ST 1. Autoria feminina na literatura latino-americana: fronteiras, memórias e decolonização

Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)

Algemira de Macedo Mendes (UESPI)

Eliane Terezinha do Amaral Campello (FURG)

Resumo: A escrita de mulheres, permeada de memórias e escrita de si, contribuem para o reconhecimento de identidades dessas mulheres escritoras, que acabam por representar as vivências também de outras mulheres de seu tempo. A percepção e análise desses traços de registros memorialistas permite múltiplas reflexões e análises sobre a escrita feminina, como também o valor destas estratégias tão presentes nas produções das escritoras do século XIX e da contemporaneidade. O Simpósio Temático (ST) Autoria feminina na literatura latino-americana: fronteiras, memórias e decolonização objetiva reunir pesquisas que tratam criticamente de questões acerca de fronteira, memória e descolonização na literatura latino-americana de autoria feminina. Trata-se de pensar o modo como a escrita de mulheres rompe silêncios, preenche lacuna e, por extensão, reescreve a história latino-americana. A autoria de mulheres promove, neste sentido, projetos críticos mais conscientes de nossa condição e, consequentemente, das nossas especificidades de sujeitos do Sul global colonizados pelo sistema capital/moderno/patriarcal. Todas essas questões atuam, inevitavelmente, como elementos de articulação em que a escrita de mulheres pode ser analisada como lugar de des-encontro, deslocamento, diferença e resistência voltados para a compreensão dos procedimentos e das implicações políticas da produção discursiva e simbólica de elementos históricos, culturais e identitários da América latina. Com base nesta perspectiva, o ST busca a aproximação entre diferentes campos teóricos, disciplinares e metodológicos a fim de promover um diálogo que aproxime as variadas vertentes da produção científica sobre a relação entre fronteira, memória e gênero.

 

ST 2. Condições de produção e de circulação do(s) discurso(s) de autoria feminina na Amazônia Legal: diálogos interartes

Aline Fuques Parente (UNIR)

Jefferson Gustavo dos Santos Campos (UNIR)

Resumo: A Amazônia Legal, historicamente, é um território em disputa, seja em razão da sua produtividade, seja em razão das lutas dos povos originários e quilombolas pelo direito à terra e à dignidade. Disso, destacamos o apagamento das mulheres (na sua acepção mais ampla), na constituição da história e da memória dessa microrregião que atravessa a América Latina. Esse contexto geopolítico não deixaria de atingir os modos de produção e de circulação dos discursos artísticos em suas diferentes expressões, motivo pelo qual nos interessam os modos de constituição da autoria feminina nessa territorialidade. Assim, e privilegiando uma perspectiva interdisciplinar, o ST objetiva de reunir trabalhos que analisem, teorizem ou constituam processos de autoria feminina no território amazônico – especialmente o brasileiro e sob perspectivas feministas. Para tanto, nos interessam as práticas discursivas artísticas e culturais advindas dos discursos literários, das práticas editoriais e das leituras em suas especificidades e diálogos. Nesse sentido, são bem-vindos estudos, produções e intervenções artísticas que considerem o contexto histórico, cultural e social amazônico como espaço de resistência, de lócus de enunciação e de objetivação/subjetivação de mulheres, sobretudo no resgate das narrativas e das práticas que emergem em contextos marcados por desigualdades de gênero, raça, classe e territorialidade. Como resultados, pretendemos contribuir com o enfoque feminista e feminino na produção de saberes sobre o ambiente amazônico, bem como mapear os modos de produção e de circulação das narrativas que constituem o que temos chamado de discurso-artístico-literário-de autoria feminina.

