XI ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA

1 de dezembro de 2021, 13h30 até 3 de dezembro de 2021, 18h00
Online. Transmissão via Doity Play

02/12/2021
(17:00 às 19:00)

Sessão 01

Coordenadora da Sessão: Aline Gomes (UNEB)

Título

Hora

219326

A AUSÊNCIA/PRESENÇA DE ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE ANTROPÔNIMOS NA FALA DOS MORADORES DE LUANDA - ANGOLA
Matheus de Araújo Azevedo

17:00

222070

UMA ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA SOBRE A HARMONIZAÇÃO VOCÁLICA DE /E/ NA COMUNIDADE DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS - (BA)
Amanda Galiza Correia, Aline Silva Gomes, Valter de Carvalho Dias

17:15

222141

MONOTONGAÇÃO DO DITONGO DECRESCENTE ORAL [eɪ̯] NA LEITURA EM VOZ ALTA Victor Renê Andrade Souza, Mileisse de Souza Santos

17:30

222588

ESTUDO SOCIOVARIACIONISTA DA DITONGAÇÃO NA FALA DE VITÓRIA
Jacqueline Alves de Oliveira

17:45

215592

O APAGAMENTO DA DENTAL /D/ NO MORFEMA DE GERÚNDIO NA FALA CULTA FORTALEZENSE
Dayane Bezerra de Souza, Tânia Gabriella Costa Pinheiro Sombra

18:00

222296

MAPEAMENTO SOCIOLINGUÍSTICO DA COMUNIDADE DE FALA PIRANHENSE
Daiane Aparecida Cavalcante, Raíssa Teixeira Gouveia

18:15

Sessão 02

Coordenadora da Sessão: Marcela Paim (UFRPE)

Título

Hora

222654

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA VARIAÇÃO DIAFÁSICA E DIAGERACIONAL NO CAMPO SEMÂNTICO ANIMAIS EM ENAWENE NAWE E EM PARESI (ARUÁK)
Amanda Medeiros Costa de Mesquita

17:00

220033

“SOCIEDADE DENTRO DA SOCIEDADE”: GÍRIAS DE GRUPO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM UM PRESÍDIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA
Eliane Souza Pereira

17:15

221059

DURAÇÃO VOCÁLICA PRECEDENTE A OCLUSIVAS NA VARIEDADE PARAIBANA DO PORTUGUÊS BRASILEIROS
Anilda Costa Alves, Rubens Marques de Lucena

17:30

222757

DENOMINAÇÕES PARA “PARIR” NAS CAPITAIS DA REGIÃO NORDESTE COM BASE NOS DADOS DO PROJETO ALIB
Daiane Cunha dos Santos, Marcela Moura Torres Paim

17:45

210405

CHUVA DE GELO, DE NEVE OU DE PEDRA?: UM ESTUDO DIASTRÁTICO DA DENOMINAÇÕES LEXICAIS EM RECIFE CONSIDERANDO OS DADOS DO ALIB E DO ALIPE.
Edmilson José de Sá

18:00

222741

UM ESTUDO DO USO DOS PRONOMES SUJEITO “NÓS E A GENTE” EM TRÊS MESORREGIÕES BAIANAS
Fernanda Figueira Fonseca

18:15

222292

A FRASEOLOGIA EM DADOS DIALETAIS NO NORDESTE DO BRASIL
Marcela Moura Torres Paim

18:30

Sessão 03
Coordenadora da Sessão: Leila Tesch (UFES)

Título

Hora

216523

"ESTOU A ESTUDAR": O USO DO INFINITIVO GERUNDIVO EM LUANDA-ANGOLA
Abimael Ferreira dos Santos, Norma Lúcia Fernandes de Almeida

17:00

222528

ESTUDO DE PERCEPÇÃO SOBRE A VARIAÇÃO DO IMPERATIVO A PARTIR DE RECORTES DAS REVISTAS DA TURMA DA MÔNICA JOVEM E CHICO BENTO MOÇO
Carolina Barroca Faria, Leila Maria Tesch

17:15

222751

UM RETRATO DO PORTUGUÊS ESCRITO DO CEARÁ: MAIS-QUE-PERFEITO DO INDICATIVO E IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO EM VARIAÇÃO
Francisco José Gomes de Sousa

17:30

220106

O COMPORTAMENTO DE UM VERBO DE MOVIMENTO NO PORTUGUÊS DO BRASIL: AUXILIARIDADE DE CHEGAR EM ESTRUTURAS PERIFRÁSTICAS
Nayara Crisley Barreto Brasil Farias Rocha, Valéria Viana Sousa

17:45

221718

UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO DA EXPRESSÃO DO FUTURO DO PRETÉRITO NA FALA BAIANA
Mônica Neves da Silva Lopes, Norma da Silva Lopes

