EIXOS TEMÁTICOS DOS CÍRCULOS DE CONVERSAÇÕES

1) Povos das Amazônias e Território;

2) Povos das Amazônias e Saúde;

3) Povos das Amazônias e Cultura;

4) Povos das Amazônias e Educação;

5) Povos das Amazônias e Envelhecimento; e

6) Povos das Amazônias e Universidade, Ciência e Produção de Conhecimento.

 

CÍRCULOS DE CONVERSAÇÃO NAS RAMADAS:

1) Território: Nesta Ramada - "Povos das Amazônias e Territórios de Resistência Face aos Grandes Empreendimentos" - queremos reunir estudos, pesquisas, experiências de vida e de luta que fomentem o diálogo e a reflexão sobre a defesa dos territórios das Amazônias frente ao avanço dos empreendimentos do agro-hidro-minério-negócio: retomadas de territórios ancestrais; reconhecimento/demarcação/regularização de territórios tradicionais; reforma agrária; direito a consulta prévia, livre e informada, elaboração de protocolos comunitários de consulta prévia, livre e informada; os desafios da Jusdiversidade (liberdade de agir de cada povo segundo suas leis, seu direito próprio e sua jurisdição); impactos e desafios socioambientais e socioterritoriais frente aos empreendimentos lineares; impactos das mudanças climáticas; irregularidades no licenciamento ambiental, planos de gestão territorial, experiências agroecológicas, experiencias de bem viver, entre outras.

2) Saúde: Nesta Ramada - "Povos das Amazônias e Saúde" - queremos reunir estudos, pesquisas, experiências de vida e de luta que fomentem o diálogo e a reflexão sobre a recente Resolução nº 715, de 20 de julho de 2023, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), (re)conhece as manifestações da cultura popular dos povos tradicionais de matriz africana e as Unidades Territoriais Tradicionais de Matriz Africana (terreiros, terreiras, barracões, casas de religião, etc.) como equipamentos promotores de saúde e cura complementares do SUS. Ademais, sabe-se da imprescindível contribuição de conhecimentos tradicionais dos Povos das Amazônias e suas ciências e tecnologias para a prevenção de males (do corpo, da mente, e, quiçá, do espírito) e o tratamento de pessoas doentes. Esses serviços de promoção da saúde comunitária ocorrem de modo complementar à medicina convencional ou, por vezes, devido à negligência estatal, ofertam-se como a única opção no atendimento da população. Nesta Ramada, propõe-se a discussão sobre a efetividade das políticas públicas em saúde para os Povos das Amazônias; o compartilhamento de estudos acerca de comunidades, organizações e sujeitos de referência no uso de saberes e recursos para acolhimento de quem precisa; e a exposição de pesquisas que abordem conhecimentos tradicionais aplicados à saúde.

3) Cultura: Nesta Ramada - "Povos das Amazônias e Cultura" - queremos reunir estudos, pesquisas, experiências de vida e de luta que fomentem o diálogo e a reflexão sobre as culturas dos povos das amazônias que em grande medida têm resistido e reexistido em face da cultura opressora do mundo moderno/colonial. As culturas dos povos das amazônias são concretas, possuem suas línguas, suas filosofias, suas experiências morais, estéticas, poéticas, espirituais, sociais, históricas e suas relações com a natureza, que se mantêm por meio da tradição oral e pelas manifestações culturais que expressam o vínculo com a natureza e o espiritual. Para enfrentar a cultura opressora do mundo moderno/colonial a decolonialidade e a interculturalidade se apresentam como uma prática de vida que pressupõe a possibilidade de convivência e coexistência entre culturas e identidades. Sua base é o diálogo entre diferentes, que se faz presente por meio de diversas linguagens e expressões culturais, visando à superação da intolerância e da violência entre indivíduos e grupos sociais culturalmente distintos.

4) Educação: Nesta Ramada - "Povos das Amazônias e Educação Outras" - queremos reunir estudos, pesquisas, experiências de vida e de luta que fomentem o diálogo e reflexão sobre os conhecimentos tradicionais, saberes dos povos e comunidades tradicionais em consonância com sua profunda relação com o meio ambiente. Numa perspectiva decolonial, abre-se aos estudos, práticas educativas, inclusivas, interseccionais e experiências epistêmicas baseadas em educações outras, tais como educação quilombola, educação indígena, educação do campo, educação popular, educação não escolar, realizadas em espaços outros, tais como nas lutas dos movimentos sociais, nos terreiros, nos espaços alternativos das periferias, das universidades ocupados por outros sujeitos, bem como processos educativos de outras abordagens que valorizam a diversidade e singularidade desses contextos amazônicos, tais como a pedagogia da terra, pedagogia das águas, pedagogia griô, pedagogia do movimento, entre outras pedagogias de caráter contra-hegemônico que buscam se insurgir contra o sistema dominante na medida em que colocam os sujeitos subalternizados como protagonistas de suas próprias histórias.

5) Envelhecimento: Nesta Ramada - "Povos das Amazônias e Envelhecimento" - queremos reunir estudos, pesquisas, experiências de vida e de luta que fomentem o diálogo e a reflexão sobre as percepções das velhices dos povos amazônidas. O envelhecimento demográfico dos povos indígenas. Reconhecimento da ancestralidade no processo do envelhecimento. As práticas de cuidado. As redes existentes de suporte social. As políticas públicas e os serviços existentes de saúde, educação, assistência social, cultura, habitação e esporte. A transição epidemiológica. A transmissão cultural dos anciãos. As violências vividas pelos povos originários mais velhos. As relações intergeracionais dos povos amazônidas. Violência e trajetórias de envelhecimento dos povos indígenas e povos tradicionais da Amazônia. Filosofias indígenas e as possibilidades de envelhecer na Amazônia. Educação, cultura e ancestralidade dos povos originários e povos tradicionais da Amazônia. Saberes ancestrais e a Educação para o bem viver.

6) Universidade, Ciência e Produção de Conhecimento: Nesta Ramada - "Povos das Amazônias e Universidade, Ciência e Produção de Conhecimento" - queremos reunir estudos, pesquisas, experiências de vida e de luta que fomentem o diálogo e a reflexão sobre estudos, pesquisas, relatos de experiências de vida e de luta que fomentem o diálogo e reflexão sobre o papel da universidade pública, da ciência e produção/circulação de conhecimento e sua relação com os povos das amazônias. O caminho da democracia e da justiça socioambiental passa, também, fundamentalmente pela democratização do conhecimento, pela justiça cognitiva, a fim de que os diversos povos possam garantir o direito de se autorepresentar no seu território e no mundo, vendo-se no “espelho” de suas próprias histórias, memórias e saberes, e não num “espelho eurocentrado” (estranho, do colonizador), que historicamente vem contribuindo para o apagamento e silenciamento desses saberes, histórias e memórias e alteridades outras, das margens, do Sul global. Assim, pretendemos discutir a contribuição, os limites e desafios da produção cientifica nas Amazônias e o papel da universidade, a fim de visibilizar sua potencialidade na relação com esses povos, com essa região e com o mundo numa perspectiva descolonial de universidade e de ciência com vistas à democratização da sociedade e enfrentamento à geopolítica desigual do conhecimento, à injustiça cognitiva.