Título

Nome do autor

Never Be The Same em diferentes tempos: significados e (re)elaborações de memórias em uma música pop.

Igor Lemos Moreira

Música, memória e cultura urbana: (re)existência e ressignificação através da Roda Cultural

Guilherme Santos

O apagamento das intérpretes negras na música popular brasileira

MARILDA DE SANTANA SILVA

O entremeio da música – uma leitura de dois discos de Milton Nascimento a partir da memória e do esquecimento sobre o final da década de 1960

Fernanda de Araújo Patrocinio

A música pré-existente na primeira temporada de Atlanta (2016): espaço e acervo sonoro a partir da supervisão musical

Marcus Vinicius Marvila das Neves

O cinema decantado na música-teatro de Gilberto Mendes: memória e representação

Fernando Magre

Ouvindo o fantasma dentro da máquina: ressonâncias de uma memória da tecnocultura na paisagem sonora dos videogames

Eduardo Harry Luersen

John Cage e a Pós-modernidade: reflexões sobre a música experimental e seu momento histórico

Fernando Gonzalez

Mestre Moa do Katendê, ato na praça da República: lágrimas dos guerreiros negros da capoeira.

João Marcelo Flores de Bras

O Álbum Visual e a Reconfiguração do Álbum Fonográfico no Contemporâneo

Leonam Casagrande Dalla Vecchia

Narrativas, imaginário, identidade e memória – Considerações sobre o Ratos De Porão (R.D.P.)

Renan Marchesini de QUADROS SOUZA

A lenda desta paixão: o papel da memória social no ressurgimento da dupla Sandy e Júnior

Nicholas Novo Rivelli

O MEU NOME, TU CONHECE. SOBRENOME: SACANAGEM”: MASCULINIDADES PERFORMÁTICAS NO FUNK DE JERRY SMITH

David Francisco de Amorim

MÚSICA, RE-EXISTÊNCIA E DISPUTA POR VISIBILIDADE: Festival Ouvidor 63 Resiste!

Lucimara Rett

"Bossa Nova em francês : memória e história da música popular brasileira" 

Nancy Aparecida Alves

A memória e a canção: uma análise do desafio biográfico da trilha sonora de documentários musicais brasileiros contemporâneos

Márcia Carvalho

Girls Rock Camp: Riot Grrrl, continuidade subcultural e memória

Gabriela Cleveston Gelain

A Memória da Polifonia vocal no Funk

Thiago Barbosa Alves de Souza

Memória e Intertextualidade na obra de Gilberto Mendes: décadas de 1980 e 1990.

Rita de Cássia Domingues dos Santos

A música na sala de aula: valorização da memória sócio-histórica através de metodologias ativas de ensino-aprendizagem.

Pablo Laignier

Por uma Memória Inclusiva na Musicologia: o Funk e Rap

Rafael Hermés Mondoni Moreira; Thiago Barbosa Alves de Souza

Memória na música digital: o sampling da obra de Arthur Verocai

Deivison Brito Nogueira

FON-FON 1920-1930: Por um esboço da recepção dos aparelhos-tecnológico musicais

Joabe Guilherme Oliveira

O fantasma da Muzak: a persistência da racionalização sônica na curadoria musical algorítmica em plataformas de streaming

Henrique Rocha de Souza Lima

A música nordestina enquanto instrumento de produção de memória regional no século XX

Renata Louriane Moreira da Silva Menezes Constant

Fenomenologia, Psicoacústica e Performances: Proposta interdisciplinar de ensino aprendizagem.

Yasmin Marques de Freitas

Revitalização musical: A memória através das músicas dos DJs brasileiros.

Itaiara Andrade Tavares

"Nossa fonte de som e imagem": narrativas e disputas de memória sobre a MTV Brasil (1999)

Carlos Eduardo Pereira de Oliveira

Por uma escuta ritualística: a transmissão radiofônica da ópera "Akhenaton", pela Cultua FM de São Paulo.

Roberto D' Ugo Junior

O Acervo da Rádio Nacional: entre ruídos, silêncios e esquecimentos.

Carlos Gregório dos Santos Gianelli

A voz feminina em Ela (Her, 2013): um diálogo entre a voz digital e os estudos de gênero

Talita Von Gilsa

Identidade e representação na canção “Vida de Pescador”, de Valdir Agostinho

Luciano Py de Oliveira

A presença das cantoras portuguesas na Revista do Rádio: relato parcial da experiência na Hemeroteca Digital / Biblioteca Nacional 

Marcia Ramos de Oliveira

Da alegria à estranheza: a transformação do caráter musical no estilo de José Mojica Marins

Gabriela Pereira do Vale Pereira

JUNTOS E SHALLOW NOW: A RELAÇÃO HUMOR, POLÍTICA E MÚSICA NOS MEMES DA VISITA DE JAIR BOLSONARO AOS ESTADOS UNIDOS

Patrícia Cristina de Lima

O  SOM NA  LIVE SESSION: PROPOSTAS DE PRÁTICAS DE ENSINO  DE  GRAVAÇÃO  DE  MÚSICA  AO  VIVO

FILIPE CRETTON

Chansons d’amour: a memória e os arquivos de Gilbert Abraham Stein

Raphael F. Lopes Farias

ESSE AMOR QUE ME MATA... TRISTEZA DO JECA

Um Estudo sobre as Matrizes Midiáticas da Canção Sertaneja

Aparecido Donizetti Rodrigues (Zé Renato)

As transformações no cenário do Forró no Cariri cearense nos últimos 10 anos decorrentes das novas plataformas digitais

Alysson Azevedo de Sousa; Felipe Vieira da Silva; Rodolfo Rodrigues

ESCUTAS EXPANDIDAS: considerações teóricas, metodológicas e analíticas

Cássio de Borba Lucas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resumos

 

Never Be The Same em diferentes tempos: significados e (re)elaborações de memórias em uma música pop.

Igor Lemos Moreira

Lançada (2017) como single de promoção do álbum Camila, primeiro disco da cantora Camila Cabello em sua carreira solo, a canção Never Be The Same possui um forte caráter autobiográfico, sendo um marco na trajetória da cantora na ocasião em que se reafirmava como artista na indústria fonográfica estadunidense. Esta comunicação pretende analisar a referida canção, a partir de seus múltiplos usos e (re)significados, em especial no que se referiu aos usos para a construção de uma determinada imagem da cantora no contexto de lançamento do álbum. Do ponto de vista teórico, discutimos os procedimentos de elaboração da memória, em especial musical, através da sua relação com a narrativa da canção, assim como no videoclipe e na mídia. A metodologia empregada para análise das fontes seguirá as propostas de Ricoeur (1994, 2008), Motta (2013), Paranhos (2004) e Oliveira (2014). Percebe-se, que os diferentes significados e usos da canção estiveram atrelados não apenas da sua relação com o contexto (NAPOLITANO, 2016), mas também dos contextos de circulação e interpretação (PARANHOS, 2004) que contribuíram para a projeção de uma nova representação da cantora baseada na memória de sua trajetória.

Referências

MOTTA, Luiz Gonzaga. Análise Crítica da Narrativa. 1. ed. Brasília: Editora da UnB, 2013.

NAPOLITANO, Marcos. História & música. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

OLIVEIRA, Márcia Ramos de. O (Lp) Banquete dos Mendigos e a Censura Musical. Revista Resonancias, v. 18, p. 155-180, 2014.

PARANHOS, Adalberto. A música popular e a dança dos sentidos: distintas faces do mesmo. ArtCultura (UFU), Uberlândia-MG, v. 9, n.9, p. 22-31, 2004.

RICOEUR, Paul.Tempo e Narrativa (Tomo I). Campinas, SP: Papirus, 1994.

John Cage e a Pós-modernidade: reflexões sobre a música experimental e seu momento histórico

Fernando Gonzalez

Em ficções científicas, com frequência os fantasmas dos mortos se comunicam através de máquinas, normalmente através de falhas, interrupções ou ruídos na sua operação habitual, como produtos de um acontecimento inesperado. Ao longo da história do desenvolvimento de novas tecnologias (passando pelo fonógrafo e pelo rádio), estas narrativas encontram-se com pretensões científicas de captar sinais sonoros enquanto sinais vitais, não apenas dos mortos como de formas desconhecidas de vida.

À nossa pesquisa, importa menos a legitimidade científica destas propostas do que uma constatação sobre seu caráter estético: o modo pelo qual operam torna aparente como cada transformação tecnológica produz, endemicamente, novos fantasmas audiovisuais. Na medida em que a eletricidade se tornou um condutor cotidiano de energia no último século, a sonoridade das falhas elétricas passou a coabitar o parque sonoro das alavancas, rangidos e colisões que compunha o milieu técnico mecânico. Assim como os estalidos elétricos e os roncos dos motores ainda acompanham, no sound design do audiovisual contemporâneo, toda uma vazão de novos ruídos proporcionados pela tessitura das tecnoestéticas digitais.

Neste trabalho, argumentamos em direção a uma compreensão destes fantasmas da memória das mídias enquanto processos de criação – motivo pelo qual também o justificamos no contexto da atual chamada. Já no final do século XIX, Henri Bergson recobrava uma definição da memória enquanto um processo criador, problematizando a concepção vigente que a entendia como um acervo ou inventário a espera de ser preenchido. Neste sentido, propomos que os fantasmas das outras mídias que coabitam abundantemente as sonoridades dos jogos digitais, de modo mais amplo, comparecem como lembranças a partir das quais a própria cultura torna audível o papel das interferências e da remodelagem de sonoridades no processo instável de organização criativa de ecologia audiovisual contemporânea. A análise é informada por procedimentos de inspiração mídia-arqueológica desenvolvidos na tese em curso. O objetivo deste artigo é analisar elementos na obra musical do compositor norte-americano John Cage, com destaque especial para a peça 4’33”, compreendendo-a como uma manifestação artística fortemente ligada com a chamada pós-modernidade. Partimos das reflexões sobre a pós-modernidade oferecidas por Frederic Jameson, David Harvey e Terry Eagleton, buscando compreender sua complexidade e alguns dos elementos característicos que fazem dela objeto de debate entre autores que a entendem como parte da modernidade e outros que a enxergam como um outro momento histórico. Buscamos, em seguida, pontuar brevemente os marcos histórico, político e cultural da consolidação da chamada música experimental, na metade do século XX, e o papel de destaque de Cage neste processo. Finalmente, procuramos refletir sobre a relação entre essa manifestação musical e seu momento histórico, tencionando suas características e particularidades no contexto da música como fenômeno comunicacional.