 

ST 3. Corpos dissidentes em trânsito: gênero e sexualidade nas fronteiras

Liz Basso Antunes de Oliveira (UFPR)

Maria Aparecida Webber (UNIOESTE)

Thiago Benitez de Melo (UNIOESTE)

Resumo: A noção de fronteira que tem sido central para o entendimento das dinâmicas de poder, mobilidade e resistência, se apresenta aqui não apenas como divisão física, mas também como construção simbólica que atravessa identidades, corpos e performances de gênero. Se, “Em literatura, já existe o que ainda não existe na realidade”, como escreve Hélène Cixous (2022, p. 33) em O Riso da Medusa, convocando as mulheres à escrita, diante das fronteiras tradicionais impostas em sociedades patriarcais, a literatura de autoria feminina/representação do feminino e corpos dissidentes desempenha um papel fundamental na transgressão e reconfiguração dos limites que relegaram aos “corpos não-humanos” (mulheres, sujeitos racializados, diasporados, pobres, comunidade LGBTQIAPN+, entre outros) lugares e papeis sociais marginalizados (Bourdieu, 2019). Tais fronteiras estruturaram-se entre feminino/masculino, silêncio/voz, ficção/realidade, eu/outro, privado/público, incompleto/completo, estabelecendo quem merece ou não viver (Butler, 2009). Desta forma, este simpósio objetiva reunir e fomentar discussões sobre as múltiplas formas que a autoria de corpos dissidentes tem desenvolvido ao representar e transgredir fronteiras simbólicas e/ou geográficas. Pretende-se colocar em pauta o impacto do deslocamento, do trânsito, da desterritorialização rumo à transgressão das normas e superação da condição de corpos que foram silenciados, violentados e excluídos, tanto enquanto personagens, como enquanto leitores/as ou escritores/as.

 

ST 4. Ecos de Safo: a poesia de autoria feminina no Brasil

Dariane Batista Queiroz Pimenta (UNIMONTES)

Danilo Barcelos Corrêa (UNIMONTES)

Fernanda Novais Mendes (UNIMONTES)

Resumo: A poesia é um espaço de produção literária frequentemente moldado por poetas masculinos. A tradição ocidental, salvo raras exceções, enaltece os grandes poetas homens, relegando as mulheres a um segundo plano ou mesmo desconsiderando suas vozes. Essa exclusão é evidente desde o período clássico, com poucas poetas figurando no cânone ocidental. De maneira semelhante, o cânone brasileiro reflete essa lógica de privilegiar autores masculinos. Nesse contexto, observa-se um histórico em que as poetas mulheres aparecem com pouca frequência entre as obras mais conhecidas ou amplamente lidas. Esse cenário reforça a necessidade de reler e valorizar a produção de poesia de autoria feminina, especialmente a de autoras marginalizadas e apagadas, como um espaço de resistência e expressão de identidade. No Brasil, a trajetória de poetas mulheres na historiografia literária, particularmente aquelas que exploraram os desejos e experiências de ser mulher, enfrentou o que Constância Lima Duarte (2022) denomina como “memoricídio”: um apagamento deliberado de suas produções literárias, que inviabilizou suas lutas e conquistas. Este simpósio temático propõe refletir sobre a poesia de autoria feminina como um campo de resistência e estudo, destacando sua capacidade de questionar os discursos predominantes que rompem com estereótipos e desigualdades de gênero e dialogar acerca disso no cenário literário brasileiro. Reconhecer e valorizar essa escrita feminina é essencial para superar barreiras, ampliando a expressão e participação das mulheres na produção de conhecimento, ao mesmo tempo em que se entende a poesia como uma forma de pensar.

 

ST 5. “Escritas de si” de autoria feminina nas mais abrangentes poéticas

Stela Maris da Silva (UNESPAR)

Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE)

Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR)

