GT 1 – A questão agrária

O pensamento sobre a condição agrária é tradicionalmente a busca por entender os conflitos no campo, as resistências e as reivindicações sobre o direito à terra e ao trabalho. As desigualdades impostas pelo modo de produção capitalista reforçam a concentração de renda, a superexploração do trabalho, a extração da mais valia, os processos de deslocamento forçado e a extrema violência. Os esforços para promover a inovação e a implementação de novas tecnologias, os recursos para aumentar a produtividade do/no campo aparecem como ferramentas atuais que transformam as relações de produção no campo. Esta nova condição redefine as zonas de influência e impõem a racionalidade do aumento da produtividade e indicam, em alguns aspectos, a ampliação das fronteiras agrícolas. Cria-se assim um cenário de venda de commodities associadas à adequação dos contextos produtivos e os significados da nova divisão internacional do trabalho. Temos diante de nós, no mundo agrário, os esforços por conquistar padrões de qualidade e qualificação internacional redesenhando o significado do agronegócio. Entretanto, e notadamente nos países periféricos, como o Brasil, avista-se a questão da segurança alimentar baseada nos pequenos produtores, na produção agro familiar e em lógicas de produção do espaço agrário com potencialidade contra hegemônica. Estas e outras reflexões a respeito da questão agrária fazem parte do escopo das temáticas debatidas por Manuel Correia de Andrade, trazê-las neste GT possibilitará a construção das reflexões que recuperam e ampliam as heranças temáticas e teóricas deixadas por ele.

 

GT 2 – Planejamento Regional 

A geografia elaborada no movimento de renovação do pensamento geográfico, que se inicia entre as décadas de 1950 e 1960, propõe, entre múltiplos vieses, a discussão entre as diferenças do crescimento e desenvolvimento, o que será refletido na obra de Manuel Correia de Andrade. Ao nos debruçarmos sobre a questão da região como fundamento para organizar o trabalho do geógrafo, percebe-se forte contribuição do pensamento geográfico ao estudo do planejamento, recuperando uma dimensão espacial e territorial, o que faz surgir novas formas de pensar o desenvolvimento regional e a Geografia Econômica assume certa centralidade como ramo do conhecimento capaz de promover cenários privilegiados de interpretações e possíveis sugestões de aplicabilidade, quer seja do ponto de vista das ações do Estado, quer seja na construção de estratégias territoriais capazes de promover o desenvolvimento por grupos econômicos e sociais. Este caráter é reforçado no contexto da recuperação produtiva do Brasil e do plano de desenvolvimento regional da nação. Mais recentemente estas questões voltaram à tona com a apresentação de novos programas nacionais, tais como minha casa, minha vida, que recentemente se tornou o “casa verde amarela”; o Programa de Aceleração do Crescimento - PAC Frente a estas questões espera-se trabalhos que possam pôr em discussão antigas e novas questões relativas ao planejamento regional e territorial. 

 

GT 3 – O ensino da História e da Geografia

Ao longo de sua trajetória intelectual, o professor Manuel Correia de Andrade nunca abandonou o ensino de geografia e/ou história tendo desde sempre preocupações com a construção de livros e materiais didáticos que auxiliaram nas mediações didáticas entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento escolar. Entende-se a necessidade de se pensar as estratégias que vêm sendo desenvolvidas para legitimar a pesquisa e os estudos na área de ensino, aprofundando as reflexões sobre a necessidade da constituição de uma formação continuada, que possibilita aos professores processos constantes de ampliação, atualização e aprofundamento dos conceitos, técnicas, procedimentos e alargamento da base epistemológica no processo de ensino-aprendizagem. Não obstante, e em tempos de crise da educação e dos saberes instituídos, faz-se urgente que se pense o currículo, bem como a reflexão crítica acerca das políticas educacionais em múltiplas escalas que balizam o ensino, de forma ampla, bem como, o ensino de geografia e de história.   Além dos ambientes formais de ensino, deve-se incessantemente envidar esforços para compreendê-lo nos ambientes informais da educação, bem como fundamentar ações e reflexões inclusivas que respeitem a diversidade étnica, regional, de credo, de gênero, de sexualidade, bem como das múltiplas matizes que indicam as necessidades especiais dos sujeitos. É urgente entender a educação do campo e da cidade como um meio de garantir o acesso universal a todos.