18:00

218533

CONCORDÂNCIA VERBAL DE 3ª PESSOA: VARIÁVEIS INDEPENDENTES LINGUÍSTICAS QUE FAVORECEM A OCORRÊNCIA
Elenita Alves Barbosa, Maria Alice Linhares Costa, Jorge Augusto Alves da Silva, Valéria Viana Sousa

18:15

221218

MOBILIDADE ACADÊMICA E PADRÕES GRAMATICAIS NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
Raquel Meister Ko. Freitag

18:30

Sessão 04

Coordenadora da Sessão: Cristina Carvalho (UNEB)

Título

Hora

218716

A VARIAÇÃO DO MODO SUBJUNTIVO: UM ESTUDO BASEADO NO USO
Vânia Raquel Santos Amorim, Amanda Moreno Fonseca de Andrade, Valéria Viana Sousa

17:00

219745

PROCESSO DE MUDANÇA DO IR NO PORTUGUÊS DE VITÓRIA DA CONQUISTA
Milca Cerqueira Etinger Silva, Patrícia de Carvalho Pires, Valéria Viana Sousa

17:15

218769

GRAMATICALIZAÇÃO E VARIAÇÃO NAS MÍDIAS DIGITAIS: A REALIZAÇÃO DO TEMPO VERBAL FUTURO DO PRESENTE
Ramilda Viana Gomes da Silva, Valéria Viana Sousa

17:30

222324

RELATIVAS DE SUJEITO NA FALA DE VITÓRIA/ES: ESCOLARIDADE, VARIAÇÃO E GRAMATICALIZAÇÃO
André Poltronieri Santos, Lilian Coutinho Yacovenco

17:45

221754

A SEMIVOCALIZAÇÃO DA LATERAL [L] EM CODA SILÁBICA NA ESCRITA ESCOLAR
André Pedro da Silva

18:00

219466

O TRATAMENTO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NAS PROVAS DO ENEM DE 2018 A 2020, À LUZ DOS DOCUMENTOS OFICIAIS E DOS CONTÍNUOS DE BORTONI-RICARDO
Leticia Freitas Alves

18:15

222657

SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: PARA ENSINAR “ENGLISHES”
Fabricio da Silva Amorim

18:30

               

               

03/12/2021

(10:00 às 12:00)

Sessão 05

Coordenadora da Sessão: Maria Aparecida Guimarães (UNEB)

Título

Hora

222549

A VARIAÇÃO ENTRE OS PRONOMES TU\ VOCÊ NO PORTUGUÊS FALADO EM LUANDA
Higor Teixeira dos Santos

10:00

212789

VARIAÇÃO NÓS E A GENTE NA POSIÇÃO DE SUJEITO NA COMUNIDADE QUILOMBOLA SERRA DAS VIÚVAS/ÁGUA BRANCA- AL
Maria Helena Menezes de Souza

10:15

220422

COMUNIDADE DE FALA DE RIO DAS RÃS - BOM JESUS DA LAPA – BA: UM ESTUDO DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ENTRE OS PRONOMES “NÓS E A GENTE”
Maria Aparecida de Souza Guimarães, Jorge Augusto Alves da Silva, Valéria Viana Sousa

10:30

216242

OS PRONOMES NÓS E A GENTE NO FALAR CULTO DE FORTALEZA NAS DÉCADAS DE 1990 E 2020: VARIAÇÃO E MUDANÇA EM TEMPO REAL
Maylle Lima Freitas, Lorena da Silva Rodrigues, Hugo Leonardo Gomes dos Santos

10:45

222643

DEU-ME OU ME DEU? A ORDEM DOS CLÍTICOS PRONOMINAIS NA VARIEDADE MOÇAMBICANA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Ana Carolina Alves Caetano

11:00

222733

ETIQUETAGEM DE DADOS DE ENTREVISTAS SOCIOLINGUÍSTICAS: A PRODUTIVIDADE DA FERRAMENTA LANCSBOX PARA LEVANTAR OCORRÊNCIAS DO MODALIZADOR EPISTÊMICO “(EU) ACHO QUE”
Calyne Porto de Oliveira, Marta Deysiane Alves Faria Sousa

11:15

220167

CONSTRUÇÃO DE UM CORPUS LINGUÍSTICO NA PANDEMIA: CORPUS LINGUÍSTICO DE IBICOARA-BA EM FOCO
José Roberto Gomes de Jesus, Warley José Campos Rocha, Valéria Viana Sousa

11:30

Sessão 06

Coordenadora da Sessão: Silvana Araújo (UEFS)

Título

Hora

222705

EL USO DISCURSIVO DE UNA VARIANTE ESTÁNDAR EN LA INSTITUCIÓN
Débora Mónica Amadio

10:00

221799

AS CONSTRUÇÕES RELATIVAS NO PORTUGUÊS INDÍGENA SATERÉ-MAWÉ, PARINTINS-AM
Jéssica Carneiro da Silva

10:15

215584

POR UMA HISTÓRIA SOCIAL DA COMUNIDADE QUILOMBOLA MUSSUCA (LARANJEIRAS/SE): ALGUMAS QUESTÕES PRELIMINARES
Jacson Baldoino Silva, Norma Lúcia Fernandes de Almeida

