As transformações sociais, políticas e ambientais, sinais de um mundo em mudanças, são objetos essenciais de estudo, de geração de conhecimento e difusão de tecnologias e metodologias que busquem a sustentabilidade ambiental. O esforço da construção de uma maior interrelação da comunidade científica com as diferentes esferas da sociedade é fundamental para que a produção acadêmica desempenhe um papel de inserção social que efetivamente resulte em ações positivas e transformadoras (Andrades Filho, 2016; Ribeiro, 2005).

          Diferentes mecanismos podem ser empregados para promoção de inserção social das ações da Universidade. A pesquisa e a extensão tem importantes papéis no sentido da inserção, sobretudo quando estão aliadas e são construídas junto à comunidade externa à Universidade. Nesse sentido, um dos instrumentos utilizados pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) em São Francisco de Paula, Unidade Universitária Hortênsias, é a organização de eventos abertos e construídos junto à comunidade universitária e a comunidade externa.

         Um dos principais eventos organizados pela UERGS Hortênsias é o Simpósio de Gestão Ambiental (SiGA) e já teve três edições. A primeira foi realizada no ano de 2012, a segunda em 2014 e a terceira em 2017. A sede permanente do evento é a Unidade Universitária Hortênsias, em São Francisco de Paula – RS.

          O Simpósio surgiu inicialmente como uma demanda dos profissionais Gestores Ambientais egressos da UERGS e de outras instituições de Ensino Superior que observavam a necessidade de um espaço de articulação e divulgação da carreira de Gestor Ambiental. Também mostrava-se urgente a definição de estratégias comuns de aperfeiçoamento profissional e que envolviam, por exemplo, o processo formativo e a inserção no mercado destes profissionais, traduzidas aqui em três questões essenciais: a) a demanda periódica de adequação o currículo dos cursos de graduação em Gestão Ambiental ofertados pelas Universidades aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Educação; b) a relação dos profissionais gestores ambientais com os Conselhos Profissionais de classe e as responsabilidades técnicas envolvidas; c) a necessidade que a Universidade tem de responder à sociedade pela formação de profissionais qualificados para atuarem como Gestores Ambientais, no contexto de mundo em constante transformação.

            Estas três questões supracitadas fizeram parte das motivações iniciais para organização do 1° e do 2° SiGA. Assim, em suas duas primeiras edições, o evento se dedicou praticamente na integralidade nas discussões e encaminhamentos em relação ao profissional Gestor Ambiental, tendo como resultado a redação coletiva da denominada “Carta da Serra” (1º SiGA) que objetivou estabelecer as bases para a fundação de uma associação que reunisse os anseios da categoria. Esses anseios se concretizaram efetivamente no 2º SiGA com a fundação da Associação Gaúcha de Gestores Ambientais (AGGA), em plena atividade. A iniciativa da organização dos eventos foi abarcada pelo Laboratório de Gestão Ambiental e Negociação de Conflitos (GANECO), Grupo de Pesquisa da UERGS, certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e estabelecido como uma parceria interinstitucional com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) pelo Termo de Cooperação 073/2014 UERGS/SEMA. Nesta iniciativa também houve amplo apoio de empresas e associações locais e regionais a partir da qualificação da infraestrutura disponível para o evento, bem como da participação efetiva dos empreendedores na área e áreas afins, bem como dos servidores e gestores públicos do âmbito municipal, estadual e federal, atuantes no contexto ambiental.

           As contribuições do 1º e 2º SiGA se tornaram objeto de publicação na Revista Eletrônica Científica da UERGS (Printes et al., 2017), em número especial, juntamente com as produções científicas apresentadas no Simpósio na sua 3ª edição.

