As constatações de desigualdade social, que se tornaram vívidas pela pandemia, já eram observadas pela literatura acadêmica crítica em carreira, pois o mercado de trabalho é um ambiente desigual e, consideravelmente, classista, racista, sexista e heterossexista. Nesse sentido, reconhece-se que existem fatores estruturais que não oportunizam acesso simétrico e recursos a todos no mundo do trabalho. Essa é uma compreensão realista da gestão de carreira, em que o contexto global, social e cultural, bem como a origem do indivíduo são relevantes na construção das histórias pessoais e profissionais. A Teoria da Psicologia do Trabalhar (TPT) apresenta os fatores socioculturais como primários para a compreensão das decisões e das experiências de trabalho de todas as pessoas e enfatiza o papel que a classe social, privilégio e liberdade de escolha têm na construção de carreira dos trabalhadores. O trabalho decente é o construto central da TPT. Esse construto foi proposto pela Organização Internacional do Trabalho para apoiar ações voltadas para garantir condições de trabalho decentes e direitos para os indivíduos em todos os países. O conceito de trabalho decente pode ser compreendido por meio de cinco elementos: a) condições seguras de trabalho; b) acesso aos cuidados com a saúde; c) remuneração adequada; d) tempo livre e para descanso, e) valores. Volição, outro dos construtos explorados pela TPT, refere-se à percepção individual sobre a possibilidade de fazer escolhas e tomar decisões de carreira, apesar das restrições apresentadas pelo ambiente externo à pessoa. Vale destacar também que estratégias para conter o avanço da COVID-19 no Brasil resultaram em mudanças nas relações de trabalho, aceleração dos processos de flexibilização e impacto sobre o trabalho decente. O debate da mesa explorará os conceitos da TPT. Inicialmente serão apresentados resultados de volição referentes a uma amostra de trabalhadores brasileiros de diferentes extratos sociais. Em seguida, será apresentado o teste do modelo da TPT em trabalhadores celetistas, tendo o trabalho decente como variável mediadora da relação entre adaptabilidade de carreira e bem-estar no trabalho. A terceira apresentação explorará a percepção de trabalhadores brasileiros sobre trabalho decente durante a pandemia. Por fim, a última apresentação terá como objetivo discutir as contribuições da Orientação Profissional e de Carreira na promoção de justiça social focando em populações não tradicionais dos serviços e pesquisas da área, tais como mulheres negras, pessoas em situações de desemprego e desalento e trabalhadores informais. Serão discutidos os impactos dessas características no desenvolvimento de carreira e na saúde mental das trabalhadoras e trabalhadores.

 

Fernanda (UFES): Escolhas na carreira: Evidências iniciais de adaptação da Work Volition Scale no Brasil 

Gustavo Hnerique Martins (USF): Mediação do trabalho decente na relação entre adaptabilidade de carreira e bem-estar no trabalho

Leonardo de Oliveira Barros (UFBA): Adaptabilidade de carreira e saúde mental em distintos cenários laborais 

Nathália Sandoval Barbosa Mambrini (PUCRS): Trabalho Decente durante a pandemia de Covid-19

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