10:30

217022

LÉXICO DE LÍNGUAS AUTÓCTONES AFRICANAS PRESENTE NO PORTUGUÊS FALADO NA COMUNIDADE DE MUSSUCA, NO ESTADO DE SERGIPE
Josimar Santana Silva, Silvana Silva de Farias Araújo

10:45

222622

A INFLUÊNCIA DA IDENTIDADE E DAS ATITUDES LINGUÍSTICAS NA ACOMODAÇÃO DIALETAL DE CARIOCAS EM JOÃO PESSOA
Lucas Possatti de Oliveira, Rubens Marques de Lucena

11:00

210932

GRAMÁTICA DE UMA LÍNGUA DE IMIGRAÇÃO: O EXEMPLO DO TALIAN
Loremi Loregian-Penkal, Juvenal Jorge Dal Castel

11:15

Sessão 07

Coordenadora da Sessão: Cláudia Luz (SEC/BA)

Título

Hora

215332

O USO DA LINGUAGEM NA REPRESENTAÇÃO DOS PERSONAGENS NORDESTINOS: ANÁLISE DA TELENOVELA CHEIAS DE CHARME
Larissa Nascimento de Oliveira

10:00

222494

MAPEAMENTO DAS FORMAS VERBAIS EM ESTRUTURAS CONDICIONAIS NA FALA CAPIXABA
Larissa de Souza Viana, Leila Maria Tesch

10:15

222565

A AUSÊNCIA DO CLÍTICO ACUSATIVO DE TERCEIRA PESSOA NA FALA: O GRANDE HIATO ENTRE O PADRÃO ESCOLAR E A REALIDADE LINGUÍSTICA DO BRASIL
Aline Berbert Tomaz Fonseca Lauar, Lilian Coutinho Yacovenco

10:30

213327

ANÁLISE VARIACIONISTA DAS ORAÇÕES RELATIVAS EM POÇÕES-BA E SANTO ANTÔNIO-BA
Elias Bonfim da Silva

10:45

222138

UMA VISÃO SOCIOLINGUÍSTICA DA ANÁFORA DO OBJETO DIRETO: ESCOLARIDADE
Claudia Norete Novais Luz, Norma da Silva Lopes

11:00

Sessão 08

Coordenadora da Sessão: Norma Almeida (UEFS)

Título

Hora

219090

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM CONTEXTO INTERGERACIONAL: ATITUDES LINGUÍSTICAS A PARTIR DO GRAU DE ESCOLARIZAÇÃO
Analine da Silva Juvino, André Luiz Souza da Silva

10:00

222569

CATEGORIAS DE LABOV E ALTEAMENTO PRETÔNICO
Silvia Carolina Gomes de Souza Guerreiro, Eliete Figueira Batista da Silveira

10:15

219359

ANÁLISE DAS ATITUDES LINGUÍSTICAS DE FALANTES BANANEIRENSES EM RELAÇÃO AO SEU PRÓPRIO FALAR
André Luiz Souza da Silva, Rubens Marques de Lucena

10:30

220559

HERANÇAS LEXICAIS DOS POVOS DE LÍNGUA TUPI NA REGIÃO DE JEREMOABO/BAHIA
Saádia Ramos Ferreira, Norma Lúcia Fernandes de Almeida

10:45

220691

CONCORDÂNCIA VERBAL NO PORTUGUÊS BRASILEIRO OITOCENTISTA: REFLEXÕES INICIAIS
Elizabete Lopes Oliveira, Pedro Daniel Santos Souza

11:00

211931

EXPRESSÕES DE TEMPO DECORRIDO COM HAVER, FAZER, TER E ESTAR COM EM CARTAS PESSOAIS DO ALAGOANO GRACILIANO RAMOS
Pedro Henrique Sousa dos Santos, Elyne Giselle de Santana Lima Aguiar Vitório