Resumo: Considerando, primeiramente a proposta do IV Seminário Internacional Crítica Feminista e Autoria Feminina: representações e práticas feministas, de criar um espaço de discussão e de prática política de enfrentamento às desigualdades de gênero, raça/etnia, classe e sexualidade, e em segundo lugar, um possível movimento de pensamento nas relações entre as artes, a literatura, e a filosofia, a proposta desse simpósio é dar destaque à obras de autoria feminina, nas mais abrangentes poéticas das “escritas de si”, produzidas no contexto dos feminismos contemporâneos marcados pelos silenciamentos, invisibilidades, resistências, interditos, recusas e transgressões. Poéticas na literatura (poemas, contos, crônicas, romances, cartas,); nas artes visuais (pintura, fotografia, desenho,); no cinema (filmes, documentários, roteiros) entre outras. O termo “A escrita de si” pode ser, inicialmente, analisado enquanto narrativa em que um narrador em primeira pessoa se coloca como autor biográfico, mas pode também ser visto como a problematização das categorias de “eu”, “verdade de si”, ficção. Ampliando a discussão sobre o termo, encontramos em Foucault a escrita de si como parte da arte de viver, da téchné tou biou, pois pode ser adquirida no treino de si sobre si mesmo, como atividade constitutiva da própria subjetividade, prática ético-estética. Já, em Bakhtin, o termo é destacado como a biografia ou autobiografia um modo imediato para objetivar artisticamente a si mesmo, ou ainda em Lejeune que escreve sobre o pacto autobiográfico. Para ele a identidade de nomes entre autor e narrador permite acessar a obra lida enquanto autobiográfica, instituindo um contrato entre autor e leitor.

 

ST 6. Escritoras feministas e literatura brasileira: a literatura sob o prisma dos estudos culturais

Janete Rosa da Fonseca (UFMS)

Ellen Maria Machado Santos Fernandes (SED-MS)

Resumo: O simpósio tem por objetivo abranger pesquisas concluídas ou em andamento que apresentem abordagens relacionadas, a teoria crítica feminista, e que permitam compreender as resistências que se dão a partir da presença da mulher na literatura brasileira sob o prisma do campo dos Estudos Culturais. As causas de reivindicação social são objeto permanente de avanços e retrocessos advindos desde os espaços de poder, não é casuística que as grandes lutas dos dias de hoje, são travadas principalmente na área da cultura. A negação de aceder aos espaços da vida pública as mulheres, incluídas a expressão artística, provocou que a sua produção literária fosse numericamente menor que a dos homens. Figueiredo (2020), nos esclarece que as mulheres sempre foram as mais prejudicadas, porque o cânone foi estabelecido por homens e para homens. JA inserção da mulher no campo literário encontrou, além das barreiras sociais o descrédito das elites machistas. Justamente porque o lugar da mulher na literatura, coincidia com o seu lugar na sociedade, que como assevera Spivak (2010), sempre foi de silenciamento, legitimado pelo discurso opressor. Mesmo com esses entraves, são inúmeras as escritoras que através da literatura, acharam espaços relevantes de contestação. A importância de realizar estas reflexões não diz respeito apenas à pretensão de reunir pesquisadoras e/ou especialistas no assunto para a delimitação dos aportes teóricos de um campo de pesquisa, mas para pensarmos possibilidades de enfrentamento das formas de opressão que se fazem presentes nas nossas realidades e que marcam as experiências coletivas e subjetivas.

 

ST 7. Horror e grotesco na literatura de autoria feminina

Débora Ballielo Barcala (UNESP)

Joy Nascimento Afonso (UNESP)

