As Políticas de Ação Afirmativa no ensino superior público provocam na universidade a urgência de discutir os impactos do acesso e permanência da população negra neste espaço de produção científica. Há uma construção sócio-histórica que por muito tempo condicionou a população negra espaços inferiores e distantes daqueles que dizem respeito a produção de conhecimento negro, e principalmente sobre negros.

As marcas da desigualdade social, atravessada pela questão étnico-racial, se reflete no espaço acadêmico, uma vez que o espaço é uma extensão do contexto societário enraizado pelo racismo estrutural. O contraste entre a realidade de sujeitos cuja exclusão foi sempre a regra com a realidade de uma instituição responsável por teorizar cientificamente os motivos que legitimavam essa exclusão, não poderia se findar apenas com o ingresso desses estudantes (Alcântara, 2019).

De acordo com Santos (2009, p.89) “a universidade brasileira serviu de escola e de abrigo apenas para a elite branca que a criou”. Nestes termos, a condição de produção de conhecimento foi realizada única e exclusivamente por aqueles que tinham acesso ao espaço, sob o ponto de vista único dos mesmos.

A partir disso, recorda-se o momento em que Sueli Careiro (2005, p.96) chama atenção ao epistemicídio do conhecimento negro, destacando como a negação do acesso à educação, os mecanismos de deslegitimação do negro como portador e produtor de conhecimento e o rebaixamento de sua capacidade cognitiva, subjuga e mutila a capacidade de aprender, desqualificando as formas de conhecimento dos povos dominados de forma individual e coletiva.

Por entender a importância destas reflexões, o Seminário Enegrecendo a Academia: diálogos sobre as realidades de pesquisadores negros nas universidades brasileiras, se propõe a debater a importância da democratização dos espaços de produção de conhecimento de pesquisadores negros, reforçando a incansável luta antirracista no espaço acadêmico.