 

BEAL, A. C. New Music, New Allies: American Experimental Music in West Germany From the Zero Hour to Reunification, Los Angeles: University of California Press, 2006

CONNOR, S. Cultura Pós-Moderna: Introdução às teorias do contemporâneo, São Paulo: Edições Loyola, 2012

EAGLETON, T. As ilusões do pós-modernismo, Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1996

HARVEY, D. Condição Pós-Moderna, São Paulo: Edições Loyola, 2017

HELLER, A. A. John Cage e a poética do silêncio. Tese (Doutorado em teoria literária) – Curso de Pós-Graduação em Literatura. Universidade Federal de Santa Catarina. 2008

IDDON, M. New Music at Darmstadt: Nono, Stockhausen, Cage, and Boulez, Cambridge: Cambridge University Press, 2013

JAMESON, F. Pós-Modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio, São Paulo: Editora Ática, 2007

MENEZES, F. Música Maximalista: Ensaios sobre a música radical e especulativa, São Paulo: Editora UNESP, 2009

NYMAN, M. Experimental Music: Cage and Beyond, Nova York: Cambridge University Press, 1999

PEREIRA, C. A. A. O silêncio na obra de John Cage: uma poética musical em processo. Anais do III SIMPOM – Simpósio Brasileiro de pós-graduandos em música, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2014

Palavras-chave: John Cage, música experimental, silêncio, pós-modernidade, comunicação

 

Mestre Moa do Katendê, ato na praça da República: lágrimas dos guerreiros negros da capoeira.

João Marcelo Flores de Bras

Este artigo apresenta observações de inspiração etnográfica sobre o ato realizado na praça da República, região central paulistana, em outubro de dois mil e dezoito, em resposta ao assassinato de uma figura lendária da cultura brasileira, Mestre Moa do Katendê. Buscamos identificar de que maneira ocorrem as articulações simbólicas, que negociam sentidos através de expressões culturais de matriz afro-brasileira, representada pela capoeira e seus atravessamentos, o artigo aborda as construções de uma criatividade dispersa, energizada por uma tragédia ocorrida em eleição presidencial de extremas polarizações. Um ato realizado sem grandes sem grandes preocupações técnicas, porém repletas de contextos de um cotidiano que se destaca pelos usos do espaço urbano, o que propicia um rico conteúdo para reflexões, já que as construções percebidas nesta manifestação carregam potentes valores simbólicos, representações de aspirações e resistências. Seus modos de expor e ocultar, em protagonismos que os afetos possibilitam, compartilhando corporalidades que transcendem a dor e ecoam posicionamentos políticos de estética urbana.

Referências

Borelli, Silvia, Oliveira, Rita, Rocha, Rose et all. Jovens na cena metropolitana. São Paulo: Paulinas, 2009.

Butler, Judith. Corpos em Aliança e Política das Ruas – Notas para uma teoria performativa de assembleia. Civilização Brasileira, 2018.

Certeau, Michel de (1994). A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes.

 

Garcia Canclini, Néstor (1995). Consumidores e Cidadãos: conflitos da globalização. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.

 

Goffman, Erving. Estigma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada, Rio de Janeiro, Editora LTC, 1988.

Hall, Stuart. Da Diáspora: identidade e mediações culturais. Organização de Liv Sovik. Tradução de Adelaide La Guardia. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: UNESCO, 2003.

Maffesoli, Michel. A contemplação do mundo. Tradução de Francisco Franke Settineri. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.

 

Rocha, Rose de Melo. Silva, Josimey Costa. Pereira, Simone Luci. Imaginários de uma outra diáspora: consumo, urbanidade e acontecimentos pós-periféricos. Galaxia (São Paulo, Online), n. 30, p. 99-111, dez. 2015.

 

Williams, Raymond. Cultura e sociedade: de Coleridge a Orwell. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

Yudice, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006

Palavras-chave: Cultura urbana; deriva; capoeira; resistência; corporalidade; São Paulo.

 

O Álbum Visual e a Reconfiguração do Álbum Fonográfico no Contemporâneo

Leonam Casagrande Dalla Vecchia

O álbum visual tornou-se popular à partir do lançamento de Beyoncé (2013), álbum homônimo  da artista norte-americana Beyoncé Knowles. Procurando resgatar uma prática específica de fruição pressuposto na audição de um álbum fonográfico completo, a artista se viu impelida a criar uma experiência que ultrapassasse a dimensão únicamente sonora da obra, permitindo que o seu público consumisse o álbum tanto à partir de suas sonoridades como também à partir de uma certa visualidade atrelada à noção de álbum. Nesse sentido, ao contrário do que muitos autores dos Estudos de Música prenunciam, argumentamos não haver uma "morte do álbum" na contemporâneo, e sim uma reconfiguração deste formato cultural (Waltenberg 2016), o qual aponta para novos modelos de produção, circulação e consumo da música popular massiva no ambiente digital. Trazemos à tona, portanto, a noção de reconfiguração do álbum fonográfico na contemporaneidade também enquanto um processo de lembrança e memória, o qual aponta na direção de uma atualização de experiências musicais consolidados no decorrer do século XX, e não a ruptura com formas e/ou práticas “antigas” de escuta..

 

Referências Bibliográficas

Carvalho, Alice Tomaz de e Rios, Riverson. 2009. “O MP3 e o fim da ditadura do álbum comercial”. In: Perpetuo, Irineu Franco e Silveira, Sergio Amadeu (Orgs.). O futuro da música depois da morte do CD. São Paulo: Momento Editorial.

Harisson, Cara. The Visual Album as a Hybrid Art-Form: A Case Study of Tradicional, Personal and Allusive Narratives in Beyoncé. 2014. 82 f. Dissertação de Mestrado em Cultura Visual - Lund University, Lund - Suécia.

Janotti Junior, Jeder Silveira. Música Popular Massiva e Gêneros Musicais: Produção e Consumo da Canção na Mídia. 2016. Revista DOSSIÊ – Comunicação, Mídia e Consumo – v. 3, n. 7. São Paulo/SP. Pp 31 – 47.

Straw, Will. 2009. The music CD and its ends. Design and Culture. Vol. 1, n. 1. UK: Berg.

Waltenberg, Lucas L. De Partituras a Aplicativos Móveis: Novas Convenções do Formato "Álbum de Música" na Cultura Digital. 2016. 201 f. Tese de Doutorado em Comunicação - Universidade Federal Fluminense, Niterói.


 Palavras-chave: Álbum Visual, Álbum Fonográfico, Videoclipe, Nostalgia

Narrativas, imaginário, identidade e memória – Considerações sobre o Ratos De Porão (R.D.P.)

Renan Marchesini de QUADROS SOUZA

Esta investigação busca compreender as relações entre narrativa, imaginário, identidade e memória partindo de uma perspectiva comunicacional da música, tendo como base o conjunto de punk rock/metal paulista Ratos De Porão (R.D.P.). Suas músicas reativam sentidos de imaginário e memória que constroem e reforçam os sentidos indenitários. 

Ao narrarem a história recente do Brasil em suas letras de realidade social, colocam em uma perspectiva convergente as diversas experiências que compõem uma memória que cria a identidade do grupo ao qual pertencem e para o qual se dirigem: punks e headbangers

Para tal debates utilizamos como aportes teóricos, Laplantine, Trindade, Hall, Maffesoli e González para tratar das identidades e do imaginário, Elsa Peralta, Beatriz Sarlo no que concerne as memórias, e Ricouer para as questões da narrativa inserida em determinados contextos temporais.

Palavras-chave: Imaginário, Memória, Identidade, Ratos de Porão (R.D.P.), Brasil.

 

 

 

A lenda desta paixão: o papel da memória social no ressurgimento da dupla Sandy e Júnior

Nicholas Novo Rivelli

Como se justifica, doze anos após o fim da carreira, o furor pela volta da dupla Sandy & Júnior? Seria este um exemplo do relacionamento entre memória, mídia e consumo da música? Viver a expectativa deste show é reconstruir a lembrança de uma carreira e o afeto da experiência vivida nos anos 80 e 90, no presente, e exemplifica o conceito de memória social proposto por Halbwachs (1925).  Evoluindo o entendimento de memória social, associado a outros autores, podemos considerá-la como um processo, que entrelaça passado e presente, e que pode reacender a paixão por um artista, a memória é considerada como processo comunicativo, sociocultural e memético-afetivo, como aponta Nunes (2017). Como ingrediente adicional está a mídia, que Assmann (1995) destaca seu papel em duas características: o processo, pois a mídia intermedeia, arquiva, transmite e fornece insumos para a criação da memória e o lugar, como repositório, que nos dias de hoje, é também pensar nas possibilidades impulsionadas pela tecnologia. Castells (1996) aponta que a rede se tornou tão compreensiva, diversa e maleável que é o ponto único do universo, enquanto Braga (2012) insere a noção de circuitos de comunicação e interação que moldam as experiências, chegando ao limite de uma memória tecno-humana, apresentada por Diamantaki (2003). Os temas memória, mídia e consumo estão no cerne de alguns processos socioculturais e justifica este trabalho, para a compreensão de fenômenos. Nesse sentido, será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica centrada na comunicação e memória social e sua interligação com o consumo.

 

Bibliografia

Assmann, J. (1995) ‘Collective Memory and Cultural Identity’, New German Critique 65: 125–33.

Castells M., (1996). The Rise of the Network Society. The Information Age: Economy, Society and Culture vol. I, Cambridge, MA; Oxford

Diamantaki Katerina (2003). Memory and History in the age of digital media. Acessado em 08/05/2019. Disponível em: https://www.academia.edu/5102182/Memory_and_History_in_the_age_of_digital_media

Halbwachs, M. (1925) ‘The Social Frameworks of Memory’ (extract), in M. Halbwachs On Collective Memory, ed. and trans. L.A. Coser, pp. 37–192. Chicago: The University of Chicago Press.

Monica Rebecca Ferrari Nunes (2017). Cosplay, steampunk e medievalismo: memória e consumo nas teatralidades juvenis, Ed Sulina – Porto Alegre.

