A sociedade brasileira, constituída a partir de uma perspectiva capitalista, colonialista, patriarcal e racista, é produtora de diferenças sociais que geram e perpetuam desigualdades e iniquidades. O etnocentrismo, promotor de mitos como a teoria das três raças e da democracia racial, está presente na construção cultural nacional e atravessa-nos cotidianamente como pessoas e profissionais de saúde. Estereótipos são enquadramentos que subjugam pessoas a grupos e grupos a comportamentos sociais. Alguns exemplos de como estes impactam a oferta de cuidado em saúde são a violência obstétrica experienciada por mulheres negras e a oferta de cuidado condicionada ao questionamento de envolvimento com o tráfico de drogas experienciada por jovens negros periféricos. Os estereótipos interagem com os processos de reconhecimento dos sujeitos em sociedade, produzindo (ou negando) subjetividades, agenciamentos e sofrimentos. A mesa propõe-se ao seguinte debate:

  • Como o etnocentrismo interage na produção de cuidado em saúde no âmbito da APS?
  • De que maneiras estereótipos se interrelacionam entre si e com o processo social, de saúde e adoecimento das pessoas?
  • Como o etnocentrismo, preconceito e estereótipos favorecem a produção de violências institucionais na prática de cuidado em saúde  por omissão ou por reprodução de discriminação (consciente ou não)?
  • A APS e a MFC são capazes de reconhecer as violências institucionais que perpetuam?
  • Como médicas e médicos de familia e comunidade, podem agir no combate a essas iniquidades?

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