11:15

213957

A VARIAÇÃO TEU/SEU EM CARTAS DE AMOR DO SERTÃO DO PAJEÚ: UMA ANÁLISE DOS FATORES CONDICIONANTES
Rodrigo Selmo da Silva

11:30

Alexandre António Timbane

Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB


Políticas linguísticas na África Lusófona e o ensino do português

Na lusofonia se fala em língua portuguesa, doravante LP, como língua oficial, embora não seja a língua da maioria. Na África, os países que falam a LP são chamados de PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, sendo ela a segunda ou terceira língua para a grande parte da população. A LP chegou com o processo da colonização portuguesa. À medida que o tempo passou e, sobretudo, após as proclamações das independências (nos anos 70), essa língua adquiriu novas características resultantes do contato entre o português e as diversas línguas africanas. Essa variação do português ganhou cada vez mais características próprias, distanciando em grande medida da variedade europeia do português. A LP fala na África resulta da soma de variedades, de normas, inclusive algumas delas são consideradas privilegiadas, enquanto outras são excluídas de forma preconceituosa. Não existe uma única forma de falar português e todas as formas são legítimas para as comunidades de fala. Neste minicurso, pretende-se debater as políticas linguísticas e o planejamento dos seis PALOP olhando para a necessidade urgente da criação de gramáticas e dicionários que possam realmente descrever, escancarar e registrar as variedades africanas do português. A metodologia do minicurso consistirá na leitura antecipada dos textos que servirão de fonte das discussões. Os debates no curso facilitarão a consolidação dos conteúdos. Espera-se que os participantes consigam debater os conceitos de variedade, variante, língua em contato e norma, além de conhecerem a situação sociolinguística dos PALOP e das políticas linguísticas vigentes.

Camilo Rosa Silva

Universidade Federal da Paraíba - UFPB


Sociofuncionalismo: interface teórica e produtividade na pesquisa linguística brasileira

O Sociofuncionalismo consiste na investigação de fenômenos de variação e mudança linguística, valendo-se de aportes da Teoria da Variação e Mudança e do Funcionalismo Linguístico. São as seguintes as questões que guiam a presente proposta de discussão: i) é possível defender uma convergência plena entre teorias funcionalistas e a sociolinguística variacionista? ii) é razoável a defesa de uma terceira via de análise que aglutine princípios e pressupostos de ambas as perspectivas? e iii) a abordagem calcada na interface teórica tem sido produtiva no Brasil? Desse modo, nosso objetivo é considerar as convergências possíveis entre os arcabouços dessas duas vertentes teóricas, refletindo sobre uma pretendida interface. Além disso, tentamos mapear a produtividade de pesquisas realizadas no Brasil a partir da citada perspectiva sociofuncionalista.

Claudia Roberta Tavares Silva

Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE


Panorama da Sociolinguística no Nordeste: contribuições e prospectivas

Através de uma retrospectiva histórica da Sociolinguística no Brasil, esta conferência objetiva não só situar, mas também, e primordialmente, discutir o processo de consolidação dos estudos sociolinguísticos desenvolvidos no Nordeste, tendo em mente seus contributos e prospectivas advindos de um agenda de trabalho comprometida desde sempre em compreender, sob a ótica da intrínseca relação língua-sociedade (Labov, 2008 [1972]), a constituição dos diferentes falares nordestinos a partir da descrição e sistematização da variação linguística que lhes é inerente. Visando ampliar a discussão aqui proposta sobre a ininterrupta e desafiadora construção do mapeamento sociolinguístico desses falares, serão abordadas também as inegáveis contribuições dos estudos dialetológicos (cf. Cardoso, 1998; Aragão, 1999, 2000; 2014; Alencar, 2011; Sá, 2011; Paim, 2012; Ramos, 2016; Paes & Paim, 2018; Costa, 2021, dentre outros). É fato que, diante das inúmeras investigações sociolinguísticas já realizadas nessa região sobre os usos linguísticos produzidos em diferentes modalidades da língua (cf. Lucchesi, Baxter & Ribeiro, 2009; Hora & Aquino, 2012; Sedrins & Sá, 2015; Araújo & Freitag, 2016; Lopes; Oliveira & Parcero, 2017; Araújo, Viana & Pereira, 2018; Santana, Araújo & Freitag, 2018; Nunes & Silva, 2021, dentre outros) e sobre as crenças e atitudes linguísticas dos falantes diante desses usos (cf. Aguilera, 2008; Cardoso, 2015; Freitag, 2016; Freitag et. al. 2016; Hora, 2018; Vitório, 2021; Pereira, 2021, dentre outros), a agenda de trabalho não se esgota, mas abre espaço para novas reflexões, apontando para a necessidade de, por exemplo: (a) novos empreendimentos no campo da documentação linguística, (b) ampliação da descrição dos múltiplos usos da língua d’além das capitais dos estados nordestinos e (c) realização de estudos adicionais sobre crenças e atitudes linguísticas e sobre o ensino da variação e mudança linguística.

Eliane Vitorino de Moura Oliveira

Universidade Federal de Alagoas - UFAL


Nas trilhas da Sociolinguística Educacional: um passeio por norma(s), contínuos e ensino