Resumo: Ao observarmos a produção literária produzida por mulheres, na atualidade, é comum encontrarmos temas que se relacionam, mesmo as autoras pertencendo a culturas diferentes, e sendo falantes de línguas díspares. Sendo assim, a proposta deste simpósio é discutirmos as várias nuances sobre o gênero horror na produção de autoria feminina. Se o grotesco é, em linhas gerais, aquilo que foge à regra, a expressão “grotesco feminino” pode ser considerada redundante (Russo, 2000), já que o padrão, em diversas sociedades, tem sido o masculino. Chamar a atenção para a existência de corpos marginalizados e fora desse padrão não apenas lança luz nas injustiças sociais e traz de volta o recalcado (Kayser, 2013; Freud, 2019), gerando a sensação de espanto e infamiliar, como também propõe a subversão de valores patriarcais e a criação de uma contraprodução cultural (DiRenzo, 1995; Russo, 2000), um deslocamento do conhecimento das classes dominantes (Bakhtin, 2013) e um espaço de insurreição. Assim, este simpósio aceita trabalhos que investiguem como isso se dá na literatura de mulheres, relacionando o horror feminino à subversão no espaço da escrita. A escrita grotesca revela que os corpos femininos, para existirem e sobreviverem, se adequam de maneira marginal: são gordas, feias, com corpos deformados, que não seguem o padrão do aceitável pela perspectiva “harmônica”; chamando atenção para a luta feminista de podermos existir socialmente, descaracterizando a imagem de que mulheres só escrevem coisas “fofas” e “românticas” (Willians, 2010).

 

ST 8. Literatura amefricana dos séculos XX e XXI: um atravessar pelas escrevivências de autoria feminina negra

Cristiane Viana da Silva Fronza (UEMA)

Natália Regina Rocha Serpa (IFMA)

Resumo: Este simpósio busca reunir artigos/ensaios que apresentem análises sobre literaturas afrofemininas dos séculos XX e XXI que se fundamentaram na base teórica da socióloga Lélia Gonzalez (2020) e o conceito de amefricanidade. E, ainda, sobre colonização, colonialidade e decolonialidade pelo olhar de Aníbal Quijano (2005). Ao pontuar sobre a presença das mulheres negras na literatura amefricana é necessário dizer que escrever para elas foi e é um ato de resistência, desde que a escrita feminina negra advém de um árduo e duro processo de lutas e reivindicações para parar o silenciamento que a sociedade patriarcal as impôs. Logo, intentamos acolher nesse simpósio reflexões acerca da escrita literária feminina negra amefricana dos séculos XX e XXI de línguas portuguesa e francesa.

 

ST 9. Literatura de autoria feminina e comunidades leitoras

Michelle Mittelstedt Devides (IFMT)

Gislei Martins de Souza Oliveira (IFMT)

Resumo: Entendemos que os modos de ler e a formação de comunidades leitoras são essenciais para um processo de conhecimento da pluralidade e da diversidade das realidades sociais. Partimos de uma abordagem dialética que considera as experiências literárias como possibilidades de encontros e (re)encontros, buscando evidenciar, principalmente, como se constituem os princípios de alteridade que permeiam as relações, assim como as circunstâncias históricas e culturais também imbricadas nessas relações. Consideramos essencial a perspectiva que perpassa pela representação da autoria feminina, contemplando questões de gênero, de identidade, interseccionalidades e de transformação. É fundamental recorrer às ações que promovam a busca pelo autorreconhecimento, sendo a prática literária uma delas. Segundo bell hooks (2021, p. 55), “Se não trabalharmos para criar um movimento de massa que oferece educação feminista para todo mundo, mulheres e homens, teoria e prática feministas serão sempre enfraquecidas pela informação negativa produzida na maioria das mídias convencionais”. Ou seja, é fundamental que haja mecanismos que desconstruam as informações negativas, que estabeleçam diálogos, vivências e reconhecimentos de ações naturalizadas do patriarcado. Partindo dessa premissa, o objetivo deste simpósio é abordar estudos, e/ou experiências literárias que abarquem narrativas de autoria feminina (contos, romances, poemas) e diferentes modos de leitura, aplicados e/ou direcionados para comunidades leitoras em contextos distintos, considerando a diversidade temática, e, especialmente a literatura afro-brasileira e africana de língua portuguesa.