 

GT 4 - O rural e o urbano

O debate sobre os agentes produtores do rural e do urbano é essencial para a análise e compreensão da produção do espaço na atualidade. Entender as justaposições, fragmentações, articulações e inter-relações no campo e na cidade leva em consideração as ações dos múltiplos agentes produtores (público e privado) com o Estado, revelando relações profundas com a constituição e implementação de políticas públicas, que neste período técnico-científico-informacional, revelam-se articuladoras entre o rural e o urbano e ao mesmo tempo acentuam a percepção dicotômica. As relações de trabalho e os trabalhadores do campo que residem nas cidades e os moradores do urbano que vendem sua força de trabalho no rural recriam fluxos de pessoas, mercadorias e informações que evidenciam novas relações socioespaciais ao passo que consolidam velhas vinculações entre o campo e a cidade. O modo de produção e reprodução do capital no campo e na cidade reforça a lógica da promoção do desenvolvimento desigual e combinado que provoca reflexões sobre as dimensões sociais, ambientais envolvendo a análise acerca do uso e ocupação das terras, seus parcelamentos, especulações fundiárias e imobiliárias e os possíveis reflexos nas condições e modos de vida dos seus habitantes. Esta condição nos impõe pensar na identificação de ruralidades no urbano e urbanidades no rural, além de possibilitar a abertura de reflexões que possibilitem entender os nexos de continuidade e interdependência entre eles.

 

GT 5 – Vida e Obra de Manuel Correia de Andrade

Manuel Correia de Andrade é sem dúvidas um dos grandes pensadores sociais do seu tempo. A sua atuação profissional e a sua vida contam uma fase importante da construção do pensamento social brasileiro, com destaque especial para o pensamento histórico-geográfico e para a consolidação da escola do Recife como uma das mais sólidas escolas do pensamento geográfico brasileiro do fim do século XX e início do século XXI. A vida e a obra do professor Manuel Correia de Andrade indicam peça fundamental e urgente para entender a constituição de um intelectual atuante e conectado ao seu tempo, capaz de revelar nexos fundamentais da relação sociedade e natureza. Outrossim, é de grande importância recuperar o acumulado do seu trabalho como um legado ao mundo, fundamentando material rico e de contribuições de grande relevância, resgatando elementos e pistas deixadas pela sua obra para ampliar e atualizar sua contribuição ao tempo presente, sendo notadamente importante investigar os sentidos da relação do homem com a terra.

 

 

GT 6 - Meio ambiente: as relações entre a terra e o homem

A tese “Vida e obra de Manuel Correia de Andrade: Caminhos percorridos na Geografia e contribuições aos estudos regionais e ambientais” defendida recentemente no Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo relembra para a comunidade geográfica a importância do pensamento ambientalista presente na obra do Professor Manuel Correia de Andrade. No contexto de refletir sobre a questão ambiental e entendendo que a mesma é fundamental para pensar o sentido da Geografia como ciência fundamental para compreender os impactos dos humanos sobre a natureza, constituindo aquilo que Marx chamava de segunda natureza. Não obstante a constituição desta segunda natureza, fundamental para o desenvolvimento da vida humana na terra, impõe uma agenda de grande degradação e desequilíbrio, imprimindo ao mundo uma crise ambiental sem precedentes. Resgatar temas e elementos apresentados pelo professor Manuel Correia pode nos ajudar a entender o encadeamento histórico de temáticas ambientais que hoje se apresentam de forma mais intensa. Espera-se também contribuições atuais que possam revelar novas camadas dos antigos problemas ambientais e a análise de novas questões provocadas pelas relações do homem com a terra.