Desde a origem, a expressão linguística do brasileiro sofre pressões de entidades hegemônicas. O “Diretório dos Índios”, lei formulada pelo ministro da Coroa Portuguesa, Marques de Pombal, foi a primeiro grande “genocídio” da identidade linguística nacional. A língua geral e as demais línguas faladas na então colônia passaram a ser proibidas, com a imposição do Português como única possibilidade, sobretudo no ensino. Reflexões diversas apontam que começa, aí, a problemática que se apresenta até hoje: a norma (ou variedade) comumente praticada pelos brasileiros não é a que a escola apresenta. Por isso, a necessidade de olhar para o ensino de Língua Portuguesa com lentes “sociolinguísticas”: quando, onde, com quem e como falamos ou escrevemos é crucial para a norma (ou variedade) pela qual nos expressaremos. Nesta fala, tratarei um pouco disso, passeando pelas trilhas da Sociolinguística Educacional, acompanhada por autores como Bortoni-Ricardo, Faraco, Bagno, entre outros que vêm caminhando por estas vias. Objetivo, com isso, ampliar a reflexão sobre formas de ensinar essa língua que é nossa identidade, sobre o papel da escola na afirmação ou negação da “cara sociolinguística” dos alunos, usando termo de Faraco (2008), abordando, para isso, a proposta de Bortoni-Ricardo (2004) para a análise do PB, ou seja, a alocação de falantes em línguas imaginárias, às quais ela dá o nome de contínuos.

Elyne Giselle de Santana Lima Aguiar Vitório

Universidade Federal de Alagoas - UFAL


Panorama da variação tu e você na função de sujeito em Alagoas

Pesquisas realizadas sob o arcabouço teórico-metodológico da Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008 [1972]) têm permitido, desde a década de 1970, descrever diferentes fenômenos linguísticos variáveis em diversas variedades do português, contribuindo para a descrição de uma norma linguística brasileira. Um fenômeno que tem sido amplamente estudado é a representação da segunda pessoa do singular na função de sujeito (SCHERRE et al., 2015; LOPES et al., 2018), que tende a ser condicionada por fatores linguísticos, sociais, pragmáticos, históricos e geográficos (COUTO; LOPES, 2011). Com a publicação do texto Variação dos pronomes “tu” e “você”, de Scherre et al. (2015), que tem como um dos objetivos mapear a variação tu, você, cê e ocê nas diferentes regiões brasileiras, instigou-nos o fato do estado de Alagoas fazer parte das áreas não mapeadas por não haver informação disponível ou suficiente sobre o uso desses pronomes. Tentando suprir essa lacuna, propomos, no âmbito da UFAL, projetos de pesquisa que contemplavam a variação tu e você na função de sujeito em diferentes comunidades situadas na capital, no agreste e no sertão de Alagoas. Neste trabalho, descrevemos o estado da variação tu e você na função de sujeito na fala alagoana. Para tanto, consideramos as pesquisas de Tenório (2002), Cardoso (2008), Silva e Vitório (2017), Vitório (2018, 2019, 2021), Silva (2019), Silva (2020), Divino (2020) e Vitório e Silva (2021), que têm mostrado, nos termos de Scherre, Andrade e Catão (2020), a predominância de duas construções pronominais: o macro VOCÊ e tu sem concordância. Nas comunidades alagoanas, você é a variante selecionada, com o pronome tu sem concordância apresentando parcas realizações, principalmente em entrevistas sociolinguísticas. Também retornamos aos dados de Vitório (2018) e Vitório e Silva (2021) e mostramos que tu sem concordância é uma variante associada a situações que socialmente são vistas como solidárias, igualitárias e familiares. O comportamento variável de tu e você tem indicado uma variação que apresenta nuances interacionais, mostrando que o tipo de coleta interfere no percentual de uso de tu. Por fim, apresentamos uma agenda de trabalho para melhor compreensão do fenômeno em estudo, através de estudos de produção, tanto sincrônicos quanto diacrônicos, e estudos de avaliação e percepção.

Gessilene Silveira Kanthack

Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC


Sociofuncionalismo e ensino: variabilidade funcional em foco

Destacaremos contribuições para o ensino da variabilidade funcional, uma propriedade que nos permite compreender a mudança linguística (em especial, a gramaticalização) como um processo de regularização de uso da língua.

Gredson dos Santos

Universidade Federal da Bahia - UFBA


Contribuições da sociolinguística para o Ensino de LP: considerações críticas

Pretende-se discutir, em perspectiva histórica e crítica, as contribuições que a Sociolinguística brasileira tem dado ao ensino de língua portuguesa. Numa primeira parte, argumentaremos que, desde seus anos iniciais (Cf. LABOV, 1972; 1974), a Sociolinguística possui uma face pedagógica, o que mostra que uma “sociolinguística educacional” não é um campo novo na história da disciplina. Num segundo momento, discutiremos o impacto dos estudos da Sociolinguística brasileira para o ensino de língua portuguesa, especialmente quanto à questão da variação linguística, considerando mormente a educação básica em escolas públicas e destacando o papel de publicações importantes no Brasil, a exemplo de Bortoni-Ricardo (2004), Gorski e Coelho (2006), Zilles e Faraco (2015) e Martins, Vieira e Tavares (2016). Numa terceira seção, destacaremos que a Sociolinguística brasileira ofereceu contribuições ao ensino de português que podem ser colocadas como situadas nos campos descritivo, conceitual e pedagógico. Finalmente, colocamos em cena alguns desafios para a Sociolinguística brasileira no que tange à aplicação escolar de seus achados teóricos e descritivos.