 

ST 10. Memorial de (r)ex(s)istências: representações, práticas, políticas e/nos estudos literários

Flávio Amorim da Rocha (IFMS)

Andréia Dias de Souza (IFMS)

Jair Zandoná (UFMS)

Resumo: Na contramão de estudos que (re)produzem discursos dedicados à manutenção de certo sistema simbólico de poder, o qual é atravessado por concepções culturais de masculino e feminino, de modo que organiza valores e hierarquias sobre os conteúdos culturais (Laurettis, 2019), Susana Bornéo Funck (2016, p. 20), na década de 1980, contesta a ideia, até então sustentada, de que haveria na literatura “um padrão literário universal, descorporificado e assexuado”. Ao passo que a linguagem produz hierarquias, estrutura mecanismos de poder, de dominação e de prestígio, tanto no campo literário quanto nas investigações que têm como corpus o universo da literatura – mas, também, do cinema, da música, da pintura, da performance etc. – ela contribui para tensionar as normas estéticas. Essas questões têm suscitado muitos debates, projetos, práticas e políticas de (r)ex(s)istências. Ao considerar-se marcadores como gênero, raça, etnia, sexualidade, classe, deficiência e geração nos estudos literários, vai-se de encontro à ideia de padrão literário universal, usualmente masculino, branco e heterossexual, em um movimento de resistência ética e estética. Nesse sentido, este Simpósio busca o mo(vi)mento de interlocução entre e de pesquisas voltadas para a literatura, como também investigações que tomem outros objetos de investigação que possam contribuir para a construção de um memorial – ou de memórias – obliteradas ao longo da história e suas representações.

 

ST 11. Mujer, escritura y género: abordajes teóricos

Brígida Pastor (UNED)

Fernanda Aparecida Ribeiro (UNIFAL-MG)

Maria de Fátima Alves de Oliveira Marcari (UNESP)

Resumo: El debate crítico sobre el género en las literaturas hispánicas ha estado en constante evolución en el último medio siglo. La crítica literaria feminista ha evolucionado notablemente a lo largo de ese periodo en un proceso caracterizado por diferentes etapas: imágenes y estereotipos de la mujer, críticas en textos de autoría masculina, redescubrimiento de textos por escritoras, análisis de la importancia de las escritoras en sistemas de conocimiento, la deconstrucción de sistemas simbólicos de género, la psicodinámica de la creatividad femenina, investigaciones de los contextos socio-históricos, la representación del cuerpo femenino. Posteriormente, la crítica literaria feminista fue dando paso a nuevos abordajes críticos, convirtiéndose en plataforma para la aparición de los Estudios de Masculinidad, Queer Studies, Teoría Ecofeminista y tantas otras brechas por las que discurre la investigación.
Hay que constatar que, tanto en España como en América Latina, la teoría feminista literaria en su despegue ha tenido un más lento desarrollo comparado con los avances en el campo en el contexto anglosajón, pero son destacados los avances que se han llevado a cabo desde finales del siglo XX y durante el siglo XXI. Este simposio, que aceptará comunicaciones en portugués y en español, tiene como objetivo integrar estudios sobre la literatura hispánica de los siglos XX y XXI desde diferentes perspectivas teóricas de género, que contribuyan a innovadores abordajes teóricos en el siglo XXI.

 

ST 12. Mulheres e escrita: a presença da autoria feminina para além do cânone

Geovana Quinalha de Oliveira (UFMS)

Marta Francisco de Oliveira (UFMS)

Tayza Codina de Souza Medeiros Guedes (IFMT)

Resumo: Interessa-nos discutir a relação mulheres e escrita, considerando as estratégias utilizadas para produzir e promover textos diversos de autoras apesar das limitações impostas pelo cânone. Grupos minoritários – em geral deixados à margem por um sistema que hierarquiza produções segundo suas/seus participantes – buscam e encontram formas próprias de expressão e, assim, conseguem estabelecer "subculturas" para inaugurar e manter produções próprias. Se uma parcela da presença da escrita de mulheres nos séculos anteriores foi constituída pela mulher burguesa e letrada, também houve a autoria feminina que escapou às restrições impostas no espaço das letras, promovendo formas de abertura do cânone como espaço de exceção, vistos em grêmios literários, revistas e periódicos, por exemplo. Atualmente, rompem-se fronteiras nos espaços midiáticos – blogs, redes sociais, revistas digitais, convertendo outros suportes em espaços que também privilegiam a escrita. Abriram-se caminhos por e para um sujeito feminino múltiplo oriundo de outros espaços culturais, que revisita e (re)escreve sua/nossa própria história. Este simpósio visa agregar pesquisas quer como resgate histórico de escritos de mulheres, quer as múltiplas formas de publicação contemporânea que revelam os espaços de pertencimento das mulheres no século XXI, pois “para além do cânone”, há muito mais do que supõe nosso relativo conhecimento” (Xavier, 1999, p. 21).

