Minicurso Oline: Adaptações Intersemióticas de Clássicos da Literatura, do Analógico ao Digital: Propostas de Práticas Pedagógicas na sala de Aula

Ma. Izabel Cristina Barbosa de Oliveira - IFAL e Me. Ronaldo Miguel da Hora - Marinha do Brasil

O presente curso busca abordar obras literárias clássicas e propor possibilidades de adaptações intersemióticas em sala de aula com o auxílio de recursos tecnológicos analógicos e digitais. As adaptações intersemióticas estão presentes mais do que nunca em nossas vidas, é incontestável sua expansão de domínio em algumas áreas, como no cinema. Brito (2006, p. 143) expõe que “na história do cinema o número de adaptações ultrapassa em muito a quantidade de filmes com roteiros originais”. As adaptações intersemióticas em sala envolvem os estudantes de maneira ativa, levando-os a aprofundar seu conhecimento sobre a leitura literária, a fim de conseguir fazer as adaptações pertinentes e necessárias referentes ao texto original. Oliveira e Oliveira (2019, p. 98) explicam que “as práticas intersemióticas se configuram como processos ativos de interrelacionamentos entre as obras literárias, seus leitores e outras formas expressivas do pensamento, em tipologias textuais diferentes. Acreditando que todo texto pode ser revisitado e reconstruído com a incorporação de outros itens, as adaptações intersemióticas permitem sermos co-autores dos textos literários a partir da reconstrução, com novos suportes, destas histórias, desde clássicos literários até mesmo músicas compostas por diversas bandas. Este processo de constante diálogo e reinvenções são praticamente inesgotáveis, pois sabemos que as adaptações têm sido frequentes em nossa contemporaneidade, abrangendo múltiplas linguagens, como o cinema, a televisão, as histórias em quadrinhos e, recentemente, as mídias digitais, que veiculam conteúdos como audiobooks de livros clássicos e contemporâneos como uma forma de contato com a literatura, por meio da oralidade, à qual muitas vezes se acrescentam imagens estáticas ou animadas. No campo de estudos sobre Literatura Comparada e Intertextualidade, de acordo com Perrone-Moysés (2006, p. 94) “a literatura se produz num constante diálogo de textos, por retomadas, empréstimos e trocas [...] a literatura nasce da literatura; cada obra é uma nova continuação, por consentimento ou contestação, das obras anteriores, dos gêneros e temas já existentes. Escrever é, pois, dialogar com a literatura anterior e com a contemporânea”. Assim, a leitura de textos literários não ser deve vista como algo estático, homogêneo e inerte, incapacitando o leitor a produzir, com outras semioses, novas releituras e produções/adaptações. A leitura dialogada aponta “a leitura intertextual. Essa leitura, por sua natureza, estabelece uma diferença com base na semelhança, indo na contracorrente da atribuição de um caráter homogêneo à produção artística” (LUIZ, 2021, p. 59). Dessa forma, acatamos a ideia de Leitch (1983) de afirmar que todo texto é intertexto, pois ele não é um objeto autônomo ou unificado, mas um conjunto de relações com outros textos. Sua “genealogia” é necessariamente uma rede incompleta de fragmentos emprestados conscientes e inconscientes. Por isso, é notório o quanto as adaptações têm se adequado às novas mídias, reestruturando textos-base para melhor recepção de um determinado público, seja para atender a uma demanda editorial ou mercadológica, seja para garantir a sobrevivência desses textos diante das novas linguagens que surgem no decorrer do tempo. Os objetivos deste trabalho são: propor adaptação intersemiótica com recursos analógicos e digitais em sala de aula; refletir sobre os benefícios destas adaptações para a formação de leitores; e demonstrar in loco algumas adaptações possíveis. Para tanto, primeiramente faremos uma exposição dialogada com o suporte teórico necessário para embasar a nossa prática. Em seguida, serão apresentadas diversas adaptações, com a utilização de recursos analógicos, além de trabalhos adaptados com ferramentas digitais. Outrossim, serão analisadas algumas características multimodais de cada adaptação trabalhada na oficina, para se debater sobre os benefícios destas adaptações para o estímulo da leitura. Por fim, os participantes poderão, em grupo, desenvolver suas próprias adaptações com os textos propostos.
 
REFERÊNCIAS
 
BRITO, João Batista de. Literatura no cinema. São Paulo: Unimarco, 2006.
LEITCH, V. B. Deconstructive Criticism: an advanced introduction. New York: Columbia University Press, 1983.
LUIZ, T. M. A relevância da intertextualidade para os estudos de adaptação. Sociopoética, Campina Grande, v. 23, n. 2, p. 58-68, 2021.
OLIVEIRA, Leni N.; OLIVEIRA, Rosanna C.S. Práticas intersemióticas no processo de ensino-aprendizagem de literatura. In: Jornada de Linguagens, Tecnologia e Ensino, 2, 2019. Timóteo. Atas da [...]. Timóteo: CEFET-MG, 2019, p. 91-100.
PERRONE-MOYSÉS, L. Literatura Comparada, Intertexto e Antropofagia. In: PERRONE-MOYSÉS, L. Flores da escrivaninha. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 91-99.

 

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