Hebe Macedo de Carvalho

Universidade Federal do Ceará - UFC


Padrões gerais de variação e percepção da concordância verbal com as formas pronominais nós e a gente

Estudos sobre a concordância verbal com as formas pronominais nós e a gente no português do Brasil têm sido desenvolvidos ao longo dos últimos 37 anos por diferentes grupos de pesquisa, em diferentes regiões do país, sob o viés da Sociolinguística Variacionista (Vianna; Lopes, 2015, p. 109), incluindo pesquisas com dados de fala da região Nordeste (Álban; Freitas, 1991; Fernandes, 1997; Ramos et al, 2006; Mendes, 2007; Araújo, 2016; Freitag, 2016; Feitosa; Vitório, 2018; Silva, 2020 – para citar apenas alguns estudos). O trabalho a ser apresentado traz resultados da produção da concordância verbal com sujeitos da sentença nós e a gente, por falantes de Fortaleza com escolarização até o ensino médio. Em termos de proporção, das 374 observações, 68,4% (n=256) são de concordância associada ao pronome a gente e 23% (n=86) de concordância verbal com nós (nós cantamos/nós brincamos). Foram observadas 8,02% (n=30) de concordância singular com a forma nós (nós canta/nós brinca) e 0,53% (n=2) de a gente com o verbo da sentença no plural (a gente cantamos/a gente brincamos), mostrando tendência da comunidade de fala, em termos de frequência, à concordância verbal padrão. Sob a lente da flutuação, observa-se que a forma a gente é a mais frequente na amostra (74,9%), restando ao cânone nós 25,1% das ocorrências, tendência já atestada em estudos variacionistas do português brasileiro, refletindo o encaixamento linguístico dessa variação. Os dados de fala são dos anos de 1980 – coletados da base de dados do projeto Dialetos Sociais Cearenses (DSC), disponível em https://profala.ufc.br/pt/projeto-dialetos- sociais-cearenses. Pretende-se ainda discorrer, nessa apresentação, sobre outra etapa do estudo centrada na análise de percepção dessas variantes, estimulada por contextos de concordância verbal, replicando técnicas de testes inspiradas em Lambert et al. (1960), Campbell_Kibler (2009) e Oushiro (2015). Os testes foram disponibilizados pela plataforma Google forms, divulgados nas redes sociais WhatsApp, Telegram, Facebook, Instagram e Twitter e compartilhados entre amigos de amigos. A pergunta que se faz é em que medida essa variável de natureza morfossintática evoca comportamentos avaliativos (Labov, 2008 [1972], p. 176), bem como reflete um conjunto “uniforme” de crenças e atitudes compartilhado pelos membros da comunidade de fala em estudo. Os resultados dos 177 formulários respondidos indicam, em termos de proporção apenas (R Core Team, 2020), que os falantes percebem o nós como forma de prestígio, de uso formal e escolarizado, de bairros centrais da cidade. A variante a gente é avaliada como de uso informal, escolarizado, de periferia urbana e de bairros centrais. Os participantes do estudo reconhecem esses usos como correntes em suas falas, sem indícios de estigma por parte desse time de graduandos/graduados; a rejeição, contudo, é explícita quando estimulados a responder sobre a ausência de concordância verbal (nós come/nós dorme), refletindo estudos de produção com dados do português brasileiro (Scherre; Naro, 2014; Carvalho, 1997) que mostram estar a concordância verbal ou nominal associada à escolarização dos falantes. Esses resultados se alinham a estudos de percepção que demonstram ser a variação na 1ª pessoa do plural “razoavelmente sensível à avaliação social” (Freitag, 2016, p. 890), bem como confirmam a existência de padrões de crenças compartilhados pelos falantes de determinada comunidade de fala.

Huda da Silva Santiago

Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS


Pesquisas em Sociolinguística Histórica na Bahia: alguns percursos e possibilidades

A adoção de alguns dos princípios da Sociolinguística de orientação laboviana (2006 [1968]) para uma aproximação aos fenômenos linguísticos de sincronias pretéritas tem resultado em trabalhos que contribuem para uma melhor descrição da constituição histórica do português brasileiro, ao tempo que também são trabalhos que evidenciam os desafios relacionados a essa tarefa, instituindo um perfil próprio a esse campo. Na Bahia, muitas vezes sob o rótulo de linguística sócio-histórica, principalmente pela influência de Mattos e Silva (1998, 2004), estudos na perspectiva de uma Sociolinguística Histórica (ROMAINE, 1982; CONDE SILVESTRE, 2007) têm enfrentado os desafios, por exemplo, de localização e constituição de corpora escritos que sejam representativos, de identificar o perfil dos escreventes e de estabelecer os fatores sociais relacionados à comunidade da qual faziam parte. O objetivo, nesta apresentação, é discutir sobre alguns desses enfretamentos e sobre os avanços conquistados, principalmente no que se refere ao tratamento metodológico dos corpora utilizados.