Palavras-chave: Memória, comunicação, Consumo, Mídia, Música

 

Ouvindo o fantasma dentro da máquina: ressonâncias de uma memória da tecnocultura na paisagem sonora dos videogames

Eduardo Harry Luersen

memória das mídias, tecnocultura contemporânea, arqueologia das mídias, memória dos sons, game audio

Em ficções científicas, com frequência os fantasmas dos mortos se comunicam através de máquinas, normalmente através de falhas, interrupções ou ruídos na sua operação habitual, como produtos de um acontecimento inesperado. Ao longo da história do desenvolvimento de novas tecnologias (passando pelo fonógrafo e pelo rádio), estas narrativas encontram-se com pretensões científicas de captar sinais sonoros enquanto sinais vitais, não apenas dos mortos como de formas desconhecidas de vida.

À nossa pesquisa, importa menos a legitimidade científica destas propostas do que uma constatação sobre seu caráter estético: o modo pelo qual operam torna aparente como cada transformação tecnológica produz, endemicamente, novos fantasmas audiovisuais. Na medida em que a eletricidade se tornou um condutor cotidiano de energia no último século, a sonoridade das falhas elétricas passou a coabitar o parque sonoro das alavancas, rangidos e colisões que compunha o milieu técnico mecânico. Assim como os estalidos elétricos e os roncos dos motores ainda acompanham, no sound design do audiovisual contemporâneo, toda uma vazão de novos ruídos proporcionados pela tessitura das tecnoestéticas digitais.

Neste trabalho, argumentamos em direção a uma compreensão destes fantasmas da memória das mídias enquanto processos de criação – motivo pelo qual também o justificamos no contexto da atual chamada. Já no final do século XIX, Henri Bergson recobrava uma definição da memória enquanto um processo criador, problematizando a concepção vigente que a entendia como um acervo ou inventário a espera de ser preenchido. Neste sentido, propomos que os fantasmas das outras mídias que coabitam abundantemente as sonoridades dos jogos digitais, de modo mais amplo, comparecem como lembranças a partir das quais a própria cultura torna audível o papel das interferências e da remodelagem de sonoridades no processo instável de organização criativa de ecologia audiovisual contemporânea. A análise é informada por procedimentos de inspiração mídia-arqueológica desenvolvidos na tese em curso.

 

 

Vai, malandra: estratégias de visibilidade presentes na performance musical da cantora Anitta.

Dariane Lima Arantes

 O artigo se dedica, a partir da articulação entre comunicação e culturas do consumo, a refletir sobre os sentidos e tensões presentes na performance musical da cantora Anitta, no videoclipe “Vai, malandra”, lançado em dezembro de 2017. Centramos o debate nas visibilidades sociais que emanam dessa cena audiovisual, indagando como os fluxos identitários e culturais que dela emergem dialogam com realidades sociais e contextos culturais, atrelados às subjetividades, disputas simbólicas e imaginários, em um cenário permeado por lógicas de branqueamento. O objetivo principal é identificar quais os sentidos de negritude que emergem dessa produção audiovisual e suas possíveis associações com políticas de branqueamento que envolvem o contexto brasileiro, principalmente, no que concerne a produções musicais voltadas ao entretenimento, como os videoclipes. Nossa reflexão, utiliza ferramentas multimetodológicas que tomam a centralidade do formato audiovisual no contexto sociocultural brasileiro e nas culturas do consumo como eixo principal de observação. Esta análise se justifica por se propor a desconstruir elementos essencialistas derivados de discursos hegemônicos, que legitimam a construção social estigmatizada, que inferioriza aqueles considerados fora do padrão hegemônico de branquitude. Considerando, para tanto, a mídia enquanto lugar privilegiado para se refletir sobre os fluxos identitários e culturais que emergem de produções audiovisuais musicais. Nosso quadro teórico mobiliza autores como Martín-Barbero (1997) para pensar o popular como lugar metodológico, a partir das representações da favela carioca presentes no videoclipe, além das reflexões de Canclini (1998); Hall (2003) e Sovik (2009) para indagar as ambivalências presentes na performance musical de Anitta, no que se refere a questões atreladas a negritude, políticas de branqueamento e identidades mestiças; e, por fim, Thiago Soares (2013) para investigar as produções de sentidos que emanam de produções musicais, como os videoclipes. A partir da performance musical de Anitta, observamos que o corpo e seus atributos físicos, constituem-se como territórios de disputas identitárias, onde a mídia se configura como “palco”, ao visibilizar esses embates.

Palavras-chave: Comunicação e consumo, performance musical, videoclipe, identidades mestiças, Anitta.

 

MÚSICA, RE-EXISTÊNCIA E DISPUTA POR VISIBILIDADE: Festival Ouvidor 63 Resiste!

Lucimara Rett, Everton Vitor Pontes da Silva

O Centro Cultural Ocupa Ouvidor é uma ocupação protagonizada, desde o ano de 2014, por artistas em um edifício localizado no Vale do Anhangabaú, na região central da cidade de São Paulo. A construção, ao ser abandonada pelo governo do estado de São Paulo, foi ocupada, com diversos intuitos e hoje abriga o coletivo de artistas Ocupa Ouvidor 63.

Diante da ameaça da reintegração de posse requisitada pelo governo, o coletivo se mobilizou em várias frentes, sendo que nesta proposta, investigamos um festival que comemora os 5 anos de existência do Ocupa Ouvidor 63. O evento aconteceu no próprio local, entre os dias 22 e 31 de março de 2019.

Inferimos que a música é uma das principais ferramentas de luta por visibilidade durante o festival, servindo de élan entre as diversas atividades oferecidas durante a programação do evento. Este trabalho, de caráter exploratório, consiste em se discorrer sobre uma pesquisa de inspiração etnográfica realizada durante o festival, observando-se a relevância da música e suas inter-relações com as demais linguagens artísticas que compõem o festival. 

Ressaltamos que o presente trabalho foi realizado com recursos de uma bolsa PDS do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Referências

CERTEAU, Michel de. A Cultura no Plural. Campinas: Papirus Editora, 1995.

HALL, Stuart. "Quem precisa da identidade?". Petrópolis: Vozes, 2000.

HARVEY, David. O direito à cidade. Lutas Sociais, São Paulo, n. 29, julho/dezembro, 2012.

MACIEL, et. al. Entextualizações em Eventos de Letramentos de Arte e Reexistência das Juventudes: Ressignificar para Reexistir em Contextos Periféricos. São Paulo: Revista da ABPN, v. 10, Ed. Especial - Caderno Temático: Letramento de Reexistencia, 2018.

WOODSIDE, Julián; JIMÉNEZ, Claudia. Creación, socialización y nuevas tecnologias en la produción musical. In: CANCLINI, Néstor Garcia; CRUCES, Francisco; POZO, Maritza Urteaga Castro (orgs). Jóvenes, culturas urbanas y redes digitales: prácticas emergentes em las artes, las editoriales y la música. Barcelona, España: Ariel S.A., 2012. p. 90-107.

 

Palavras-chave: Culturas urbanas, territorialidades musicais, re-existência, brechas, Ocupa Ouvidor 63!

"Bossa Nova em francês : memória e história da música popular brasileira"

Nancy Aparecida Alves

 

As relações de simpatia mútua entre brasileiros e franceses, no âmbito da cultura popular, resultaram não apenas em acontecimentos históricos como também na difusão internacional para a música brasileira, desde sucessos obtidos pelo samba e o choro dos 8 Batutas na década de 20, da Bossa Nova de Baden Powell e de Vinícius de Moraes nos anos 60, como no entusiasmado reconhecimento da qualidade de nossos compositores e intérpretes em terras francesas – Chico Buarque, Tom Jobim, Milton Nascimento, Gilberto Gil ou Maria Bethânia, entre tantos outros. Boa parte dessa tradicional acolhida ainda se estende e favorece a participação constante de nossos instrumentistas e cantores no reconhecido Festival de Montreaux, por exemplo. Dentre inúmeros temas possíveis, escolhemos pontuar e examinar - por meio da escuta de algumas canções-chave -, a importância do diálogo musical entre os dois países para a moderna música popular brasileira, que favoreceram o boom e a internacionalização da Bossa Nova no exterior, começando pelos filmes Orfeu Negro  (Marcel Camus, 1959), lançado antes mesmo do famoso concerto do Carnegie Hall (Nova Iorque, 1962), e Un homme et une femme (Claude Lelouch, 1966), ganhador do Oscar de melhor trilha sonora, culminando com a ida de Elis Regina ao Midem (Cannes) e ao Olympia (Paris) em 1969. Desse contato, surgiram inúmeras versões em francês- e com elas, compositores e intérpretes como Pierre Barouh, Eddy Marnay, Jean Sablon, Dalida, Caterina Valente e outros - protagonistas que contribuíram para a divulgação de nossa música lá fora. 

Palavras-chave: música, memória, história, intercultural, bossa nova.

 

A memória e a canção: uma análise do desafio biográfico da trilha sonora de documentários musicais brasileiros contemporâneos

Márcia Carvalho

 

Nesta comunicação pretendo apresentar as diferentes perspectivas sonoras da produção de documentários musicais brasileiros contemporâneos, investigando a voz, as paisagens sonoras e a música nas trilhas de narrativas biográficas sobre personagens da história da música popular brasileira. Esta análise busca entender os modos de representação da história da música e de músicos na construção de narrativas biográficas realizadas a partir de depoimentos, entrevistas, materiais audiovisuais de arquivo e performances musicais que articulam vida e obra de forma aberta à dialética da memória. Para isso, irei sumarizar alguns resultados da minha pesquisa de pós-doutorado intitulada “O som do retrato: análise de narrativas biográficas em documentários musicais brasileiros”, realizada na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

 

Referências

CARVALHO, Márcia. “O documentário biográfico e a escrita da história: análise da narrativa de Fabricando Tom Zé”, in: MAIA, Guilherme; ZAVALA, Lauro (org.). Cinema musical na América Latina: aproximações contemporâneas. Salvador: EDUFBA, 2018, p. 533-551.

__________. A canção no cinema brasileiro. São Paulo: Alameda, FAPESP, 2015.

__________. Documentário e modos de produção. Saasbrucken: Novas edições acadêmicas, 2015

__________.  “O som do retrato: análise de narrativas biográficas em documentários musicais brasileiros”. Relatório (Pós-doutorado). São Paulo: Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, 2015.

PRIORE, Mary Del. “Biografia: quando o indivíduo encontra a história”, in: Topoi Revista de História, v. 10, n. 19, Rio de Janeiro: UFRJ, 2009, p. 7-16.

POLLAK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio”, in: Revista Estudos Históricos, v.2, n.3, Rio de Janeiro, 1989, p. 3-15.

SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: Editora da UNESP, 1991.

SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira: Das origens à modernidade. São Paulo: 34, 2008.

VINCI DE MORAES, José Geraldo. “História e música: canção popular e conhecimento histórico”. In: Revista Brasileira de História, v. 20, n. 39, São Paulo, 2000, p. 203-221.

ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

Palavras-chave: documentário, trilha sonora, canção no cinema brasileiro, história da música popular brasileira, memória

 

Girls Rock Camp: Riot Grrrl, continuidade subcultural e memória

Gabriela Cleveston Gelain

O artigo trata-se de uma pesquisa exploratória acerca de um mapeamento dos coletivos de mulheres envolvidas com música em Porto Alegre: de que modo as subjetividades e afetividades geradas no encontro de mulheres do Girls Rock Camp (GRC) de Porto Alegre estimulam as cenas (musicais e femininas) locais? Realizamos um mapeamento online e com inspirações etnográficas ao longo do segundo semestre de 2018 acerca destes grupos, bem como participamos do GRC de 2017, 2018 e 2019. Deste modo, partimos de teorias sobre gênero e música, continuidade subcultural (Schilt, 2012), da mulheres na história da música popular (Suárez, 2004) e da memória do movimento Riot Grrrl no Brasil (Gelain, 2017), que inspirou o surgimento dos GRC nos Estados Unidos e a terceira onda do movimento feminista. Também desenvolvemos um estado da arte inicial a partir das palavras-chave “mulheres”, “feminino”, “música” e “consumo” com o uso de operadores booleanos na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e no PorCom. Visualizamos as mulheres envolvidas com o GRC compartilham suas vivências para impulsionar outras iniciativas que reconheçam e estimulem o fortalecimento de uma rede feminina em prol da sororidade. Deste modo, essas distintas sonoridades, ritmos e melodias parecem estabelecer uma nova forma de participação política e cultural nestas cidades. Com relação ao Estado da Arte, percebemos não haver muitas produções a respeito da relação entre mulheres e música na área da Comunicação. Quando o foco das pesquisas recai nessas temáticas, a produção em programas de pós-graduação como Música, Letras, Educação, História, Sociologia e Antropologia destacam-se.

 

REFERÊNCIAS

GELAIN, Gabriela Cleveston (2017). Releituras, Transições e Dissidências da Subcultura Feminista Riot Grrrl no Brasil. 177 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação), Universidade Federal do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo. 

SCHILT, Kristen (2012); GIFFORT, Danielle. “Strong riot women” and the continuity of feminist subcultural participation. In: BENNETT, A.; HODKINSON, P. Ageing and youth culture: music, style and identity. London: Berg.

SUÁREZ, Laura Viñuela (2004). La perspectiva de Género e la música popular: dos nuevos retos para la musicologia. Coleccion Alternativas. Ediciones KRK. Universidade de Oviedo. 140p.

 

Palavras-chave: Estado da Arte, Música, Subcultura, Mulheres. Memória.

 

A Memória da Polifonia vocal no Funk

Thiago Barbosa Alves de Souza

Este artigo aborda a tendência emergente, observada em diversos funks do ano de 2018, de sobrepor várias camadas de voz na base musical. Abandonando o paradigma dos chamados samples, que eram fragmentos musicais extraídos de outras gravações, o uso de várias camadas de voz aproxima as composições do gênero de uma escuta polifônica medieval e renascentista. Também traz a mesma problemática que acompanha a polifonia vocal quanto a ininteligibilidade da palavra cantada. Utiliza-se aqui como modelos de descrição desta sobreposição vocal no Funk diversas músicas lançadas no ano de 2018, culminando em Então Desce do Carro (2018), dos MC’s MR Bim e Kitinho, com produção musical do DJ KR3, em que há várias vozes sobrepostas na base musical que acompanha o ritmo do Funk. Utilizando diversas ideias de Muray Schafer, Diana Deutsch, Allan W. Atlas, Richard Middelton e Carlos Palombini, este texto busca formalizar esta maneira, que acreditamos estar em ascensão, de elaborar e ouvir o Funk, constituindo assim um novo marco estilístico na História deste gênero. Ao mesmo tempo, estabelecemos alguns caminhos para uma significação sonora e linguística – a partir de uma concepção jakobsoniana – para esse comportamento polifônico nas obras.

 

Atlas, Allan W. Renaissance Music: Music in Western Europe – 1400-1600. New York: W. W. Norton & Company, 1998.

Deutsch, D., Henthorn, T., and Lapidis, R. Illusory transformation from speech to song. Journal of the Acoustical Society of America, 2011, 129, 2245-2252.

Jakobson, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução: Izidoro Blikstein. 22.ed. São

Paulo: Editora Pensamento-Cultrix LTDA. 2010.

Middleton, Richard. Popular Music Analysis and Musicology: bridging the gap. Revista: Popular Music, Vol. 12, N. 2 (maio, 1993), p.177 - 190. Cambridge University Press.

Palombini, Carlos. Do volt-mix ao tamborzão: morfologias comparadas e neurose. Anais do IV Simpom, 2016. Disponível em <Do volt-mix ao tamborzão: morfologias comparadas e neurose. <http://www.seer.unirio.br/index.php/simpom/article/view/5598/5055>. Acesso em 24 de Maio de 2019.

Schaeffer, Pierre. Traité des Objets Musicaux: essai interdisciplines. Paris: Éditions Du Seuil, 1966.

 

Schafer, Murray. O Ouvido Pensante.2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

Palavras-chave: Funk, Polifonia Vocal, História da Música, Musicologia, Mc Mr Bim e Mc Kitinho

 

Memória e Intertextualidade na obra de Gilberto Mendes: décadas de 1980 e 1990.

Rita de Cássia Domingues dos Santos

Gilberto Mendes (1922-2016) escreveu dois livros onde traz suas memórias se consubstanciando em sua fatura composicional. Isto é constatado pelos procedimentos intertextuais recorrentes em suas obras, sendo o objetivo principal desta comunicação demonstrar a intertextualidade presente em obras das décadas de 1980 e 1990. O marco teórico desta pesquisa é fundado em autores que discutem a intertextualidade como Everett, Hutcheon, Ap Siôn e Straus. A metodologia usada para a análise de três obras para piano e três obras para formações orquestrais foi a das categorizações intertextuais de Straus e Ap Siôn, além do emprego da Teoria da Paródia de Hutcheon (2000) pelo viés analítico de Everett (2004). Como resultado, desvelaram-se as camadas paródicas e de ironia nas seis obras analisadas: Três Contos de Cortázar, O Último Tango em Vila Parisi, Il Neige de Nouveau!; Für Anette; Abertura de Ópera Issa e Viva Villa II. Segundo Hutcheon, a relevância da paródia e da ironia tem relação com o conhecimento prévio de um código, estabelecendo a evocação pela memória e o reuso dele com diferença. Relevante foi a constatação do predomínio de uma intertextualidade categorizada por Ap Siôn (2007) como intertextualidade intratextual, a refletir o mecanismo de memória atuando no processo composicional de Mendes, através de reminiscências de obras anteriores do mesmo compositor que se manifestam nas obras analisadas, ou seja, quando consideramos o conjunto total da obra de um compositor como um grande texto. Por fim, também foram aplicadas as categorias de Straus (1990) nas análises, sendo desveladas as categorizações denominadas CentralizaçãoGeneralização, Fragmentação e Neutralização.

REFERÊNCIAS

Ap Siôn, Pwyll. 2007. The Music of Michael Nyman: Texts, contexts and intertexts. Aldershot: Ashgate.

Everett, Yayoi Uno. 2004. Parody with an Ironic Edge: Dramatic Works by Kurt Weill, Peter Maxwell Davies, and Louis Andriessen. Disponível em: <http://www.mtosmt.org/issues/mto.04.10.4/mto.04.10.4.y_everett.html>. Acesso em: 19 jan. 2018.

Hutcheon, Linda. 2000. A theory of parody. Urbana: University of Illinois Press. 

Hutcheon, Linda. 1995. Irony’s Edge. New York: Routledge. 

Straus, Joseph. 1990. Remaking the past. Harvard: Harvard University Press.

Palavras-chave: Intertextualidade; Gilberto Mendes; Memória.

 

A música na sala de aula: valorização da memória sócio-histórica através de metodologias ativas de ensino-aprendizagem.

Pablo Laignier

O objetivo deste trabalho é analisar a importância do uso da música como elemento de valorização da memória sócio-histórica em disciplinas do ensino superior cuja ementa esteja relacionada a conteúdos históricos. Em um contexto de crise nos modelos de educação, o conceito de Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem vem sendo apresentado por diversos autores do campo da pedagogia como uma forma de tornar o ensino universitário mais vinculado ao contexto atual. Dentre as possibilidades existentes, atividades de pesquisa em grupo que estejam relacionadas à música podem estimular um interesse dos discentes à valorização da memória sócio-histórica, pois a música é uma atividade que possui um caráter lúdico. Tratar de temas mportantes a partir da música e de suas possibilidades de resgate da memória cultural de um determinado local pode criar uma empatia maior entre os discentes e os conteúdos, pois torna mais estimulante a tarefa de estudá-los. Assim, este artigo é constituído por uma primeira seção que discute a crise no modelo de ensino atual a partir de uma análise do contexto social contemporâneo midiatizado, usando como marco teórico autores como Muniz Sodré, Lucia Santaella e Zygmunt Bauman. A segunda seção é constituída por uma análise do conceito de Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem, com base em artigos acadêmicos atuais brasileiros sobre o tema. A terceira seção apresenta algumas possibilidades de atividades que utilizam a música como elemento para a manutenção da memória sócio-histórica nas disciplinas de cunho histórico, com base em relato de experiência do próprio pesquisador em sala de aula.

 

Referências: 

BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude: conversas com Riccardo Mazzeo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2013.

DIESEL, Aline; BALDEZ, Alda Leila Santos; MARTINS, Silvana Neumann. “Os princípios das metodologias ativas de ensino: uma abordagem teórica”. In: Revista Thema, v. 14, n. 1, 2017.

LEVITIN, Daniel J. A música no seu cérebro: a ciência de uma obsessão humana. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2010.

SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua: repercussões na cultura e na educação. São Paulo: Ed. Paulus, 2013.

 

SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 2002.

Palavras-chave: Música, Mídia, Memória, Metodologias Ativas, História.