 

ST 13. Mulheres na dramaturgia: gênero, identidade e resistência no teatro

Johnny dos Santos Lima (UFGD)

Wilker Solidade da Silva (UEMS)

Núbea Rodrigues Xavier (UEMS)

Resumo: Este Simpósio Temático (ST) propõe-se a discutir as contribuições femininas para a dramaturgia, destacando questões centrais como gênero, raça, identidade, corpo, autoria e sexualidade na escrita teatral de mulheres. O objetivo é fomentar um debate crítico que amplie e aprofunde os estudos sobre a presença feminina no teatro, abordando tanto a teoria crítica feminista quanto os desafios enfrentados pelas autoras diante de um sistema patriarcal que frequentemente invisibiliza suas produções. Além de refletir sobre o papel do feminismo na construção de novas narrativas, este ST pretende dar visibilidade a obras que resistem às ideologias dominantes e desafiam convenções estabelecidas, promovendo um olhar crítico sobre a representação e a produção feminina na dramaturgia. Por meio da análise de textos, performances e contextos históricos, busca-se compreender como essas obras não apenas reivindicam espaço no cenário teatral, mas também oferecem contribuições significativas para o debate sobre as desigualdades de gênero na sociedade contemporânea. Assim, este simpósio visa colaborar para o reconhecimento da importância da escrita feminina no teatro, incentivando discussões que combinem arte, política e transformação social.

 

ST 14. Olhares interseccionais: narrativas de mulheres na literatura infantil e juvenil

Guilherme Magri da Rocha (UFMS)

Cleide Antonia Rapucci (UNESP)

Érica Fernandes Alves (UEM)

Resumo: No contexto do Seminário de Crítica Feminista e Autoria Feminina: Representações e Práticas Feministas, este simpósio visa discutir a interseccionalidade na literatura infantil e juvenil como ferramenta de crítica feminista e de representação de múltiplas identidades. De acordo com Patricia Hill Collins e Sirma Bilge (2021), a interseccionalidade examina como as relações de poder moldam dinâmicas sociais em sociedades diversas, impactando as vivências individuais e coletivas. Aplicada à literatura, essa perspectiva revela como categorias como gênero, raça, classe, sexualidade, nacionalidade, e idade interagem para criar personagens e narrativas complexas, influenciando a formação de leitores jovens. Pretende-se reunir trabalhos que abordem: i) a construção de personagens femininas jovens que desafiam normas e estereótipos de gênero, raça, classe e sexualidade, afirmando-se como sujeitos de resistência e autonomia; ii) o papel de autoras de identidades interseccionais, como indígenas, afrodescendentes e LGBTQIAPN+, na transformação da literatura infantil e juvenil, trazendo novas visões feministas e representativas; iii) a forma como a literatura infantil e juvenil aborda temas de justiça social, direitos humanos e igualdade de gênero, incentivando a crítica social e o feminismo desde cedo; iv) o uso de narrativas literárias como recurso pedagógico para discutir temas de diversidade, inclusão e justiça de gênero em sala de aula; v) o papel das narrativas interseccionais na promoção do pensamento crítico e da conscientização social sobre questões feministas desde a infância; vi) estudos de caso sobre personagens e enredos que promovem novas perspectivas sobre identidade, autonomia e pertencimento, enriquecendo a literatura infantil e juvenil com visões feministas.