Juliene Lopes Ribeiro Pedrosa

Universidade Federal da Paraíba - UFPB


Contribuições da Sociolinguística para o Ensino de Aspectos Fonológicos Variáveis

Em 1968, Weinreich, Labov, Herzog questionaram a relação indissociável de unidade e sistematicidade, reforçando que a variação linguística é sistemática e passível de observação. A partir desse pressuposto, surgem as pesquisas sob a metodologia variacionista, a exemplo das desenvolvidas por Labov (1966, 1972, 1994, 2001). Entender que a língua é variável e ao mesmo tempo sistemática foi um grande avanço, pois permitiu o mapeamento da língua como um todo, levando em consideração aspectos linguísticos homogêneos e heterogêneos. E esse novo olhar é indispensável nas salas de aula da educação básica, afinal cabe ao/à docente dar condições aos/às discentes de entender e fazer uso de sua língua de forma proficiente nos mais diferentes contextos. É importante que o/a discente compreenda cada situação de uso e o que cada variante representa naquela situação. Ultrapassa, dessa forma, o conhecimento das variantes, pois adentra na função social que estas possuem. Na fonologia, por exemplo, é importante identificar quais processos variáveis precisam ser trabalhados em sala de aula para dar melhores condições de discentes em fase de aquisição de escrita, seja inicial ou não, compreenderem melhor o sistema variável da língua e as possíveis interferências na escrita, a exemplo da variação das consoantes /l/ e /R/ em posição de coda: maltratado ? [‘mawtratadu] → “mautratado”; remorso ? [remosu] → “remoço”, e dos processos de ditongação e monotongação: vez ? [‘vejs] → “veis”; banheiro ? [‘bãneru] → “bainhero” (PEDROSA, 2014). Reforçando essa proposta, traremos aqui a discussão de um processo variável que, por ser menos marcado linguistica e socialmente, pode, com frequência, ser transposto para a escrita: o apagamento do [d] no encontro consonantal /nd/ em palavras no gerúndio: pulando [pu‘lãnu] → “pulano” e em alguns substantivos como: candidato [kani‘datu] → “canidato” e condensado [kõnesadu] → “conensado”. Além de descrever o seu comportamento na fala, proporemos algumas sugestões de como esse processo pode ser trabalhado em sala de aula de forma a ampliar a competência comunicativa dos/as discentes.

*Por questões técnicas, a transcrição fonética não corresponde ao descrito, em alguns casos, pela pesquisadora.

Lécio Barbosa de Assis

Universidade Federal do Oeste da Bahia - UFOB


Assentos de casamentos da freguesia de Santo Antônio do Urubu de baixo Rio São Francisco do Século XVIII: análise da habilidade dos scriptores

Por meio dos arquivos paroquiais houve a garantia dos registros da história e da cultura da sociedade, permitindo a possibilidade de análise da escrita em uso, em uma determinada temporalidade, compreendendo a história do Português Brasileiro usado no sertão do Rio São Francisco do século XVIII. A fonte documental estudada foi escrita por vigários que atuaram na Freguesia de Santo Antônio do Urubu de baixo do Rio São Francisco (1719-1753), delineando, assim, a história social e desvelando possibilidades para investigações na área da Sociolinguística Histórica. Neste recorte, temos o objetivo de analisar a habilidade dos scriptores, através dos aspectos físico- gráficos e gráficos e fonéticos, como o traçado das letras, substituições de segmentos, segmentação vocabular, alçamento de vogais, substituições consonantais, formas etimologizadas, entre outros. A pergunta que norteou este trabalho foi: por que a escrita dos assentos de casamentos revela marcas específicas da oralidade na grafia, se os scriptores pertenciam a uma elite instruída na região do baixo São Francisco no referido período? A hipótese assumida é a de que esses homens eram influenciados pela oralidade e pelo princípio etimológico em detrimento do fonético, reflexo do conflito existente entre os períodos da história da ortografia da língua portuguesa em que o manuscrito foi produzido (1719-1753). Para a realização deste trabalho, recorremos ao suporte da leitura paleográfica (SPINA, 1994; CAMBRAIA, 2005; BERWANGER; LEAL, 2008) e da Sociolinguística Histórica (ROMAINE 1982; SCHNEIDER, 2002, CONDE-SILVESTRE, 2007; MONTGOMERY, 2007 e HERNÁNDEZ-CAMPOY; CONDE-SILVESTRE, 2012) para reconstruir o comportamento de comunidades históricas, possibilitando a reflexão sobre as condições sócio-históricas em que a fonte documental foi produzida. A metodologia seguiu os seguintes passos: (i) leitura da reprodução fac-similar e transcrição do manuscrito; (ii) sistematização dos aspectos físico-gráficos e gráficos e fonéticos com o auxílio da ferramenta computacional AntConc (2011) e (iii) consulta e comparação das grafias nas obras de Bluteau (1728) e Feijó (1734) para verificar se os índices de oralidade na grafia, encontrados no documento, correspondiam aos mesmos usos apresentados pelas obras de referência do período estudado. Os resultados revelam que, apesar dos scriptores fazerem parte de uma elite com maior nível de instrução, uma vez que as habilidades para ler e escrever seriam fundamentais para desempenhar os trabalhos exigidos em sua paróquia de atuação, a escrita era influenciada pelos conflitos referentes aos períodos históricos da ortografia da língua portuguesa.