 

Por uma Memória Inclusiva na Musicologia: o Funk e Rap

Rafael Hermés Mondoni Moreira; Thiago Barbosa Alves de Souza, Thiago Barbosa Alves de Souza

 

Partindo da constatação de que o registro histórico musicológico traz consigo a seleção e exclusão daquilo que deve entrar ou não no cânone historiográfico, este artigo aborda a entrada de manifestações populares como o Funk e o Rap na bibliografia musicológica brasileira. Ao mesmo tempo, tem o objetivo de analisar os processos de seleção e exclusão arquivológicos dentro do registro histórico desses mesmos gêneros, para se poder estabelecer a causa musical ou musicológica da seleção ou exclusão de repertório na memória histórica.

Uma das perguntas que move este trabalho é quais são os elementos musicais, para além de fatores sociais e mercadológicos, que causam o estabelecimento e exclusão de um cânone histórico de um determinado gênero musical. Para responder, compararemos o estudo musicológico destes gêneros feito no Brasil (Palombini, 2019), com as abordagens realizados por alguns musicólogos, entre eles Georgina Born (1995) na música de vanguarda e Richard Middleton (1993) na música pop.

Desta forma, a justificativa desta abordagem é expor alguns caminhos de análise musical que não excluam ou que dêem conta de um maior número de gêneros musicais que são marginalizados.

Georgina, Born. Rationalizing Culture: IRCAM, Boulez, and the Institutionalization of the Musical Avant-Garde. University of California Press, 1995.

Middleton, Richard. Popular Music Analysis and Musicology: bridging the gap. Revista: Popular Music, Vol. 12, N. 2 (maio, 1993), p.177 - 190. Cambridge University Press.

Palombini, Carlos. Música do tempo presente e intenção de escuta. In: Vermes, M; Holler, M. Perspectivas para a pesquisa e o ensino em história da música na contemporaneidade. 1 Ed. São Paulo: ANPPOM, 2019.

Small, Christopher. Musicking: the meanings of performing and listening. New York: Wesleyan University Press, 1998.

Schaeffer, Pierre. Traité des Objets Musicaux: essai interdisciplines. Paris: Éditions Du Seuil, 1966.

Schafer, Murray. O Ouvido Pensante.2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

Palavras-chave: Funk, Rap, Musicologia, Cultura Pop, Historiografia da Música.

 

Memória na música digital: o sampling da obra de Arthur Verocai

Deivison Brito Nogueira

O artigo busca compreender a maneira como disco homônimo do maestro e arranjador brasileiro Arthur Verocai (Continental, 1972), foi rejeitado pelo público e pela gravadora, esquecido por exatos 40 anos. Redescoberto e aclamado por DJs e rappers nacionais e estrangeiros, eles o utilizam em seus arranjos como samples. Dois aspectos são importantes: o ressurgimento da obra do artista em outro contexto cultural, procedimento da “cultura do remix” e a fruição da obra de arte como “obra aberta”. Justifica-se a elaboração do artigo como forma de contribuir para um quadro de referências ainda escasso em relação ao objeto proposto e aos estudos sobre memória nas mídias. Os objetivos são: a) compreender como a obra ficou esquecida durante anos; b) verificar quais novos contornos a obra ganha com o sampling, fora de seu contexto de criação; c) analisar como a transposição e a hibridização geram inovações musicais. Utilizaremos como procedimento metodológico pesquisa documental e pesquisa bibliográfica. O referencial teórico será a semiótica da cultura via Iuri Lotman, os conceitos de “obra aberta”, de Umberto Eco, e de “hibridismo cultural”, de Néstor García Canclini.

Palavras-chave: música, mídia, memória, sampling, Arthur Verocai

 

FON-FON 1920-1930: Por um esboço da recepção dos aparelhos-tecnológico musicais

Joabe Guilherme Oliveira

No contexto atual, é perceptível o crescimento do mercado tecnológico e do seu público de consumidores nos mais diversos campos da ciência, principalmente na música que está inserida em uma “indústria cultural”, que, por conseguinte, vem acarretando uma série de transformações na ordem de quem ouve e quem cria. Portanto, se faz necessário a pesquisa sobre esta mediação que se dá entre tecnologia e ouvinte, que foram gestacionadas e difundidas na primeira metade do século XX, com o fim de contribuir para os estudos sobre a música e a tecnologia, que como disse anteriormente, vem crescendo cada vez mais, e se fundindo aos elementos que nos cercam. O presente trabalho procura apresentar através de textos e propagandas da revista Fon-Fon, o processo “moderado” da recepção dos aparelhos tecnológicos musicais, em contraste com as mudanças que estes mesmos traziam no plano dos parâmetros do som, dos ambientes de escuta e na interferência do ouvinte na representação da obra. Iazzetta (2009), por exemplo, chama-nos a atenção aos processos de fragmentação e seleção daquilo que o ouvinte julga mais significativo para ser escutado, e da aparelhagem dos nossos modos de produção musical. Sevcenko, em seu texto (2006), aponta as intensas mudanças que trouxera a chamada “Revolução Científico-Tecnológica”, principalmente no contexto da sociedade carioca em que circulava a revista Fon-Fon. Castoriadis (2000) apresenta conceitos interessantes, sobre o imaginário e as instituições. Sterne (2003) examina as condições sociais que deram origem a esses aparelhos tecnológico-musicais. E Szendy (2003) expõe teorias acerca do “aparelhamento da escuta” por essas novas tecnologias. No cenário musical da primeira metade do século XX, se faz manifesta a mudança dos elementos que constitui parte da escuta através dos novos aparelhos musicais. E pensando nisso, por meio de uma análise das propagandas e outros dados que a revista externa, poderá se observar como se dá a relação entre as instituições e o imaginário através de seus símbolos. A investigação sobre a disseminação dos meios reprodução e gravação, além de nos nortear como se dá essa recepção, mostra-nos também um pouco de como as instituições (indústria fonográfica) operam. 

Palavras-chave: Fon-Fon, Belle Époque, Fonógrafo, Gramofone, Vitrola

 

O fantasma da Muzak: a persistência da racionalização sônica na curadoria musical algorítmica em plataformas de streaming

Henrique Rocha de Souza Lima

O artigo apresenta uma apreciação crítica da atuação de operações de inteligência artificial nos processos de seleção e consolidação de arquivos musicais personalizados, a partir de bibliografia articulada na intersecção entre sound studies e estudos culturais críticos.  Metodologia: aprecia-se o atual estado de coisas de curadoria algorítmica de conteúdos musicais dispostos online a partir de uma perspectiva histórico-genealógica. Para tal, descreve-se um conjunto de estratégias básicas de racionalização da escuta e da produção musical aplicados ao longo do século XX por uma empresa específica: a Muzak. Marco teórico: O século XX deixou como legado um repertório variado de capitalização do consumo sônico, dentre o qual se destacou o dispositivo de racionalização da produção e da escuta musical que se apresentou ao longo do último século como “música cientificamente programada”. O atual estágio de mediação algorítmica sobre repertórios e consumo musical massivo pode ser entendido como um momento específico de um quadro mais amplo da Razão Instrumental em seus modus operandi de disciplina (Foucault, 1975) e controle (Deleuze, 1991), em especial sob a forma do controle por modulação afetiva (Goodman, 2010; Lima 2018). Justificativa: a ampla atuação de inteligência artificial como mediação da experiência de um arquivo musical em plataformas online é uma marca expressiva do modo operatório atual das indústrias culturais. No lugar dos antigos modelos de paradas de sucesso e executivos de selos musicais, encontram-se hoje algoritmos e editores de canais corporativos. Um algoritmo é capaz de apresentar seleções de repertório musical personalizadas, em resposta a comportamentos de um dado perfil de usuário. No entanto, assim como essa inteligência tem suas capacidades, ela tem seus limites Resultados: A curadoria musical automatizada feita em um regime de aprendizado de máquina tem o seu modo particular de eficácia, mas favorece a consolidação de retroalimentação entre ações de usuários e seleção cultural automática (Kirn, 2018). Em face deste problema, a curadoria musical humana ganha uma nova relevância. O fator humano na curadoria musical deixa evidente o fato de que temas históricos, sociológicos e antropológicos são de extrema relevância para a consolidação de arquivos musicais que ultrapassam a experiência meramente funcional da música.

 

Palavras-chave: Inteligência Artificial, Algoritmo, Aprendizado de Máquina, Playlist, Streaming.

A música nordestina enquanto instrumento de produção de memória regional no século XX

Renata Louriane Moreira da Silva Menezes Constant

 

A partir da hipótese de que as expressões artísticas servem como instrumentos no processo de construção de uma memória social, neste trabalho fazemos uma análise das canções nordestinas do século XX para identificar como elas ajudaram a criar narrativas sobre a Região Nordeste e estabelecer uma memória local. 

Para compreender a formação da memória coletiva, tomamos os escritos de Anderson (2008), sobre a formação de comunidades pelo compartilhamento de símbolos e narrativas, e de Hobsbawn (2018), sobre a formação de tradições pela seleção e exclusão de elementos socioculturais. Além disso, evocamos os escritos de Albuquerque Junior (2009) e Penna (1992) para compreender os sentidos que são conferidos à Região Nordeste, e Trotta (2014) sobre o desenvolvimento da canção nordestina.

Nesse sentido, propomo-nos a analisar canções lançadas em diferentes momentos. "Asa Branca", por exemplo, tornou-se um hino ao apresentar um retrato sobre as migrações para o Sudeste, abordando o clima seco e as paisagens áridas com o uso de uma instrumentação tradicional, com o trio triângulo-zabumba-sanfona. “Menina Jesus”, por sua vez, trata com ironia os desejos consumistas do migrante que precisa se inserir na dinâmica das cidades grandes, usando instrumentos tradicionais em arranjo com guitarras e baixos elétricos.

Dessa maneira, é possível observar como as linguagens e até mesmo os sentidos se alteram com o tempo, mas as narrativas sobre a migração, suas causas e consequências se mantêm como parte fundamental para a memória da região.

Referências

ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 2009.

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

DREYFUS, Dominique. Vida do viajante: a saga de Luiz Gonzaga. São Paulo: Editora 34, 2012.

HOBSBAWN, Eric. A invenção das tradições. São Paulo: Paz e Terra, 2018.

PENNA, Maura. O que faz ser nordestino: identidades sociais, interesses e o “escândalo” Erundina. São Paulo: Cortez, 1992.

TROTTA, Felipe. No Ceará não tem disso não: nordestinidade e macheza no forró contemporâneo. Rio de Janeiro: Folio Digital, 2014.