 

ST 15. Quando elas narram: a literatura de autoria de mulheres na sala de aula

Ariane Avila Neto de Farias (IFFARROUPILHA)

Lilian Greice dos Santos Ortiz da Silveira (IFSUL)

Resumo: Este simpósio propõe uma reflexão sobre o espaço da literatura de autoria de mulheres no processo de formação literária e cidadã em diversos níveis educacionais. Reconhece-se que o cânone literário tradicional privilegia a autoria de homens, cisgêneros e heterossexuais, invisibilizando importantes vozes femininas na história da literatura mundial. Nessa perspectiva, objetiva-se promover uma discussão sobre como a inclusão da literatura de mulheres, negras, indígenas, brancas, trans, LGBTQIAP+, etc. em práticas pedagógicas, na escola e na universidade, pode contribuir para a formação de leitores críticos e reflexivos, capazes de reconhecer a diversidade de experiências que compõem o tecido social. Interessa a análise de práticas e metodologias que valorizem a produção literária de escritoras de diferentes países, incentivando uma abordagem mais inclusiva frente a valores sociais que silenciam minorias. Busca-se debater como a literatura de mulheres pode desconstruir estereótipos, especialmente os ligados ao feminino, e promover novas narrativas, questionando perspectivas hegemônicas ainda presentes na educação literária. Pretende-se pensar a literatura como espaço de construção cidadã, no qual histórias e experiências de escritoras tenham papel central na formação de leitores. Para isso, apoia-se em teorias de Regina Zilberman e Ivanda Silva, que destacam o papel social da literatura, e de Rita Schmidt, Lucia Zolin e Zahidé Muzart, que discutem o apagamento histórico da autoria feminina e a importância de sua valorização. Enfim, este simpósio enfatiza a necessidade de práticas pedagógicas que reconheçam o protagonismo de mulheres escritoras, contribuindo para uma formação literária mais plural e cidadã.

 

ST 16. Travessias do pensamento feminista no território ainda selvagem: a contínua busca pelo teto todo delas

Laura Barbosa Campos (UERJ)

Nícea Helena de Almeida Nogueira (UFJF)

Júlia Simone Ferreira (UFJF)

Resumo: Propomos o Simpósio "Travessias do Pensamento Feminista no Território Ainda Selvagem: A Contínua Busca Pelo Teto Todo Delas" em busca de interlocução com profissionais e estudantes de diferentes universidades que desenvolvem pesquisas acerca da literatura produzida por mulheres, do século XIX à contemporaneidade, abrangendo diversas nacionalidades. O título do Simpósio dialoga com três obras essenciais da crítica feminista no Brasil dentro do contexto de produção literária: Um teto todo seu, de Virginia Woolf (1929), A crítica feminista no território selvagem, de Eliane Showalter (1981), e Pensamento feminista: conceitos fundamentais, organizado por Heloísa Buarque de Hollanda (2019). Esperamos receber contribuições que examinem aspectos voltados tanto para a estética de obras escritas por mulheres, quanto para questões sociológicas, pertinentes ao âmbito da teoria feminista e às clivagens de gênero, raça e classe. Interessa-nos, ainda, o estudo sobre o apagamento ou a pouca visibilidade de escritoras na historiografia e na crítica literárias, pensando, também, nas estratégias e mecanismos de resistência desenvolvidos pelas escritoras para subverter a “dominação masculina”, como conceituada por Pierre Bourdieu (1998). Nosso intuito é reunir estudos sobre a participação das mulheres na literatura e discutir autoras que expressam traumas e/ou obstáculos em uma sociedade patriarcal hostil, sejam elas escritoras, críticas literárias e/ou tradutoras. O Simpósio pretende abordá-las em seus contextos de atuação e publicação, na recepção frequentemente injusta ou inexistente, assim como explorar como essas produções podem dialogar com a literatura e a sociedade nos tempos atuais no Brasil e no mundo.