Valéria Severina Gomes

Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE


Tradição e variação dos modos de dizer das cartas de casais do litoral e do sertão pernambucanos

Esta comunicação tem como objetivo compartilhar o resultado de pesquisas realizadas por pesquisadores do Laboratório de Edição de Documentos de Pernambuco (LEDOC), com cartas de casais do litoral e do sertão pernambucanos, na primeira metade do século XX. A abordagem das tradições discursivas Koch (1997), Kabatek (2006, 2012), Andrade e Gomes (2018) é feita de acordo com as noções de proximidade comunicativa (KOCH; ÖESTERREICHER, 2007; 2013) e com a proposta de Longhin (2014), em que são abordadas as dimensões da tradicionalidade temática, composicional e dos modos de dizer. Os estudos realizados por Rumeu (2013) e Gomes e Lopes (2014a, 2016) complementam a base teórica, na perspectiva da Sociolinguística Histórica. Os resultados dessa análise revelam que as tradicionalidades temática, composicional e dos modos de dizer evidenciam estratégias de verbalização tradicionais ou variáveis próprias da natureza carta de casal.

Valéria Viana Sousa

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB


Caminhos sociofuncionalistas no Sertão da Ressaca

Em “Caminhos sociofuncionalistas no Sertão da Ressaca”,  compreendendo o caminho norteado por duas bases teóricas, a Sociolinguística variacionista e o Funcionalismo norte-americano, apresentaremos os princípios basilares dessa interface e algumas  pesquisas realizadas no sudoeste baiano fundamentadas no diálogo entre a teoria sociolinguística e a teoria funcionalista. Realizado esse percurso, lançaremos inquietações sobre possíveis caminhos a serem seguidos.

Wendel Silva dos Santos

Universidade Federal do Maranhão - UFMA


A percepção sociolinguística do subjuntivo e do indicativo

O uso da morfologia do indicativo, na expressão da noção de subjuntivo, tem sido bastante debatido pela sociolinguística brasileira, e, especialmente na região nordeste, esse modo verbal tem sido amplamente descrito (Santos, 2005; Oliveira, 2006; Carvalho, 2007; Santos, 2015; Souza; Oliveira, 2020) à luz da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008[1972]). O trabalho que se pretende apresentar é mais uma contribuição para as pesquisas que se ocupam em analisar a variação entre as morfologias desses modos verbais, ao propor uma análise de percepção estimulada por orações subordinadas no modo indicativo ou subjuntivo, organizadas de acordo com a técnica matched-guise (Lambert et al, 1960; Campbell-Kibler, 2006; 2008; 2009). Os estímulos (enunciados por 4 falantes – dois ludovicenses e dois paulistanos, dado ao caráter comparativo da pesquisa) constituem-se de orações subordinadas no modo indicativo ou subjuntivo: adverbiais com embora ou talvez (como em “embora ESTIVESSE/ESTAVA aqui, a oportunidade foi dada a outro candidato” e “talvez ESTIVESSE/ESTAVA no tempo de perguntar aos funcionários sobre sua satisfação no trabalho”) e substantivas introduzidas por “querer” ou “acreditar” (a exemplo de “o chefe QUER que a secretária PERMANEÇA/PERMANECE na reunião” e “ele ACREDITA que todos FAÇAM/FAZEM a sua parte”).  A discussão que se levanta é a de que, comparativamente a variáveis fonéticas, variáveis gramaticais têm recebido menos atenção nos estudos de percepção (vejam-se, contudo, Gaucher, 2013; Levon & Buchstaller, 2015; Mendes, 2016; 2018, Santos, 2020). Isso se deve, de certo modo, a afirmações de que as formas gramaticais da língua não provocam os mesmos tipos de reações perceptuais que variáveis fonológicas, fazendo com que os “ouvintes avaliem estruturas menos profundas da língua, mas não características mais abstratas” (Labov, 1993; Labov et al, 2011). No geral, as análises de regressão linear (R Core Team, 2021) mostram que os falantes foram percebidos como mais inteligentes quando ouvidos no subjuntivo. Os ludovicenses foram avaliados como mais formais, mas os falantes paulistanos foram percebidos como mais antipáticos. Ludovicenses foram percebidos como menos escolarizados quando ouvidos com o indicativo, enquanto não houve diferença para os falantes paulistanos. Tais resultados não apenas questionam a afirmação de que variáveis gramaticais estejam disponíveis para avaliação sociolinguística, como também mostram que a percepção social de variáveis linguísticas é variável e ordenada, tal como a produção sociolinguística.