           Portanto, é importante destacar que o ano de 2017, quando ocorreu o 3º SiGA, se estabeleceu um marco de transformação, ampliação e evolução do evento em relação à 1ª e a 2ª edição (Binkowski et al., 2017). Nesta 3ª edição do Simpósio a temática foi ampliada para a discussão sobre os mercados ambientais, os territórios hídricos e a educação ambiental tendo como principal aperfeiçoamento a organização do evento que incorporou também a responsabilidade da organização pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sustentabilidade - PPGAS (Mestrado Profissional), aprovado pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) em 2015 e iniciado pela UERGS em São Francisco de Paula em 2016, e o Grupo de Pesquisa Observa Campos - Observatório de Políticas e Ambiente, além do GANECO. O protagonismo do PPGAS no evento foi marcado pela adição de um caráter mais científico oportunizando a difusão de pesquisas desenvolvidas em âmbitos local e regional na área ambiental, bem como de uma maior inserção social das ações (p.e., Daltoé et al., 2017; Munhoz et al., 2017; Raber et al., 2017). Essa inserção se deu desde à ampla divulgação em distintas mídias sociais e também pela oferta de oficinas e minicursos em temas diversificados tendo como público-alvo a comunidade universitária e a comunidade externa (p.e., professores da educação básica, gestores públicos, empresários do setor agropecuário, empreendedores e funcionários do setor privado de consultorias ambientais). Uma estratégia de maior inserção das atividades na comunidade local e regional foi executar as atividades em diferentes espaços do município de São Francisco de Paula, como por exemplo, a Câmara de Vereadores de São Francisco de Paula, Escola Estadual José de Alencar, Escola Estadual Antônio Francisco da Costa Lisboa, Universidade Aberta do Brasil (UAB), Hotel Veraneio Hampel, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), etc.

           Na medida em que o Simpósio de Gestão Ambiental se consolidou como um evento bianual, sua regularidade de organização e execução é um desafio assumido pela UERGS, pelos seus cursos de Graduação e Pós-graduação, bem como com os Grupos de Pesquisa, comprometidos com a produção do conhecimento e a extensão. Adicionalmente, as complexidades e desafios de ordem ambiental se apresentam enquanto questões debate premente com e na comunidade externa à Universidade, a partir de um cenário inquietante de mudanças ambientais, políticas, educacionais, sociais e tecnológicas, em diferentes esferas e escalas, do global ao local. Desta forma, o 4º SiGA terá como tema: Um planeta em mudança: diálogos, perspectivas e inovação para sustentabilidade. A partir desta temática a Comissão Organizadora se desafia junto à comunidade a executar o Simpósio com a ampliação de ações construídas junto à comunidade externa local e regional, de modo que o evento continue e amplie sua inserção social.

 

ANDRADES FILHO, Clódis de Oliveira. A Ciência serve, antes de tudo, para garantir a qualidade de vida. Revista Eletrônica Científica da UERGS, [S.l.], v. 2, n. 3, p. 205-206, fev. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.21674/2448-0479.23.205-206.

 

BINKOWSKI, Patrícia et al. 3º Simpósio de Gestão Ambiental da UERGS: Territórios Hídricos e Mercados Ambientais. Revista Eletrônica Científica da UERGS, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 656-680, dez. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.21674/2448-0479.34.656-680.

 

CARTA DA SERRA. São Francisco de Paula, RS, 02/12/2012. Disponível em: http://sigauergs.blogspot.com.br. Acessada em: 01 dez. 2017

 

DALTOÉ, Vanessa Cristina Bouvié et al. Caracterização da produção artesanal de queijo colonial na região do Vale do Taquari. Revista Eletrônica Científica da UERGS, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 732-742, dez. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.21674/2448-0479.34.732-742.

 

MUNHOZ, Eliezer Silveira et al. Serviços ambientais e o Delta do Jacuí. Revista Eletrônica Científica da UERGS, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 704-710, dez. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.21674/2448-0479.34.704-710.

 

PRINTES, Rodrigo Cambará; STELMACH, Júlio César da Silva; ANDRADES-FILHO, Clódis de Oliveira. Contribuições do 1º e 2º Simpósios de Gestão Ambiental para a formação e regulamentação profissional dos gestores ambientais do Rio Grande do Sul. Revista Eletrônica Científica da UERGS, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 638-655, dez. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.21674/2448-0479.34.638-655.

 

RABER, Daniel de Almeida et al. Ambiente escolar e sustentabilidade: as possibilidades de trabalhos interdisciplinares no ensino médio politécnico. Revista Eletrônica Científica da UERGS, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 776-787, dez. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.21674/2448-0479.34.776-787.

 

RIBEIRO, R. J. O mestrado profissional na política atual da Capes. RBPG, Brasília, v. 2, n. 4, p. 8-15, 2005.