Eixo temático: Interculturalidade e práticas de escrita

Coordenação: Danilo Seithi Kato, Laís de Souza Rédua e Taryn Sofia Abreu Santos

Pensar processos educativos mais inclusivos e justos em um cenário permeado por incertezas e desigualdades acirradas pela pandemia, torna-se uma tarefa imperativa dado que os efeitos perversos deste contexto atingem em sua maioria as populações mais vulneráveis e não-brancas. A proposta deste eixo temático é refletir sobre estas assimetrias a partir da interculturalidade crítica, que por configurar-se como um projeto assentado em dimensões éticas, políticas e epistêmicas, questiona esta realidade atinando para os saberes de resistência e para a diferença cultural como potências para a construção de sistemas educacionais e sociedades equânimes. O enfoque nos processos de leitura e escrita evidenciam dispositivos fundamentais sob os quais se assentam os atuais discursos sobre formação de professores, o que demanda investigações implicadas com a produção de conhecimento no seio da Universidade contemporânea. 

 

 

Eixo temático: Leitura, escrita e produção de conhecimento em diferentes áreas

Coordenação: Janaína Zaidan Bicalho Fonseca e Vera Lúcia Bonfim Tibúrzio

O eixo norteador desta comunicação objetiva reunir estudos que se voltem para a temática da leitura e da escrita na escola e na universidade, independentemente da área do saber a que esteja atrelada. São muito bem-vindas pesquisas que pensem a ambas como caminhos de acesso à produção de conhecimento, relacionando as práticas do ler e do escrever às singularidades de cada área. Nesse sentido, esta comunicação se interessa pelas inúmeras possibilidades de (re)construção do conhecimento a partir de um processo de compreensão legitimado pela tomada da palavra. 

 

 

Eixo temático: Escrita, inclusão e formação de professores

Coordenação: Carla Regina R. Otavio Murad, Luciana Cristina Silva Titoto e Renata Nascimento Salgado

O grupo de trabalho “Leitura, Escrita e Inclusão” se apoia na teoria de discurso propagada por Foucault. Partimos, então, da premissa de que o ato de ler e escrever está sub judice das instituições educacionais que cuidam, ideologicamente, do que se pode ou não ser dito e por quem, sob condição das normas externas de interdição. Neste sentido, a língua não é origem, ela é polifônica; o sujeito não é cognoscente. Sendo assim, desvelar a verdade não é o objetivo. Se por um lado o que ocorre fora da escola incide ideologicamente na definição das condições de produção das práticas educacionais, por outro, internamente às instituições educacionais, ao sofrerem tais coerções podem, se não agirem de forma crítica em relação à exclusão, acabarem determinando, por transferência, condições de produção cujos enunciadores estarão alienados em procedimentos ritualísticos, aleatórios, que colocam em jogo todos os esforços educativos a ponto de se tornarem forças de poder, de ser e de desejar na ação da leitura e da escrita dos sujeitos. Nessa lógica, tais atividades de linguagem estariam relacionadas às posições subjetivas ou sujeições às instituições educacionais cujas práticas de inclusão estariam, por sua vez, pautadas na luta contra a neutralidade de temas ou conteúdos curriculares; na desinterdição de objetos-tabu a serem evitados a todo custo; no escancaramento da autoridade sobre as posições enunciativas relacionadas à autoria e ao poder de tirar e conceder direito a outro sujeito de falar ou ser falado por outros ou não poder falar de si mesmo em práticas de escrita institucionais; na resistência à generalização dos sujeitos da escola e da escolarização, entre outros. Aceitamos relatos de experiência, estudos de caso, ensaios autobiográficos e estudos (auto)críticos sobre textos que circulam produção de conhecimento local dos e por sujeitos em processo de inclusão, propostas de ensino e de aprendizagem de leitura e de escrita de professores e para alunos excluídos ou em processo de inclusão/exclusão explícita ou tácita que se encaixam no que denominamos de “minorias institucionais”: população socio-economicamente mais vulnerável, deficientes, medicalizados, doentes, com dificuldades específicas pós-tratamentos médicos, especialmente aqueles “não amparados por lei”; população em processo de inclusão/exclusão linguístico-cultural tácita ou explícita, professores e alunos em processo de adaptação profissional ao ensino e à aprendizagem nacional ou internacional de língua materna como segunda língua, línguas estrangeiras, adicionais ou outras segundas línguas, professores e alunos em processo de educação presencial, a distância ou via TICs, vivendo processos tácitos ou explícitos de exclusão/inclusão digital.

 

 

Eixo temático: Variação linguística, formação de professores e/ou ensino aprendizagem da escrita.

Coordenação: Juliana Bertucci, Alessandra Assis e Talita Marine (UFU)

Como se sabe, o caráter heterogêneo das línguas naturais é um fato cientificamente inquestionável. Entretanto, o reconhecimento e o trabalho com a variação linguística, como aponta diversos autores – tais como Bortoni-Ricardo (2005); Faraco (2008, 2011); Marine e Barbosa (2016), entre outros – nas aulas de língua portuguesa da Educação Básica no Brasil ainda não está totalmente presente, de forma produtiva. Se por um lado, documentos oficiais advindos do Governo Federal – como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1998), o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD, 1985) e a Base Nacional Curricular Comum (BNCC, 2017) – deixam explicitadas as orientações de ensino de língua portuguesa (LP) pautado na variação e nos usos linguísticos, por outro, na prática, a maneira como o ensino tem acontecido na maioria das salas de aula brasileiras tem calado a diversidade linguística em prol de um ensino estruturado em uma perspectiva homogênea de língua. Aliado a isso, acreditamos ainda ser imprescindível que a escola oportunize ao aluno a familiarização com diversos gêneros textuais, por meio de práticas de ensino de leitura, de compreensão, de produção e de análise linguística. Para isso, devemos pensar nas duas pontas diretamente ligadas a tais estudos: o professor – em formação inicial e/ou continuada – e o aluno da Educação Básica. Nesse sentido, pautadas, principalmente, nas teorias da Sociolinguística e do Letramento Científico, neste eixo temático, buscamos reunir trabalhos que focalizem (i) contribuições das pesquisas na área de variação linguística para o ensino de línguas, (ii) formação de professores e variação linguística e/ou (iii) ensino aprendizagem da escrita e variação linguística. Acreditamos ser pertinente discutirmos caminhos possíveis a serem trilhados rumo a um ensino significativo de língua portuguesa, contribuindo para o desenvolvimento da formação de professores-pesquisadores e alunos-pesquisadores da própria língua.