Palavras-chave: Nordeste; música e memória; música regional

 

Fenomenologia, Psicoacústica e Performances: Proposta interdisciplinar de ensino aprendizagem.

Yasmin Marques de Freitas

Fenomenologia, Psicoacústica e Performances: Proposta interdisciplinar de ensino aprendizagem.

O presente trabalho tem como objetivo ampliar uma discussão interdisciplinar sobre métodos e propostas pedagógicas relacionados a modos de escuta, contudo, conduzidos por experiências sensoriais e a parâmetros psicoacusticos como elementos significativos na constituição da consciência sonora. Para tanto, serão analisadas e utilizadas como fundamentação teórico-prático a preparação de performances em práticas de bandas marciais Sousa (2014) ligadas a marchas e deslocamentos físicos como elementos orgânicos no desenvolvendo da percepção musical e na construção de imagens mentais, sobretudo, a fenomenologias e psicoacústica, Chagas (2018). Como proposta metodológica de ensino-aprendizagem, foram desenvolvidas dinâmicas sonoras sob dois objetivos: 1) Constituir uma escuta afetiva dos lugares, sobretudo, ressignificando o espaço escolar a partir de práticas de Sound Walking, Schafer (1970). 2) Utilização de formas espirais Swanwick (1986) e infinito em performances-dinâmicas para auxiliar intuitivamente na constituição de imagens mentais e no desenvolvimento de parâmetros psicoacusticos. A cerca do elemento sonoro como papel fundamental da pesquisa, apresento de forma didática e explicativa Iazzetta (2015) para com os alunos da escola EMEF Edna Galdino de Mattos – ES/Vitória, conceitos de escuta condicionada e subjetiva sob experiências vivenciadas e a parâmetros Schafferiano (1966) de modos de escuta. Por fim, de forma lúdica e comunicativa, foram discutidas e coletadas respostas afetivas e sensoriais através de experiências auditivas e questionário pré-estruturado.  Da justificativa encontro nos modos de escuta um lugar interdisciplinar propício a gerar novas estratégias de ensino, sobretudo, centralizando os sujeitos e seus respectivos lugares.  

Palavras-chave: Som, Fenomenologia, Psicoacústica, Performance.

Bibliográfia

Iazzeta, Fernando.  Estudos do som: Campos em gestação. Centro de pesquisa e formação/SESC, 2015.

Chagas, Paulo. Som, Espaço e afeto: Fenomenologia e Psicoacústica. Notas Preliminares. 14° Encontro Internacional de Música e Mídia, Musimid, SP, 2018.

Schaffer, Pierre.  Traité des objets musicaux: essais interdisciplines. Éditions du Seuil. Paris, 1966.

Grossi, Cristina.  As idéias de Keith Swanwick aplicadas na percepção musical. PPGM/UNIRIO, 2014.

Sousa, Aurélio de N.  Preparação da Performance na prática de Bandas de Música. SIMPOM: Teoria e Prática da Execução Musical, UFG/Mestrado, 2014.

Palavras-chave: Som, Fenomenologia, Psicoacústica, Performance.

 

Revitalização musical: A memória através das músicas dos DJs brasileiros.

Itaiara Andrade Tavares, Katarina Gadelha, Eduardo Macedo

 

O objetivo deste trabalho é discutir as práticas de remix e suas possibilidades de acionar a memória cultural em um contexto midiático, analisando esta ferramenta que não somente reconfigura a estética da música, mas atua como meio de proporcionar aos indivíduos a sensação saudosista de poder voltar no tempo devido aos vínculos emotivos e culturais. A figura do DJ é a que melhor caracteriza a atividade do remix, pois ao utilizar a transformação musical estendendo ritmos com o propósito de manter as pessoas dançando, resgata e reformula estilos musicais. O remix passou a ser pesquisado pela área da comunicação, enquanto conjunto de práticas culturais contemporâneas, pelos seguintes motivos: 1) Está ligado intrinsecamente à cibercultura, que tem como princípio o conjunto de práticas sociais e comunicacionais de combinações de informação a partir das tecnologias digitais (LEMOS, 2005); Trata-se de um elemento cultural que fragmenta o produto musical e torna possível a conexão territorial, emocional e midiática com o público, conforme Lyotard compara essa relação da vida cotidiana com o uso de fragmentos (LYOTARD, 2003); e possibilita o reconhecimento de uma ou mais músicas originais e seus vestígios (LEÃO, 2016). Neste artigo, foram analisados os trabalhos de DJs das cinco regiões brasileiras, com o intuito de avaliar o impacto e a influência musical que essa atividade vem gerando no país. Portanto, a primeira seção apresenta a história do remix, descrevendo as principais características dessa atividade; a segunda seção efetua uma análise empírica do ambiente musical brasileiro e das reconfigurações realizadas pelos DJs nacionais selecionados a partir de critérios como o destaque medido através de números de acessos às plataformas midiáticas Youtube e Spotify e também a relevância dos mesmos no meio musical nacional e internacional; a terceira seção estabelece um debate sobre o remix e seu impacto no âmbito cultural, possibilitando ao público uma relação com o passado através de partes musicais. Os DJs analisados no trabalho são: Renan da Penha e Dennis Dj (sudeste), Alok (Centro-Oeste), José Pinteiro (Nordeste), Jord (Norte) e Henrique D’Agostini (Sul).

Palavras-chave: Música; Mídia; Cultura; Memória; Remix.

 

"Nossa fonte de som e imagem": narrativas e disputas de memória sobre a MTV Brasil (1999)

Carlos Eduardo Pereira de Oliveira

O presente artigo tem por objetivo analisar narrativas construídas sobre a MTV Brasil, articulando memória e choques geracionais. O problema se desenhou sobre as disputas de memória acerca do canal televisivo, empreendidas, principalmente, no ano de 1999, considerado um marco temporal dentro da sua trajetória. Assim, temos uma geração anterior – tanto de funcionários quanto de espectadores – em embate com uma nova que se molda na virada do século. Para realizar essa pesquisa, utilizei um conjunto de fontes que dividi em duas partes: a primeira, matérias do jornal Folha de São Paulo e o Dossiê Universo Jovem, todos de 1999; a segunda, entrevistas e biografias de ex-funcionários, todas após o encerramento das atividades da emissora, em 2013. Com isso, analisei a mudança em sua programação, focando em programas que abordavam aspectos comportamentais, e abrindo espaço para gêneros considerados populares (como o axé e o pagode), que se mostrou como um ponto de cisão e de choque entre diferentes narrativas e gerações que envolviam a MTV Brasil.

KOSELLECK, 2014; MUANIS, 2014; PORTELLI, 2010; RICOEUR, 2008; SARLO, 2007; WILLIAMS, 2016; TRAVERSO, 2007; SIRINELLI, 1996

 

Palavras-chave: MTV Brasil, memória, narrativas

 

As transformações no cenário do Forró no Cariri cearense nos últimos 10 anos decorrentes das novas plataformas digitais

Alysson Azevedo de Sousa, Felipe Vieira da Silva, Rodolfo Rodrigues

 

Este trabalho objetiva analisar as transformações ocorridas no cenário musical do forró no Cariri cearense nos últimos 10 anos, considerando as gravações e vendas de CD’s e shows, diante das influências das plataformas digitais. Segundo Silva (2017, p. 14) Plataformas Digitais são “suportes que permitem a produção e a difusão de conteúdos digitais”. Para isso, foram realizadas coletas de dados através de entrevistas com quatro profissionais da área: Cantor/Compositor de Forró, Pesquisador do Gênero, Produtor Musical e um ex produtor de Luiz Gonzaga, agora memorialista (autodenominação do mesmo), a fim de entender essa realidade a partir de diferentes perspectivas. Segundo Luiz Fidelis, compositor e intérprete caririense, as novas plataformas digitais beneficiam seu trabalho, pois facilitam o compartilhamento de sua obra, abrangendo assim um maior público e em menor tempo. Para o produtor musical Ednaldo Silva, a cada dia que passa o CD se torna algo mais raro, pois os artistas preferem disponibilizar seus trabalhos em mídias digitais. De acordo com o Prof. Dr. Márcio Mattos, da Universidade Federal do Cariri, “os meios audiovisuais midiáticos, redes sociais e aplicativos de streaming, dão a possibilidade de escutar música pela internet, sem precisar comprar o CD”. Para Márcio, as plataformas digitais também modificaram nesse sentido, trazendo uma mudança significativa consequente para com a maneira de se produzir música. Diante do que foi apresentado acima, podemos entender essas mudanças como uma necessidade natural da modernização que vem acompanhando os avanços tecnológicos, levando-nos a concluir que nesses últimos anos, as Plataformas Digitais têm contribuído para a difusão do Forró, e de diversos outros gêneros musicais que têm procurado uma forma de mercantilizar seus produtos, ampliando seu público, submetendo-se, conscientemente, à determinadas consequências na qualidade do seu produto final.

 

FIDELIS, Luiz. Entrevista concedida ao grupo. Juazeiro do Norte, 13 mai. 2019

MATTOS, Márcio. Entrevista concedida ao grupo. Juazeiro do Norte, 23 mai. 2019

SILVA, Carine Simas. Comunicação nas plataformas digitais: Um estudo sobre Universidades brasileiras com conceito institucional cinco. Dissertação (Comunicação Social). PUCRS. Porto Alegre, p. 244, 2017.

SILVA, Ednaldo. Entrevista concedida ao grupo. Juazeiro do Norte, 23 mai. 2019

Palavras-chave: Forró, Plataformas Digitais, Cariri cearense

 

Por uma escuta ritualística: a transmissão radiofônica da ópera "Akhenaton", pela Cultua FM de São Paulo.

Roberto D' Ugo Junior

 

“Muito profundo é o poço do passado. Não deveríamos qualificá-lo de insondável?” – com essas palavras de Thomas Mann teve início, em uma tarde de verão de 1988, a apresentação, pela rádio Cultura FM de SP, da ópera “Akhenaton”, do compositor norte-americano Philip Glass. 

A presente pesquisa objetiva identificar e descrever aspectos estéticos da produção radiofônica “Akhenaton”, além de evidenciar marcas da expressão artístíca presentes em sua linguagem, com a intenção de apresentá-la como possível referência para realizadores e ouvintes contemporâneos interessados em programas/podcasts com um nível mais complexo e desafiador de elaboração e experimentação sonora. Magia e técnica, ciência e arte, iconicidade e abstração, cegueira e sinestesia são algumas das ideias trabalhadas nesse estudo.

