O Direito à Cidade e a Mobilidade Urbana com Justiça
Moderador: Vinícius Polzin Druciaki – UEG
Palestrante: Eduardo Vasconcelos – ANTP
A necessidade de circular em uma cidade está ligada ao desejo ou à necessidade de realização das atividades sociais, culturais, políticas e econômicas consideradas necessárias na sociedade. O acesso ao espaço é essencial para a vida de todas as pessoas. Assim, por um lado a mobilidade depende das condições físicas pessoais dos viajantes e da sua capacidade de pagamento dos custos incorridos. Por outro lado, ela depende da disponibilidade de tempo por parte das pessoas e do casamento adequado com os horários de funcionamento das atividades nos destinos (janelas de tempo), bem como da oferta de meios de transporte. A apropriação do sistema de circulação só pode ser feita se todas estas condições forem satisfeitas. Portanto, a apropriação real do sistema de circulação é caracterizada por diferenças enormes entre as pessoas, classes e grupos sociais. Estas diferenças sempre revelam contrastes sociais e políticos, que são muito mais pronunciados nos países em desenvolvimento. Na circulação, as pessoas consomem tempo, energia, espaço viário e dinheiro; elas também geram impactos negativos como a poluição (sonora e atmosférica), os acidentes de trânsito e o congestionamento. Nos países em desenvolvimento e com grande desigualdade social os consumos e impactos negativos relativos às pessoas de renda mais alta são entre seis e dez vezes maiores do que os valores relativos às pessoas de renda baixa, revelando enorme iniqüidade no acesso à cidade. A questão central da organização da mobilidade sustentável e equitativa é, portanto, analisar quem faz os consumos e quem causa os impactos negativos, para propor medidas que impeçam grande desigualdade entre as pessoas.