ST 01 – A multiplicidade da história oral: Memória, subjetividade e diálogo

Coordenação: Daisy Perelmutter (EACH/USP)

A criação de um espaço para o diálogo é o ponto de partida do ofício da história oral. Para que o setting da entrevista funcione de maneira promissora, corporificando as memórias e sensações provocadas no entrevistado pelo entrevistador, condições objetivas são recomendáveis. Também não se pode prescindir na produção das entrevistas de história oral das qualidades subjetivas do entrevistador, inatas ou desenvolvidas em decorrência da prática, tais como curiosidade e tolerância.Estas são apenas algumas das bases para o desenvolvimento de trabalhos no campo da história oral, um território repleto de encontros e de experiências que se convida à revisitação neste Simpósio Temático.O propósito do Simpósio é oferecer um espaço para a discussão de pesquisas em andamento sobre os mais variados temas. Da mesma maneira, comportam-se os diferentes enquadramentos institucionais da prática da história oral, englobando tanto investigações acadêmicas quanto projetos culturais, arquivísticos, museológicos, artísticos, profissionais, de formação de acervo etc.Espera-se que os participantes do Simpósio, ao exporem seus trabalhos, evidenciem como a atenção à memória, à subjetividade e ao diálogo permeia sua compreensão e sua forma de praticar a história oral.

ST 02 – Arquivos e história oral: usos, experiência e reflexões

Coordenação: Ana Maria Camargo (FFLCH/USP), Elizabete Marin Ribas (IEB/USP), Joana Barros (Unifesp)

Este Simpósio Temático tem como proposta discutir os diferentes usos da história oral na produção de documentos e na constituição de acervos, bem como o tratamento arquivístico destes conjuntos documentais. Busca-se discutir a história oral na constituição de acervos e coleções bem como os usos de acervos de h.o. em pesquisas e projetos sediados em arquivos. Este simpósio acolherá ainda trabalhos que reflitam sobre experiências e usos de acervos de história oral como fonte prioritária em pesquisas e projetos de memória. Entre os aspectos que se procura debater, estão: as narrativas pessoais na construção de arquivos e acervos; história oral, acervos e memória; os acervos de h.o em bibliotecas, centros de memória e museus; descrição arquivística de documentos de h.o; a educação patrimonial da cidade; a tecnologia e as humanidades digitais; as relações entre narrativas, memória e a formação social brasileira; os processos de patrimonialização como modos de produção do espaço urbano; a arte pública e a história pública; os lugares de memória e de consciência; os diálogos entre práticas e campos do saber atentos à convencionalização narrativa das experiências urbanas – em suas múltiplas interfaces com a história oral e arquivos.

ST 03 – Esportes, narrativas orais e memória

Coordenação: Bernardo Buarque (CPDOC/FGV), Marcel Diego Tonini (CRFB/MF)

Este Simpósio Temático objetiva reunir trabalhos que investiguem a História do Esporte, do Futebol e das Práticas Corporais por meio de fontes e narrativas orais. Ao adotar uma perspectiva abrangente sobre esse fenômeno social, espera-se abarcar não apenas as modalidades atléticas inseridas nos contextos de competição de alto rendimento, mas toda variedade de práticas físicas e culturais que se apropriam do uso do corpo, tais como a capoeira, a dança e a ioga. Iniciativas que associam o esporte à História Oral, em proporções e estágios variados, ganharam espaço na produção brasileira e internacional com a afirmação de pesquisadores referenciais, centros de pesquisa e publicação de artigos e livros sobre no tema. A História Oral permite uma compreensão do esporte, seja história de vida ou temática, a partir das lembranças de pessoas que vivenciaram intensamente o assunto pesquisado. Como forma de proporcionar a visibilidade dos trabalhos e a troca de informações entre pesquisadores e pesquisadoras do tema, este ST se propõe a receber trabalhos que abordem a História do Esporte e das Práticas Corporais em toda sua complexidade e amplitude. Assim, estudos sobre atividades jornalísticas, educacionais, associativas e de políticas públicas relacionadas a esse universo também são esperados, além de discussões sobre implementação de centros de memória ligados ao esporte.

