós-Graduação em Meio e Processos Audiovisuais (ECA-USP), na linha de Poéticas e Técnicas, é a realização da direção de fotografia no filme de longa metragem documentário Kawaiweté Invadidos, em elaboração concomitante a esta pesquisa, cuja direção é assinada por Iawareté Kaiabi - o Jaguar - jovem cineasta xinguano. O filme explora os conflitos individuais e familiares de Iawareté com seu pai, Mairatá, que há alguns anos optou por seguir um caminho religioso diferente da cultura original dos Kaiabi. A partir de uma revisão bibliográfica sobre o tema da narrativa visual, busco estudar e discutir o processo de criação para este filme que está prestes a ser rodado no território indígena do Xingu, processo esse desenvolvido em parceria com Jaguar. O título A imagem que falta remete à hipótese inicial de que todo processo de criação e realização baseia-se em uma busca imaginativa, que nem sempre se realiza.

Palavras-chave: cinema documentário, cinematografia, cinema indígena, direção de fotografia

 

Reflexões sobre a câmera na obra de Gianfranco Rosi e um olhar sobre “Notturno”

Filipe Brito Gama

Gianfranco Rosi é um documentarista de destacada trajetória, com obras de notório destaque em grandes festivais, recebendo diversos prêmios. Em uma análise mais geral do conjunto de seus filmes, percebemos ampla variedade nos processos de abordagem dos temas, interferindo na forma como o sujeito-da-câmera representa aquele determinado contexto e espaço. Uma das questões mais intrigantes em seus documentários está no modo de produção, associado ao acúmulo de funções pelo próprio Rosi, entre elas a de direção e direção de fotografia, eventualmente também captando o som e produzindo, , experiência nada incomum na história do documentário. Essa forma de filmar exige a construção cuidadosa de estratégias de abordagens, entre escolhas técnicas e estéticas. O presente ensaio tem como objeto traçar um breve panorama da obra de Rosi, observando especialmente a atuação da câmera e construção das imagens, e de forma mais específica, tratar sobre a fotografia do documentário "Notturno" (2020), diante dos desafios e escolhas relativas ao enquadramento e, em especial, a questão da iluminação, construindo quadros de forte impacto na construção narrativa e no estabelecimento da atmosfera pretendida pelo diretor para o filme, uma obra que apresenta um olhar apurado sobre os conflitos e o cotidiano nas fronteiras entre Iraque, Curdistão, Síria e Líbano.

Palavras-chave: Documentário, câmera, fotografia

 

Das janelas de exibição às diretoras de fotografia no Centro-Oeste (2015-2019)

Thaynara Ayres Rezende, Profa. Dra. Conceic?a?o de Maria Ferreira Silva (Ceic?a Ferreira)

Considerando a escassez de referências bibliográficas e de um mapeamento de diretoras de fotografias; e a partir dos dados de filmes exibidos em oito festivais e quatro mostras competitivas e não-universitárias realizadas no Centro-Oeste, este trabalho busca fazer um breve levantamento de mulheres que atuam na direção de fotografia cinematográfica na região no período de 2015 a 2019. Metodologicamente nos ancoramos em aporte teórico que discute a produção audiovisual sob uma perspectiva de gênero (ALVES, COELHO, 2015; ANCINE, 2017, 2018; CANDIDO et al., 2014; HOLANDA, TEDESCO, 2018) e orienta essa investigação também marcada por desigualdades regionais.

Palavras-chave: cinema no Centro-Oeste; diretoras de fotografia cinematogra?fica; teoria feminista; mulher no cinema.

 

Imagens da Liberdade e Prisão no Documentário Socorro Nobre

Julianna Nascimento Torezani

A direção de fotografia tem o papel de transmitir sensações e emoções através da imagem. Este trabalho aponta estes aspectos a partir do documentário Socorro Nobre (Walter Salles, 1995) com o objetivo de analisar a cinematografia da obra em função da composição das imagens que tratam sobre a liberdade e a prisão. Através de uma pesquisa documental, observa-se que a produção audiovisual se divide em partes para apresentar as histórias de Frans Krajcerb e Socorro Nobre em seus ambientes de moradia no ano de 1995. Resulta em revelar que os enquadramentos, movimentos de câmera e iluminação escolhidos pelo diretor de fotografia Walter Carvalho tem a função dramática, estética e narrativa representando os sentimentos de liberdade e aprisionamento. A luz e a sombra apresentam os sentimentos dos personagens, em que são narrados seus sofrimentos, perdas, ideação suicida por um lado, mas também esperança, resiliência e recomeço por outro lado.

Palavras-chave: Direção de fotografia, Documentário, Socorro Nobre.