Essa primeira transmisão de “Akhenaton” no Brasil representa um momento de destacada sofisticação e complexidade nas produções especiais que a Cultura FM de São Paulo dedicou às apresentações de óperas completas no final dos anos 1980. Nessa produção assinada por Vera Lúcia Melo e Regina Porto, somam-se às estratégias e práticas tradicionais da emissora (para contextualização histórica e artística da obra), a incorporação de elementos jornalísticos, filosóficos e dramatúrgicos, além da busca de uma consonância estilística da apresentação e edição geral com a estética repetitiva e ritualística da música. Toda a emissão é construída sob o signo do ritual, com o uso cadenciado de silêncios, reiterações e reverberações. A atmosfera de mistério iniciático permeia a produção. A especificidade do evento radiofônico é aqui colocada à apreensão do ouvinte como criação original, verdadeira expressão artística da imagem radiofônica.

 

A metodologia empregada é sistêmica e implica uma observação e descrição fenomenológica da obra. Dentre os conceitos e autores articulados em nossa investigação, destacamos: as reflexões de Arnheim (2005) sobre a especificidade e completude da arte radiofônica; a abordagem fenomenológica e ritualística proposta por Schafer (2001); reflexões sobre técnica e estética radiofônicas apresentadas por Sperber (1980); a valorização das dinâmicas simbólicas e a descoberta de uma ecologia da comunicação possível, em textos de Norval Baitello Jr. (2014), José Eugênio de O. Menezes (2016); e, por fim, a noção de Imagem Radiofônica, elaborada pela pesquisadora mexicana Lidia Camacho (1988).

Palavras-chave: Cultura do Ouvir, estética radiofônica, ópera, rádio arte, Cultura FM.

 

O Acervo da Rádio Nacional: entre ruídos, silêncios e esquecimentos.

Carlos Gregório dos Santos Gianelli

O presente trabalho tem como objetivo discutir a questão documental que envolve o acervo da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A emissora, fundada em 1936 e incorporada aos bens da União em 1942, foi a principal referência na radiodifusão brasileira  nas décadas de 1940 e 1950, fornecendo as principais balizas do que viria a ser a música radiofônica servindo também como referência para os programas de televisão das décadas posteriores.  O acervo da emissora passou por diversos percalços até o momento atual em que parte dele se encontra disponível no MIS-RJ. Apesar do processo de digitalização pelo qual passou o acervo em 2005 vários programas ainda só conseguem ser obtidos por intermédio de colecionadores ou empresas especializadas no restauro deste tipo de documento sonoro. Atualmente, o acervo conta com 4.230 fitas rolo, 3.508 CDs, 1.781 fotografias, 303 scripts, 4.000 dossiês funcionais e 4.514 discos de acetato. Vale ressaltar que, a partir dos anos 2000, foram feitas migrações de alguns dados para mídias digitais, como HD Externos, estes ainda não totalmente contabilizados (BRETTAS; LEITE; SANTOS, 2015). Buscaremos analisar como a disponibilidade desse acervo influencia no desenvolvimento da pesquisa sobre a Nacional produzindo memórias e esquecimentos em várias produções historiográficas sobre o tema.

 

Palavras-chave: Rádio Nacional – Acervos – Museu da Imagem e Som

 

Referências:

AGUIAR, Ronaldo Conde. Almanaque da Rádio Nacional. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2007.

BRETAS, LEITE, SANTOS. O acervo da Rádio Nacional: percursos e perspectivas de custódia. In: 10º Encontro Nacional de História da Mídia, 2015.Porto Alegre. Anais Eletrônicos. Porto Alegre: UFRGS, 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/Gregorio/Downloads/GTMIDSON_BRETTAS-%20Aline_%20LEITE-%20Bruno_%20SANTOS-%20Alexsandro.pdf> Acesso em: 10 ago. 2018.

MCCANN, Bryan, Hello Hello Brazil: Popular Music in the Making of Modern Brazil. Durham, NC, and London: Duke University Press, 2004.

MOREIRA, Sônia Virginia. SAROLDI, Luiz Carlos. Rádio Nacional: o Brasil em Sintonia. Rio de Janeiro: Funarte, 1984.

MURCE, Renato. Bastidores do Rádio. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos históricos. Rio de Janeiro: CPDOC/FGV, v. 2, n. 3, 1989.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas/SP: Unicamp, 2007.

Palavras-chave: Rádio Nacional, Acervos, Museu da Imagem e Som

 

A voz feminina em Ela (Her, 2013): um diálogo entre a voz digital e os estudos de gênero

Talita Von Gilsa

Pensar como a voz feminina é construída e qual o imaginário que a ampara e reproduz, são o foco deste trabalho. O filme Ela é emblemático ao pensar o isolamento humano num ambiente virtualizado, e ao expor a relação de um homem com uma voz digital feminina. A personagem Samanta (Scarlett Johanson), não se materializa corporeamente na narrativa, mas sua voz evoca a atriz e portanto, sua imagem (CODATO, 2013). São nossos objetivos: identificar a voz feminina na construção narrativa fílmica como aporte à compreensão da dimensão sonora; problematizar o uso da voz nessa construção narrativa, pensando-se nas construções de gênero presentes no cinema; pontuar os vários usos da voz feminina em nossa sociedade (telefonista, enfermeira, professora, etc.). Nosso arcabouço teórico aborda a representação feminina no cinema, com os estudos de Teresa de Lauretis, os ideiais de cyberfeminismo em Donna Haraway, e os debates de gênero perpassando o ambiente da robótica na pesquisa de Ludivine Allienne-Diss. Prezaremos pela análise do ambiente sonoro dentro da narrativa fílmica, conforme estudos desenvolvidos por Michel Chion. Este trabalho visa o resultado de contribuir para a reflexão acerca dos espaços considerados femininos em nossa sociedade, problematizando o uso da voz como confirmação de estereótipos.

Bibliografia

ALLIENNE-DISS, Ludivine. L'impact du genre dans la recherche en sciences et techniques et ses productions, l'exemple de la robotique. In: Conférence EGC 2018 – Paris. Paris: PRISME-G, p. 41-47 2018.

CHION, Michel. A audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2008.

CODATO, Henrique. O Corpo e a Voz no Cinema Contemporâneo: reflexões sobre o ?lme Ela (Her, 2013), de Spike Jonze. Significação, v. 43, n. 46, 2016, p. 106-125.

ELA. Direção e roteiro de Spike Jonze. EUA: Annapura Pictures, 2013. 1 DVD (126min): AVI, son., color, Legendado Port.

HARAWAY, Donna; KUNZRU, Hari; TADEU, Tomaz. (Org.). Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

LAURETIS, Tereza de. A tecnologia do gênero. In: HOLLANDA, H. B. de. Tendências e impasses. O feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

Palavras-chave: voz feminina, estudos de gênero, cinema

 

Identidade e representação na canção “Vida de Pescador”, de Valdir Agostinho

Luciano Py de Oliveira

Valdir Agostinho, natural da Barra da Lagoa (Florianópolis – SC), é um artista que atua em várias frentes, pois, além de ter transformado suas pandorgas (conhecido em outras regiões do país como pipas ou papagaios) em verdadeiras obras de arte, utiliza a reciclagem em fantasias que lhes conferiram o grau de um carnavalesco importante para a cidade. Também atua na área da música popular, com a composição de canções que fundem estilos internacionais (por exemplo, Rock, Blues e Reggae), estilos nacionais (Samba e Baião) com ritmos e sotaques próprios de sua região, a Ilha de Santa Catarina, na qual se localiza a maior parte do município de Florianópolis, capital catarinense. Considera a preservação do meio ambiente e conservação da biodiversidade um pensamento central, que chamei de ‘pensamento ambiental’, o qual conduz todo o trabalho de Agostinho, seja nas artes visuais, no carnaval ou na música. Este trabalho tem como objetivo apontar algumas formas de representação e processos de construção de identidade, tendo como fonte histórica a canção “Vida de pescador”, contida no CD “A hora do mané” (Agostinho, 2005), lançado originalmente em 1998. Como aportes teóricos, pretendo dialogar com os autores Raymond Williams (2000), Benedict Anderson (2005) e Marshall Berman (1986). O trabalho tem como referencial metodológico: 1) o trabalho com a História oral (Alberti, 2013), sendo o material utilizado parte do acervo de entrevistas realizadas; 2) a pesquisa no acervo do autor, no que diz respeito aos materiais impressos, a maior parte matérias jornalísticas, como parte de sua construção autobiográfica (Artières, 1998); ambos os documentos fazem parte da pesquisa de doutorado em desenvolvimento. É possível constatar, por meio da análise da canção selecionada, o que resta de uma memória ativada nesse presente: a comunidade possuía um relacionamento menos agressivo com a natureza. Independente da possível relação predatória dos antigos habitantes da Ilha de Santa Catarina, a agressão e a falta de cuidado com a natureza é cada vez maior e mais presente. As narrativas de Valdir Agostinho denunciam isso, pondo em xeque nossos horizontes de expectativa (Koselleck, 2006).

 

Palavras-chave: Valdir Agostinho, Memória, História Oral, História e Música.

 

A presença das cantoras portuguesas na Revista do Rádio: relato parcial da experiência na Hemeroteca Digital / Biblioteca Nacional

Marcia Ramos de Oliveira, Matheus da Rosa Guimarães

A comunicação ocupa-se em apresentar um breve relato sobre a metodologia de pesquisa empregada e  os resultados iniciais de investigação do Projeto " A  presença das cantoras portuguesas no Brasil e a Revista do Rádio (1948/70)".  Apresenta as formulações iniciais de busca desenvolvida,  a partir dos termos de identificação do que resultou uma série de tabulações indicativas. Destaca as possibilidades de análise contidas no recorte documental e cronológico, apontando para as possibilidades de interpretações quantitativas e qualitativas em função da natureza da documentação localizada.  A Revista do Rádio foi um importante veículo de comunicação no Brasil que documentou a atividade artística no país especialmente na área da radiodifusão, mas também estendendo-se a outras cenas musicais como o cinema e a televisão. O projeto estendido apóia-se na investigação das relações de gênero associadas à migração feminina portuguesa para o Brasil no século XX, considerando a atividade artística e musical como possibilidade de compreensão ao comportamento social decorrente e as implicações identitárias envolvidas. A forte presença portuguesa, além da inserção colonial anterior, pode ser compreendida pelo usufruto do idioma comum, estendendo-se ao conceito de participação na “comunidade lusófona”.  Este conjunto de elementos também encontra-se vinculado  às práticas de convivência e costumes como traços de identidades comuns as nacionalidades envolvidas – Portugal e Brasil - ;  assim como a chamada “comunidade emocional”,  percebida  nas manifestações musicais e tradição cancionista.