ST 04 – História Oral, Culturas Visuais e Memória Pública

Coordenação: Ana Maria Mauad (UFF), Carlos Eduardo Pinto de Pinto (UERJ), Juliana Muylaert Mager (UFF)

Os estudos sobre memória se inscrevem no campo ampliado das Ciências Humanas e Sociais, sendo tema e objeto de várias disciplinas. No que concerne aos debates sobre a dimensão pública da memória, os estudos recentes orientam-se pela identificação das situações, suportes, agentes e representações que concorrem no processo de rememoração. No campo da história social e cultural as pesquisas voltadas para o tratamento dos processos, suportes e narrativas de rememoração, investem cada vez mais e com mais autonomia no desenvolvimento de metodologias que deem conta das chamadas fontes de memória - orais e visuais. Os tratamentos das fontes de memória têm resultado em propostas criativas para a escrita da história em diferentes plataformas de história pública, ao considerarem a escolha técnica como um dispositivo conceitual, cujo impacto deve ser incorporado à matriz de construção do problema proposto. Trata-se, portanto, de uma nova forma de se produzir conhecimento histórico, em que as múltiplas formas de performance da memória tornam-se territórios de enunciação de passados possíveis. A proposta do ST é abrir um espaço transdisciplinar para os estudos sobre memória pública, enfatizando a elaboração de metodologias coordenadas pelos distintos campos da Ciências Humanas e Sociais em diálogo com a História. Busca, portanto, reunir as pesquisas de diferentes disciplinas das Ciências Humanas, que se utilizam de fontes orais e visuais para os estudos da memória pública, no sentido de promover um diálogo transdisciplinar. Destacam-se as interfaces com os campos da comunicação – cinema, vídeo, novas mídias; antropologia – documentário etnográficos, narrativas de memória; artes – vídeo arte, fotografia, fotografia no campo ampliado. O ST organiza-se em torno dos estudos sobre a relação oralidade e visualidade; da problematização dos usos das fontes orais e visuais na pesquisa histórica; dos debates sobre a produção de vídeo-história e da escrita videográfica; da produção social da memória e das fontes de memória; e dos usos do passado no regime de historicidade contemporâneo. Os trabalhos que se integram nesse ST devem necessariamente se relacionar a, pelo menos, dois conceitos chave desse campo de reflexão, dentre os quais: memória, oralidade, visualidade, narrativa, vídeo, imagens técnicas e cultura visual.

ST 05 – História Oral, Mundos do Trabalho e Movimentos Sociais

Coordenação: Samuel Silva Rodrigues de Oliveira (Cefet-RJ), Alejandra Luisa Magalhães Estevez (UFF), Marina Mesquita Camisasca (Unifesp)

Os relatos orais e as memórias são amplamente utilizados em investigações sobre os mundos do trabalho e os movimentos sociais. O surgimento da História Oral nos anos 1960 e 1970 ocorreu sob o impacto das análises da história social dos 'de baixo', como uma metodologia capaz de evidenciar as experiências de grupos que não eram reconhecidos no campo historiográfico e/ou na história oficial. Sob esse impulso, inúmeras pesquisas foram feitas e continuam renovando as análises da relação entre oralidade, memória social, mundos do trabalho e movimentos sociais. A proposta desse Simpósio Temático abre-se aos pesquisadores que visem compreender: 1) as trajetórias de lideranças e movimentos sociais nos protestos urbanos e rurais, bem como nos locais de trabalho, militância e moradia; 2) as relações de classe, raça, gênero e sexualidade no cotidiano e formação dos espaços urbano e rural; 3) as experiências cotidianas e/ou de violência nos locais de trabalho e vida dos trabalhadores; 4) as políticas memorais e de justiça de transição que se articulem a história dos trabalhadores(as), camponeses, negros e favelados no período da ditadura civil militar e na redemocratização.

ST 06 – História oral e gênero: possibilidades teóricas e práticas

Coordenação: Marcela Boni Evangelista (USP), Suzana Lopes Salgado Ribeiro (Unitau)

Os estudos de gênero ganham intensidade no campo das ciências humanas principalmente a partir da década de 1980. Na História, em particular, tem como importante marco a publicação do artigo “Gênero: uma categoria útil para a análise histórica”, de Joan Scott. Este é, aliás, mote para o texto de Luisa Passerini “Gênero ainda é uma categoria útil para a história oral?”. É possível, com isso, estabelecer conexões cada vez mais relevantes entre os estudos de gênero e a história oral, tanto no campo da teoria, como os artigos mencionados sugerem, quanto na prática, afinal não se faz história oral sem entrevistas. Com isso, interessa refletir sobre as formas como a categoria de gênero implica em desdobramentos na realização de registros orais e/ou audiovisuais em projetos de história oral. Um homem entrevistando uma mulher tem o mesmo efeito que duas mulheres num contexto de interlocução? Uma pessoa cis entrevistando uma pessoa trans provoca as mesmas trocas? O que o tratamento do gênero como inerente aos estudos propostos pela história oral permite produzir em termos de conhecimento sobre processos sociais e históricos?Tendo em vista a abordagem do Encontro Regional Sudeste de História Oral de 2023, cuja centralidade dos corpos delineia as discussões, a temática que envolve os estudos de gênero apresenta possibilidades de aprofundamento em diversos âmbitos, sobretudo no que se refere às performances de entrevistados/as e entrevistadores/as. Há ainda aspectos relacionados aos processos textuais, nos quais o uso da linguagem inclusiva ou neutra se mostra alternativa para contemplar de forma mais ampla as diversidades.O presente Simpósio Temático pretende reunir pesquisadores/as que se dedicam aos estudos de gênero de forma interdisciplinar, lançando mão de recursos procedimentais que envolvem a história oral. Desta forma, acreditamos promover um espaço rico em trocas e compartilhamentos de saberes e reflexões.