 

Mise-en-scène e subjetividade: A cor do “Dragão” na cinematografia de Affonso Beato

Tiago Mendes Alvarez

O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), filme dirigido por Glauber Rocha, com cinematografia de Affonso Beato, tornou-se um marco na história do cinema brasileiro. Realizado em plena ditadura militar, o “Dragão” – abreviação dada ao filme pelos seus realizadores, traz, por meio de suas vicissitudes imagéticas, inúmeras questões subjetivas. Considerada a primeira investida de Glauber no cinema colorido, as cores desta obra cinematográfica transcendem a ideia de realismo e se apresentam na mise-en-scène como uma espécie de método estilístico mediado pela direção de fotografia. Neste contexto, este artigo pretende expor aspectos denotativos e conotativos da cromaticidade fílmica, e os possíveis modos de atenção sugeridos a partir das relações ocorridas entre direção, direção de fotografia e direção de arte.

Palavras-chave: Cor, cinematografia, mise-en-scène, ditadura, subjetividade.

 

A fotografia como instrumento de construção do olhar infantil no curta-metragem Aluap (1997)

Pedro Henrique Cardoso Joaquim

Neste ensaio analisaremos a fotografia do curta-metragem argentino Aluap (1997). Vamos compreender como a escolha de planos, texturas, iluminação e movimentos de câmera contribuem para construir a memória de um infância marcada pela repressão da última ditadura militar argentina (1976 – 1983). O cinema é uma potente ferramenta na construção imagética da memória infantil, ainda mais quando esta memória está relacionada a importantes eventos históricos de um país. E é através da cinematografia que as cores, as texturas e as lembranças de um passado histórico e traumático conseguem vir à tona.

Dirigido por Hernán Belón e Tatiana Mereñuk, e com fotografia de Alejandra Martin e Esteban Sapir, Aluap constrói uma festa de aniversário ao revés; uma celebração que está do avesso do início ao fim, assim como a infância daqueles que cresceram em meio ao terror em muitos países da América Latina ao longo da segunda metade do século XX. Dessa forma, analisaremos os aspectos técnicos e estéticos da imagem do curta-metragem que é objeto de nosso ensaio e, assim, compreenderemos como a fotografia desempenhou uma função fundamental em sua narrativa.

Palavras-chave: fotografia, cinematografia, infância, aluap

 

A noite de Sin City: apontamentos sobre cinematografia

Paulo Souza dos Santos Júnior, Matheus Andrade

Sabe-se que a digitalização da cinematografia ampliou as possibilidades criativas para a feitura da imagem dos filmes. Desta feita, o presente trabalho consiste numa observação analítica do processo de produção das cenas noturnas do filme Sin City - a cidade do pecado (Robert Rodriguez, 2004, EUA). Para se aproximar da visualidade da HQ, o cineasta recorreu à técnica de chroma key, gerando imagens de uma noite cinematográfica de alto contraste, em preto e branco. Com isso, imprimiu-se na tela uma atmosfera notívaga semelhante à estética quadrinesca de referência, levando as cenas noturnas a uma visualidade cinematograficamente marcante.

Palavras-chave: Cinematografia digital; Cena noturna; Sin City; Chroma key; direção de fotografia.

 

Doity Plataforma de Eventos - Relatório de resumo de trabalhos - 19/04/2022 09:43:47

Thata Oz

Rede Globo de Televisão


Thata Oz é bacharel em cinema e operadora de câmera ha 11 anos na tv Globo. Trabalhou em curtas, novelas, comerciais, shows, realitys e programas ao vivo.

Agda Aquino

UEPB/UFPB


Agda Aquino é professora de fotografia do curso de Jornalismo da UEPB e do curso de Cinema e Audiovisual da UFPB. É jornalista com doutorado em Educação, onde desenvolveu uma tese sobre o ensino de fotografia nos cursos de Jornalismo do país. Além da docência em fotografia, tem experiência na fotografia documental, de moda e experimental, retratos, shows, exposições fotográficas, curadorias e comissões julgadoras de concursos fotográficos. É autora do livro Lições de fotografia para fazer em casa: técnicas, composição a criatividade.

Walter Carvalho

Rede Globo de Televisão


Minibio: Walter Carvalho é fotógrafo, diretor de fotografia no cinema e na televisão e cineasta. Ainda no início da carreira, foi assistente de fotógrafos importantes como José Medeiros, Dib Luft e Fernando Duarte. Hoje, é um premiado diretor de fotografia, conhecido por seu trabalho em filmes emblemáticos como Terra Estrangeira (Walter Salles e Daniela Thomas, 1995), Central do Brasil (Walter Salles, 1998), Lavoura Arcaica (Luiz Fernando Carvalho, 2001), Madame Satã (Karim Aïnouz, 2002), Amarelo Manga (Cláudio Assis, 2002), Carandiru (Hector Babenco, 2002), entre outros. Enquanto cineasta, dirigiu filmes como Moacyr Arte Bruta (2005), Budapeste (2009), Raul – o início, o fim e o meio (2012), Um filme de cinema (2015); e codirigiu as produções Janela da Alma (João Jardim, 2001) e Cazuza – o tempo não para (Sandra Wernek, 2004). Na televisão, assinou a fotografia das telenovelas Renascer (1993), O Rei do Gado (1996), O Rebu (2014) e Amor de Mãe (2021), bem como das minisséries O Canto da Sereia (2013), Amores Roubados (2014), Justiça (2016), Nada Será Como Antes (2016), Onde Nascem os Fortes (2018). Atualmente, assina a fotografia da telenovela Pantanal, além de atuar na direção desta produção. Walter Carvalho também se destaca enquanto fotógrafo de still, participando de exposições fotográficas individuais ou coletivas.