Palavras-chave: cantoras portuguesas, Revista do Rádio, hemeroteca digital

 

Referências bibliográficas:

Aragão, 2016 , Diálogos luso-brasileiros no Acervo José Moças da Universidade de Aveiro,  OPUS, dezembro.  

Carvalho (Org.) , 2013, Interculturalidade, educação e encontro de pessoas e povos. Porto, Portugal: Edições Afrontamento.

Faour, 2002, Revista do Rádio: cultura, fuxicos e moral nos anos dourados, Rio de Janeiro: Relume-Dumará: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

Gianelli, 2016, O acervo digitalizado da Revista do Rádio na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional: Reflexões e usos da história digital no tempo presente,  ESCRITAS.

Matos, 2011, A Diáspora Portuguesa: Mulheres Imigrantes Portuguesas. Cotidiano e Expulsão. São Paulo (1920-1940) , Projeto História.  

Menezes, 2017, Discursos em oposição: Imagens e representações do imigrante no Brasil (1850-1945) , CONFLUENZE ,  ISSN 2036-0967.

Palavras-chave: cantoras portuguesas, Revista do Rádio, hemeroteca digital

 

Da alegria à estranheza: a transformação do caráter musical no estilo de José Mojica Marins

Gabriela Pereira do Vale Pereira, Marcia Ramos de Oliveira

Este trabalho expõe traços do estilo cinematográfico de José Mojica Marins através da análise audiovisual de dois excertos do curta-metragem “Tara”, que integra o filme “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”. Apresenta-se a subversão de caráter musical que a peça “Tico-Tico no Fubá” sofre nestes excertos pela interação desta com a banda visual. Com base no trabalho de Phillp Tagg, far-se-á uma analise harmônica, rítmica, melódica e timbrística desta versão da peça (gravação e partitura) e de como está situada no imaginário da música popular brasileira. Apoiando-se nos métodos propostos por Michel Chion, realizar-se-á uma análise audiovisual destes excertos e de como uma peça é capaz de acrescentar valor à imagem e de ter valor acrescentado por ela, podendo, inclusive, ter seu sentido original “deformado”. Pretende-se discutir a complexidade artística contida em trechos de um filme do chamado cinema “trash”, supostamente de baixa cultura, e, ainda, a formação de estilo de Mojica através das limitações orçamentárias e da grande influência exercida pelo tropicalismo em seus filmes na década de 1960 e 1970. Pretende-se, trazer ferramentas para que o espectador aprimore sua percepção na apreciação de obras audiovisuais e aumentar a valorização de filmes de baixo orçamento no Brasil, sobretudo dentro da academia.

CARRASCO, Nei, 2003. Sygkhronos-a Formação da Poética Musical do Cinema. Via Lettera.

 

CHION, Michel. 1994. Audio-vision: sound on screen. Columbia University Press.

 

GONZALES, Juan Pablo. 2013. Pensando a musica a partir da America latina, problemas e questões.

 

TAGG, P. dezembro 2003 Analisando a música popular: teoria, método e prática. Em pauta – vol 14 – n. 23 dezembro 2003.

 

SANTOS, Janaina de Jesus. 2014. Produções discursivas do horror: materialidade fílmica e memória na trilogia de Zé do Caixão. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciencias e Letras (Campus de Araraquara). Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/123253>. acesso em 27/05/2019

Palavras-chave: audiovisual, análise musical, música popular brasileira, terror

 

JUNTOS E SHALLOW NOW: A RELAÇÃO HUMOR, POLÍTICA E MÚSICA NOS MEMES DA VISITA DE JAIR BOLSONARO AOS ESTADOS UNIDOS

Patrícia Cristina de Lima, Camila Roberta Cruz da Silva, Maria Eduarda Lopes da Silva

Os primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), foram marcados por uma série de eventos que movimentaram as redes sociais. Um destes foi a visita do presidente aos Estados Unidos no mês de maio de 2019. Paralelamente, a cantora Paula Fernandes anunciou a versão da composição Shallow. No entanto, após o refrão “juntos e shallow now” ser divulgadouma série de críticas surgiram. O presente artigo tem como objetivo investigar os memes que satirizavam a visita de Jair Bolsonaro e que utilizaram a versão de Paula Fernandes como mote. O recorte se inicia no dia 13 de maio de 2019 e finda-se em 19 de maio de 2019. Foram selecionados três memes que possuem como característica a citação ao político do PSL e o uso da expressão “juntos e shallow now”. A pesquisa questiona primeiramente quais as características dos memes de humor político na internet durante o período em questão, tendo como segundo plano a construção de uma discussão teórica entre humor e política na internet. Para a construção teórica utilizou-se Slavuztky (2014), que apresenta características do humor tradicional e Souza (2014) de humor político. Para análise humor na mídia é utilizado Santos (2012) e para análise dos memes, Recuero (2006). Como metodologia, essa pesquisa conta com a análise de conteúdo (BARDIN, 2016) aplicada aos itens selecionados. 

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: 70, 2011.

RECUERO, Raquel da Cunha. Memes em weblogs: proposta de uma taxonomia. Revista Famecos. Porto Alegre, n. 32, 2007, p. 23-31.

SANTOS, Roberto Elisio dos.; ROSSETTI, Regina. Humor e riso na cultura midiática: variações e permanências. São Paulo: Paulinas: 2012.

SLAVUTZKY, Abrão. Humor é coisa séria. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2014.

SOUZA, Tárik de. Como se faz humor político: Henfil. São Paulo: Kuarup, 2014.

Palavras-chave: política, memes, música, Jair Bolsonaro.

 

O SOM NA LIVE SESSION: PROPOSTAS DE PRÁTICAS DE ENSINO DE GRAVAÇÃO DE MÚSICA AO VIVO - (Pôster)

FILIPE CRETTON

 

Este trabalho teve como objetivo propor um olhar sobre o processo de ensinoaprendizagem dos procedimentos de gravação e mixagem de som, através do formato de programas audiovisuais de música ao vivo, as Live Sessions. Baseado na proposta de Oficina e no estímulo à aprendizagem autodirigida como metodologias, buscou-se compreender os caminhos cognitivos para o entendimento dos princípios físicos do som e sua percepção, bem como os equipamentos e as tecnologias necessárias para a gravação e mixagem de uma sessão de música ao vivo. Tendo som e imagem como elementos essenciais de diálogo, neste formato, vimos na Escola de Comunicação da UFRJ, um profícuo espaço para a realização deste projeto; Foi proposta, então, para os alunos do curso de Comunicação Social, uma disciplina eletiva de 30 horas, que possibilitou o desenvolvimento de diversas práticas com alunos da habilitação em Rádio e TV, onde experimentamos as metodologias abordadas neste artigo. 

 

BOLES, Blake. A arte da aprendizagem autodirigida. São Paulo: Affero Lab e

Multiversidade, 2017.

FERNANDES, José Nunes. Oficinas de música no Brasil: história e

metodologia. 2.ed. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 2000.

HENRIQUES, Fábio. Guia de mixagem. 2.ed. Rio de Janeiro: Música e

Tecnologia, 2007.

______. Guia de mixagem 2: os instrumentos. Rio de Janeiro: Música e

Tecnologia, 2008.

______. Guia de Mixagem 3: mixando gravações ao vivo em 2.0 e surround

5.1. Rio de Janeiro: Música e Tecnologia, 2012.

 

Palavras-chave: Áudio; Live Session; Pedagogia Musical; Aprendizagem autodirigida; Oficina.

ESCUTAS EXPANDIDAS: considerações teóricas, metodológicas e analíticas

Cássio de Borba Lucas

Neste trabalho, objetivamos fundamentar um arcabouço teórico misto para a investigação da escuta como objeto de comunicação. O ambiente digital parece oferecer farto material para a análise das condições comunicacionais de expressividade da escuta, ou, para falar como Sterne (2003), das audibilidades contemporâneas. De saída, a proposta de tomar como objeto não a escuta ‘em si’, mas o ambiente comunicacional e as práticas significantes de produção de sentidos da escuta, nos coloca em uma perspectiva intersemiótica de consideração do fenômeno da escuta e em particular da escuta musical. Isto é, nos encaminha na direção contrária das conhecidas acepções da escuta como fenômeno bem delimitado, que no limite pode chegar a ser “absoluto” (a tradição da dita música pura), “fenomenológico” (empreitada concretista schaefferiana), ou resolver-se em “formas puramente musicais” (Hanslick, 1994). Para além da “escuta reduzida” (Schaeffer, 2013) ou “adequada” (Adorno, 2009), as muitas escutas expandidas que certos acoplamentos comunicacionais elaboram singularmente.

Essa perspectiva implica um marco teórico que aborda a comunicação não pelas significações colhidas empiricamente, mas pela explicitação das regularidades e normatizações estruturais que dão a ver certos sentidos para o que chamamos de escuta musical: marco da significância (Kristeva, 2012), com suas práticas significantes que implicam o estabelecimento de regras (para a escuta) bem como sua transposição. Assim, a colheita de informações sobre uma escuta passa sempre por um relato, ou, em sentido mais lato, por um agenciamento de condições expressivas. A questão é o que se pode ouvir, não em uma época ou local, mas no seio de determinado encadeamento de tecnologias e práticas comunicacionais que configuram a escuta musical. Como o que se passava no caso Avalanches, que apresentamos neste congresso em 2016, em que o sentido da música era trabalhado antes, durante e depois da escuta ao passar por uma série de materialidades distintas que o traduziam. Não uma escuta em geral, mas a proliferação de microescutas.

ADORNO, T. 2009. Introdução à sociologia da música. São Paulo, SP: UNESP, 2009.

HANSLICK, E. Do belo musical. Portugal: Edições 70, 1994.

KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. São Paulo, SP: Perspectiva, 2012

STERNE, J. The audible past: cultural origins of sound reproduction. Durham, EUA: Duke University Press, 2003.

SCHAEFFER, P. Acousmatics. In: COX, C. WARNER, D. (Orgs.) Audio Culture: readings in modern music. EUA: Bloomsbury, 2013, pp. 76-81.

Palavras-chave: escuta musical; comunicação; semiótica