ST 07 – História oral e memória das artes, da cultura e da criatividade         

Coordenação: Miriam Hermeto (UFMG), Ricardo Santhiago (Unifesp; EACH/USP)

Relatos orais têm sido amplamente utilizados na confecção de trabalhos sobre arte, cultura e criatividade e no estudo de gestos de criação artística e intelectual. Da mesma forma, diversos autores já discutiram o potencial artístico intrínseco à narração oral e às etapas de trabalho com esse material. O simpósio temático “História oral e memória das artes, da cultura e da criatividade” coloca-se como um espaço aberto para a apresentação de projetos em andamento e concluídos, bem como o debate de ideias a partir de perspectivas que combinem a temática das artes ao instrumental metodológico, teórico e conceitual dos estudos de história oral e memória. Em sua 11ª edição, o ST visa reunir pesquisadores que a temática em dois fluxos:a) Trabalhos de registro de história oral e memória de artistas, movimentos culturais e intelectuais e práticas criativas. Enquadram-se propostas resultantes de pesquisa, bem como projetos em andamento, abordando: 1. Artistas e conjuntos de artistas, grupos, coletivos, movimentos, em diferentes linguagens campos de atuação: música, literatura, artes plásticas, dança, circo, performance, fotografia, arte digital, cinema, slam, teatro etc.; 2. Momentos, movimentos e correntes artísticas; 3. História e cultura intelectual, intelectuais, obras do pensamento, campos do saber; 4. Manifestações culturais, independentemente de seu âmbito analítico (cultura popular, cultura erudita, cultura de massa etc.); 5. Experiências de utilização de relatos orais em estudos sobre o processo criativo, em articulação com outras ferramentas, como a crítica genética.b) Discussões sobre o caráter artístico e criativo agregado a trabalhos com narrativas pessoais. Enquadram-se propostas que discutam a possibilidade de a história oral ter, em si, um componente artístico, ou de se comunicar com práticas artísticas. Entre outras possibilidades, contempla-se: 1. Aproximação da história oral a outras artes, como fotografia, desenho, vídeo, artes plásticas, arte digital, etc.; 2. Interpretações de obras literárias baseadas na oralidade; 3. Discussões metodológicas sobre o emprego de técnicas advindas de campos como a literatura e a linguística tanto para a constituição quanto para a análise de fontes orais; 4. A inter-relação entre história oral e história pública, discutindo a viabilidade e os procedimentos da difusão de trabalhos de história oral para públicos não especializados, por meio de diversos suportes, como o rádio, o cinema e o livro.

ST 08 – História Pública e Oralidade

Coordenação: Juniele Rabêlo de Almeida (UFF), Marta Gouveia de Oliveira Rovai (Unifal)

O Simpósio Temático tem por objetivo reunir profissionais que utilizem os procedimentos da história oral em pesquisas que mobilizem as possibilidades de construção participativa/difusão/ampliação do conhecimento histórico. Sob a expressão “história pública” reúnem-se múltiplas iniciativas em favor do redimensionamento do saber histórico (produção compartilhada e ampliação dos públicos da história). Este Simpósio Temático tem como meta avançar nas discussões sobre a ampla gama de questões teóricas e práticas em torno da história pública no Brasil, visada em perspectiva internacional. O simpósio será uma oportunidade para abordar temas como: a relação entre história oral e a diversidade de públicos da história; o impacto social e público da produção acadêmica; a função da história pública na divulgação e no gerenciamento do patrimônio material e imaterial; o impacto das novas mídias sobre as estratégias de produção e publicização da história; os procedimentos da história oral diante de celebrações, comemorações, memoriais; os cruzamentos entre história pública/história oral e outras áreas de conhecimento aplicado,como o jornalismo, o cinema, as relações públicas, a gestão de organizações, o turismo; a história oral e gênero; a relação entre história oral e literatura, em múltiplos âmbitos de narrativa histórica: as biografias, os testemunhos, a ficção histórica. Afirma-se a necessidade do estabelecimento de diálogos entre o saber acadêmico e o trabalho dos divulgadores; considerando a necessidade da não supressão da ciência em favor da história pública, porém, o desejo de pensar a construção de uma ponte de comunicação com a recepção social do trabalho acadêmico. Serão bem-vindas pesquisas e reflexões que tenham como eixo central a relação entre história pública e história oral. O Simpósio Temático será uma excelente oportunidade para aprofundarmos os debates sobre história pública e história oralno Brasil. A pergunta que podemos fazer é como a academia pode, de dentro dela, colaborar para forjar uma história mais humana e democrática fora dela. Ou ainda se é exclusividade dos historiadores o lidar com a história pública. As reflexões teóricas e as experiências relatadas pelos pesquisadores, nesse Simpósio Temático, deverão remeter à problemática que se abre e que deve ser sempre alimentada: qual é o campo da história pública e quais são os seus atores?