Rosângela Fachel de Medeiros

Universidade Federal de Pelotas


Doutora em Literatura Comparada pela UFRGS (CAPES). Professora do Mestrado em Artes Visuais da UFPel. Idealizadora e codiretora do Festival Internacional de Videoarte SPMAV - FIVA SPMAV (UFPel) e do Festival Internacional de Videodança – FIVRS (UFPel/ECARTA). Integra a Comissão Executiva da Red Iberoamericana de Investigación en Narrativas Audiovisuales - RedINAV.

Alexandre Fructuoso

Rede Globo de Televisão


Alexandre Fructuoso é diretor de fotografia e membro da ABC. Entre os seus trabalhos como fotógrafo estão as telenovelas Velho Chico (2016), Deus Salve o Rei (2018), Orfãos da Terra (2019) e Um Lugar ao Sol (2021); as séries Dois Irmãos (2017), A Cara do Pai (2016) e Segredos de Justiça (2016). Também assinou a direção de fotografia dos filmes: A Floresta que se Move (2015) e Suburbanos – O Filme (2022).

Lílis Soares

Diretora de fotografia


Lílis Soares estudou Direção de Fotografia no Institut International de l’Image et du Son, na França, e Rádio e TV na UFRJ. Atuou em projetos voltados para mídia digital, publicidade, TV e cinema em países como Brasil, França, Rússia, Suíça, Itália, Angola, República do Congo e Benin. Fez a direção de fotografia do longa-metragem nigeriano "Mami Wata", com direção de C.J. Obasi, filme selecionado para o Festival Internacional de Veneza 2021 em projetos em pós-produção e atualmente estreou na Netflix, também como diretora de fotografia o longa-metragem “Um dia com Jerusa”, de Viviane Ferreira. Esteve a frente da direção de fotografia das séries de ficção (em finalização) Meninas do Benfica, de Roberta Marques e Fim de Comédia, de Jéssica Queiroz. Em 2021, fez parte da equipe de câmera da série “Sessão de Terapia”, de Selton Melo. Na Mostra Tiradentes de 2020, recebeu o Prêmio Helena Ignez, oferecido pelo Júri Oficial a um destaque feminino em qualquer função.

Além disso, dirigiu a fotografia dos curta-metragens "Novo Mundo", de Natara Ney e Gilvan Barreto, “Ilhas de Calor”, de Ulisses Arthur, "Minha historia é outra", de Mariana Campos, "Enraizadas", de Juliana Nascimento e Gabriela Roza, "Dentro", de Mariana Jaspe, “Simone “,  de Renato Cândido e da campanha "Ela decide" para a ONU, dentre outros. Lílis é professora de direção de fotografia da Academia Internacional de Cinema no Rio de Janeiro e ja ministrou cursos na escola de audiovisual da Vila das Artes em Fortaleza.

Samanta do Amaral

Colorista, DAFB/ABC


 Samanta do Amaral é formada em Comunicação Social pela Unesp. Com o diploma debaixo do braço, ganhou o mundo com um curta em 16mm, um desafio para um projeto em animação que resultou em passagens por importantes festivais, como o Anima Mundi.

Seu portfólio ganha novos contornos quando estreita a relação com a fotografia cinematográfica. A partir daí, acumula passagens pelos Estúdios Mega, Teleimage/Casablanca, Cinecolor Digital, do grupo Chile Films, DotCine e atualmente na Quanta Post

Entre trabalhos de color grading e colorista, assina trabalhos como o longa-metragem \\\"Piedade\\\" de Claudio Assis; o documentário ?Bixa Travesty?, sobre Linn da Quebrada, premiado pelo Festival de Berlim; \\\"Onisciente\\\", do showrunner Pedro Aguillera, a primeira série HDR da Netflix Brasil. Esses projetos pontuam uma carreira de mais de 14 anos pautada por longas e curtas metragens, séries e parcerias com importantes nomes do cinema nacional.

É membra do DAFB (Coletivo das diretoras de fotografia), da ABC (Associação Brasileira de cinematografia) e dá aulas sobre o uso da cor para as mais variadas produções audiovisuais