Rodas de Saberes
Propostas para as discussões
RODA DE SABERES SOBRE SAÚDE DAS MULHERES NEGRAS
Juçara Portugal – ICW Latina e ICW Brasil – Comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV/AIDS;
Isabel Cruz, enfermeira - Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra/UFF
Valéria Neves – Movimento Negro Unificado e RMN/RJ
PROPOSTAS: Da Marcha das Mulheres Negras, Brasília, 2015, ao II Encontro Estadual de Mulheres Negras/RJ, 2018.
- Considerando a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial;
- Considerando a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e a Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban - África do Sul, que firmaram acordos e resoluções internacionais dos quais o Brasil é signatário;
- Considerando a Década Internacional de Afrodescendentes, proclamada pela Assembleia Geral da ONU (resolução 68/237) para o período entre 2015 e 2024;
- Considerando a Portaria GM/MS nº 992, de 13 de maio de 2009, que institui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN);
- Considerando a Portaria GM/MS nº 344, de 1° de fevereiro de 2017, que dispõe sobre o preenchimento do quesito raça/cor nos formulários dos sistemas de informação em saúde.
- Considerando que negras e negros constituem mais da metade da população brasileira (50,7%), de acordo com o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
- Considerando que o Ministério da Saúde reconhece e assume a necessidade da instituição de mecanismos de enfrentamento ao racismo institucional, para superação das barreiras estruturais e cotidianas que impedem a implementação da PNSIPN no SUS;
- Considerando os princípios do SUS estabelecidos no art. 7º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, especificamente a integralidade e igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie, a universalidade de acesso em todos os níveis de assistência;
A Rede de Mulheres Negras-RJ, no IIEEMN-RJ, reitera a agenda da MMN-2015 e reivindica:
- DIREITO À SEGURIDADE SOCIAL (SAÚDE, ASSISTÊNCIA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL)
Assegurar às mulheres negras as políticas de seguridade social, por meio do acesso a serviços essenciais de saúde, assistência e previdência social;
Erradicar o racismo institucional nas organizações públicas e privadas e em suas diferentes políticas, planos e programas de ação;
Implantar a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra no Sistema Único de Saúde;
Qualificar e fortalecer o acesso da população negra e das comunidades tradicionais (Quilombolas e Terreiros) aos serviços de saúde da atenção básica, em tempo adequado ao atendimento das necessidades de saúde, conforme a Política Nacional de Atenção Básica - PNAB, em especial a Estratégia de Saúde da Família (Programa Brasil Quilombola)
Ampliar a Política Nacional de Atenção Integral à pessoa com Doença Falciforme para todo o território nacional, a partir de um conjunto de medidas, como o fomento a pesquisas e técnicas de atenção e assistência;
Descriminalizar o aborto e garantir o atendimento ao aborto legal na rede pública, bem como os procedimentos de profilaxia às mulheres em situação de violência, incluindo também o acesso a pílula do dia seguinte;
Assegurar a estruturação e o aparelhamento dos equipamentos de saúde da rede pública, especialmente daqueles voltados para o atendimento à saúde da mulher, incluindo recursos humanos especializados e outros insumos necessários;
Garantir a inclusão da temática étnico-racial e de gênero, bem como as estratégias para o enfrentamento do racismo e sexismo nos processos do SUS, na educação permanente das equipes de atenção básica e dos trabalhadores/profissionais de saúde do SUS;
Garantir a inclusão dos temas da igualdade de gênero, raça/cor e etnia na Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS (MNNPSUS) e nas Mesas de Negociação Permanente existentes nas esferas estadual, municipal e/ou regional;
Incentivar a atuação das mulheres negras nos espaços de participação, controle social e da gestão participativa da saúde;
Erradicar a mortalidade materna de mulheres negras, visando reduzir as disparidades nos índices da mortalidade entre mulheres brancas e negras, aprimorando as políticas em curso e incluindo o quesito cor na avaliação de risco em obstetrícia e ações de enfrentamento ao racismo institucional;
Implantar políticas de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos nas áreas da educação, da saúde e da segurança, garantindo o respeito à livre orientação sexual, as identidades de gênero, a autonomia do corpo da mulher o direito ao aborto, bem como promover ações voltadas para a saúde sexual e saúde reprodutiva.
Qualificar a coleta, o processamento, a análise e a publicação dos dados desagregados por raça/cor, orientação sexual e identidade de gênero, entre outras categorias relacionadas aos determinantes sociais da saúde, como, por xemplo, o preenchimento, pelas equipes de Atenção Básica, do campo <É membro de povo ou comunidade tradicional? Se sim, Qual?> constante na ficha de cadastro individual da estratégia e-SUS AB;
Incentivar ações setoriais e intersetoriais de promoção da saúde e prevenção à violência, participação e protagonismo juvenil, objetivando a redução dos altos índices de violência letal contra a juventude negra;
Promover políticas públicas com foco na melhoria da saúde e redução dos fatores de risco, particularmente os cardiovasculares e violência doméstica, para as mulheres negras, nas diversas faixas etárias.
Promover políticas públicas com foco na prática clínica baseada em evidência, reduzindo as disparidades em saúde, especialmente na área cardiovascular, considerando a elevada morbimortalidade das mulheres negras por hipertensão na gestação, AVC e infarto.
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