ST 09 – Memória política e políticas da memória

Coordenação: Martin Jayo (EACH/USP) e Soraia Ansara (EACH/USP)

Neste simpósio propomos debater sobre os processos de construção da memória coletiva, enfatizando a multiplicidade de vozes que constroem histórias e a recuperação das lutas e resistências como possibilidade de compreensão do presente a partir de sua articulação com o passado. É objetivo do simpósio compartilhar estudos e experiências referentes à memória política, às políticas de memória, às disputas em torno dos lugares de memória e às potencialidades que os espaços de memória têm para intervir no debate dos dilemas atuais que envolvem novas violências ou formas de violação de direitos.

ST 10 – Memórias, sensibilidades e experiências urbanas

Coordenação: Maria Sílvia Duarte Hadler (CMU/Unicamp)

Uma diversidade de histórias e memórias de diferentes sujeitos atravessam as várias instâncias dos espaços urbanos, articulando-se a práticas culturais que se movimentam continuamente nestes espaços, tensionando-se e instituindo e/ou reproduzindo determinadas visões de mundo, determinadas formas de sociabilidades e de sensibilidades. Formas de individualismo urbano, de segregação social e espacial, de indiferença ou de intolerância em relação à presença de “outros”, de padronização de comportamentos, de homogeneização de pontos de vista, têm marcado a dinâmica das relações sociais nos diferentes espaços urbanos. No entanto, as histórias e memórias de uma diversidade de sujeitos podem apontar também para dissonâncias em relação a estas tendências socioculturais que, de algum modo, têm predominado; podem apontar para outros modos de estar e atuar na cidade. Na articulação com estas considerações e também levando em conta contribuições do campo da História Cultural, este simpósio pretende acolher pesquisadores que tenham se valido da metodologia da história oral para trazer histórias e memórias que circulem pelos diferentes espaços e lugares das cidades para um aprofundamento da reflexão sobre relações entre  questões da memória, das sensibilidades e das experiências urbanas.

ST 11 – Educação na/pela cidade, turismo e lazer

Coordenação: Lívia Morais Garcia Lima (Unifesp), Juliana Pedreschi Rodrigues (EACH/USP), Marcelo Vilela de Almeida (EACH/USP)

Nos processos educativos, em suas dimensões sociais e comunitárias, educação tem a ver com formação, socialização e aprendizagem e foca, no tempo presente, nas necessidades e interesses que as pessoas e os grupos humanos têm. Desta forma, é importante e necessário dar a conhecer as problemáticas e os objetivos que orientam a pesquisa no campo ampliado da educação: os sujeitos, os lócus (institucionalizados e não institucionalizados, os movimentos e as manifestações dos agrupamentos humanos), os organismos financiadores, a cidade e o campo, especialmente focalizando as contribuições da história oral como um recurso de abordagem tanto do que se localiza no centro como na periferia, e suas ramificações estruturais e conjunturais na sociedade e no momento atual. Nesse sentido, a forma como o território se organiza no decorrer dos tempos articula áreas de trabalho e conhecimento, tais como arte, meio ambiente, cultura, política, patrimônio, história, turismo, lazer, entre outras, em diálogo com a universidade e suas atividades extramuros, de forma aleatória, sem hierarquia, sem centralidade ou periferia (o que implicaria em outra dicotomia), mas em rede, em conexão, em relação ainda que não estabelecida, necessariamente, de forma deliberada, mas pelos sujeitos e grupos, por suas escolhas e acessos. Faz parte da aprendizagem interpretar o mundo criticamente, ser consciente de seus limites e alcances, de suas desigualdades econômicas e das diversidades sociais e culturais a fim de fazer aproveitamentos de seus repertórios e de mover iniciativas em prol de um território mais inclusivo para todos – portanto, mais educador. Assim, o interesse deste Simpósio Temático é contemplar trabalhos que abordem diversas áreas de conhecimento como turismo, lazer, patrimônio, velhice, artes, política e diversos aspectos da vida social, que considerem a história oral como recurso interdisciplinar, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades de leitura e escrita e estimulando a conexão entre comunidades e territórios.

ST 12 – Povos e Comunidades Tradicionais: desafios da oralidade

Coordenação: Wladimyr Sena Araújo (Unirio), Andrea Casa Nova Maia (UFRJ)

Povos e comunidades tradicionais são categorias utilizadas pelo Decreto Federal n° 6.040 de 2007, para definir grupos distintos com características peculiares que incluem organização social própria e uso de territórios e os recursos naturais neles existentes para sua reprodução sociocultural (ameaçada em muitos casos), assim como aspectos voltados para a ancestralidade, socio economia, relações de parentesco e outros aspectos inerentes às suas culturas. A retomada das pautas de direitos humanos de populações indígenas e quilombolas face aos crescentes enfrentamentos e tentativas de extermínio de determinados grupos nos levaram a pensar como a História oral tem um papel político no sentido de amplificar estas vozes e culturas, contribuindo nas lutas e resistências contemporâneas. Nesse sentido, este Simpósio tem, de um lado, a finalidade de promover o encontro de estudiosos de diversas áreas e instituições para debater questões relacionadas aos avanços e desafios encontrados para realizar suas pesquisas no que tange, principalmente, a transversalidade de saberes e conhecimentos; aplicação de procedimentos conceituais e metodológicos próprios da história oral; cruzamento de áreas de conhecimento, responsabilidades e ética dos profissionais quanto a pesquisa, recorte e difusão de informações nessa área. Por outro lado, este encontro tomará a memória como elemento norteador, pois como fonte de saber, envolve experiências individuais e coletivas, onde grupos, comunidades e povos tradicionais acabam sendo visibilizados por meio do trabalho de historiadores e outros profissionais que utilizam a história oral como forma de “exorcizar” o que está subterrâneo, propiciando, como já mencionou Boaventura de Sousa Santos, a emergência sobre aquilo que estava ausente, sendo a memória e suas vozes silenciadas trazidas à luz. Pesquisas acerca de memória e oralidade deste ST devem levar em conta debates sobre ancestralidades, conhecimentos tradicionais e visões de mundo, vida em territórios demarcados e/ou áreas urbanas, porque são elementos importantes para rememorar o passado e o presente, assim como para a sobrevivência de povos e comunidades tradicionais, constantemente ameaçados e agredidos em seus territórios ou fora deles, com suas culturas e direitos constitucionais constantemente colocados em xeque no Brasil. Serão aceitos trabalhos nas mais diversas áreas de conhecimento, desde que utilizem a história oral como elemento central dos estudos.

ST 13 – Produção de História Oral para os meios digitais: experiências e reflexões

Coordenação: Daniel Lopes Saraiva (FFLCH/USP) e Bruna Aparecida Gomes Coelho (UFRJ)

Os novos debates sobre a apropriação do conhecimento histórico e seus usos levaram os historiadores a discutir mecanismos de divulgação das pesquisas historiográficas, além de sua conservação diante dos constantes avanços tecnológicos. Neste sentido, se tornou importante dominarmos os espaços digitais, alcançando um público para além da academia e criando possibilidades que democratizam a história sem que esta perca seu rigor de análise e método científico. Nossa proposta é colocar o Simpósio Temático “Produção de História Oral para os meios digitais: experiências e reflexões” como espaço para discutirmos práticas da história oral, tanto em pesquisas acadêmicas quanto em produções voltadas para os meios digitais, discutindo suas semelhanças e diferenças, elencando os debates que se encontram no campo da história oral, da história pública e da história digital. Desta forma buscamos trazer experiências e práticas que perpassem sobre questões: seleção de entrevistas, equipamentos de gravação, montagem de roteiros, edição do material, entrevistas virtuais, plataformas digitais, publicização de entrevistas, relação da história oral e novas mídias, relação da história oral com os meios digitais esperando trabalhos que trabalham com a prática e a teoria, fazendo do simpósio um local de trocas de experiência e reflexões entre pesquisadores. Esperamos contar com pesquisas já finalizadas e em andamento que tenham seus pilares entre os temas elencados com objetivo de aprofundar o debate sobre História Oral e suas produções para os meios digitais. Entendemos que o Simpósio traz uma temática atual que anseia por novos debates.