SESSÃO DE COMUNICAÇÃO 2 – ANÁLISES LINGUÍSTICAS

 

LINGUAGEM E (DES)CONSTRUÇÃO DE PRECONCEITOS: IDENTIFICANDO E COMBATENDO O RACISMO E O MACHISMO NO DISCURSO

 

Natália Assumpção Campean

Yago Monteiro Moreira

Ricardo Luiz Teixeira de Almeida

 

Resumo: A língua, em sua condição de instrumento de interação social, faz muito mais do que meramente representar realidades objetivas, exteriores às práticas discursivas. Na verdade, o mundo social é, em larga medida, construído pelos usos que fazemos da língua, ao nos engajar nas mais diversas esferas de atividade humana (MOITA LOPES, 2004). As assimetrias de poder, incluindo as que envolvem as categorias de raça e gênero, são reafirmadas, cotidianamente, por discursos que as naturalizam, legitimando a suposta superioridade do opressor sobre o oprimido. Contudo, ao nos envolvermos em práticas discursivas, podemos tanto atuar no sentido de reforçar as relações de poder vigentes, quanto no de questioná-las (FAIRCLOUGH, 1999). Uma educação linguística comprometida com a construção de um mundo mais justo, portanto, precisa assumir a tarefa de fomentar a reflexão crítica acerca das relações entre discurso e poder. O letramento escolar, sob esta perspectiva, deve formar usuários da língua capazes não apenas de identificar o exercício do poder por meio da linguagem, mas também de atuar discursivamente na resistência e reconstrução democrática das práticas discursivas que afirmam a superioridade de determinados grupos sobre outros. Assim, o objetivo deste trabalho, norteado pelo enquadre teórico estabelecido acima, é apresentar dois projetos de ensino crítico de língua portuguesa, desenvolvidos por bolsistas PIBID UFF junto a estudantes de Ensino Médio do Colégio Pedro II, no Campus de São Cristóvão. Enquanto um dos projetos enfatizou a (des)construção discursiva do racismo por meio, principalmente, do trabalho com gêneros audiovisuais, como vídeo clipes, documentário etc., o outro enfocou especificamente o machismo inscrito na própria língua, como se pode perceber, por exemplo, pela conotação negativa que certos substantivos e adjetivos passam a ter no feminino. Os projetos em tela foram fruto de colaboração entre as duplas de bolsistas responsáveis por cada um deles, que assumiram os mesmos princípios e perspectivas teóricas e abordaram, em sentido amplo, o mesmo eixo temático. O envolvimento ativo dos estudantes das duas turmas nas atividades e discussões propostas indica que os projetos foram bem-sucedidos, o que reforça nossa crença em uma educação linguística comprometida com o fomento da reflexão crítica acerca de questões sociais relevantes para os estudantes.

Palavras-chave: Educação. Linguagem. Preconceito. Machismo. Racismo.

 

 

MERITOCRACIA E CINISMO NO DISCURSO EMPRESARIAL NA/DA MÍDIA: UMA ANÁLISE DISCURSIVA

 

Eber Fernandes de Almeida Júnior

 

Resumo: Este trabalho tem como objeto de análise o discurso midiático sobre a meritocracia, em circulação na mídia, na atualidade. De modo mais específico, buscamos compreender os modos como na mídia têm circulado sentidos para meritocracia que se sustentam por um funcionamento discursivo do cinismo, promovendo uma associação entre o discurso empresarial e o discurso político no Brasil. Com base na fundamentação teórica e nos princípios metodológicos da Análise de Discurso, tal como proposta por Michel Pêcheux, no cenário francês da década de 1960, e reterritorializada no Brasil, a partir das pesquisas de Eni Orlandi, voltamo-nos ao funcionamento do discurso sobre a meritocracia, em um corpus constituído por uma entrevista do empresário Luciano Hang, ao Programa The Noite, talk show exibido no canal de televisão SBT, em dezembro de 2018, com apresentação de Danilo Gentili. Em sua participação no talk show, o empresário dono da rede de lojas Havan discorre sobre seu percurso, planos de negócios e posicionamento político, tendo a meritocracia como temática privilegiada em seu dizer. Para a análise desse corpus, formulamos as seguintes questões de pesquisa: i) como se constituem nesses dizeres postos em circulação pelo empresário entrevistado efeitos de sentidos para o trabalho e trabalhador?; ii) quais os apagamentos, as reafirmações e os deslizamentos de sentidos que constituem o discurso do empresário nesse processo de produção de sentidos para meritocracia?; iii) como se articulam, em seu dizer com circulação na mídia, os discursos empresarial e político? Esta pesquisa de Iniciação Científica encontra-se em andamento, no Laboratório Arquivos do Sujeito (LAS/UFF). Como um primeiro gesto de análise, recortamos no corpus dizeres do empresário que produzem efeitos de sentidos de associação entre práticas empresariais e gestão pública, sustentados discursivamente pelo cinismo.

Palavras-chave: Análise de discurso. Mídia. Cinismo. Meritocracia

 

 

 

LINGUAGEM PUBLICITÁRIA E TRANSMIDIALIDADE: ANÁLISE SEMIÓTICA DA MARCA “DESINCHÁ”

 

Romullo da Silva Correia

 

Resumo: Este projeto utiliza o instrumental teórico da Semiótica do Discurso para analisar as estratégias utilizadas na construção da marca do chá funcional de emagrecimento “Desinchá”. Estratégias de marketing que apelam para o humor, a exacerbação da subjetividade e a aproximação com o enunciatário, além de divulgação em múltiplas plataformas, são algumas das justificativas da escolha da marca como objeto de estudo. No projeto buscamos descortinar, no âmbito dos Estudos de Linguagem, de que modo as novas tecnologias aliadas a interesses metodológicos utilizam estratégias textuais e discursivas que reforçam o consumo de marcas, produtos e, em última instância, instituem formas de vida contemporâneas. O corpus de análise é construído a partir da observação do discurso publicitário na embalagem, no site oficial do produto https://www.desincha.com.br e nas demais plataformas utilizadas como Instagram, Twitter e Facebook. O Percurso Gerativo de Sentido (doravante PGS) é uma ferramenta metodológica de aplicabilidade da teoria sobre o objeto de estudo que auxilia uma leitura do nível mais superficial/complexo ao mais profundo/abstrato presentes no texto, são eles: o nível discursivo, o narrativo e o fundamental, respectivamente. Vale ressaltar que a proposta no momento é apresentar resultados parciais do projeto, analisados no período compreendido entre setembro de 2019 e outubro de 2020, visto que a bolsa foi renovada até 2021. Como resultados parciais, observou-se que existe um jogo de metáfora no nome da marca, uso de linguagem informal como estratégia de persuasão e figuras que tematizam diferentes relacionamentos entre enunciador e enunciatário. Por fim, o projeto está vinculado ao Grupo de Pesquisa Semiótica e Discurso (SEDI/UFF), tendo como orientadora a professora Silvia Maria de Sousa, da UFF, com bolsa de fomento da FAPERJ.

Palavras-chave: Semiótica. Práticas discursivas. Estratégias transmidiáticas. Discurso publicitário.

 

 

O SUBSTANTIVO NOS TRATADOS DE DONATO E PRISCIANO E SUA SEMELHANÇA NAS GRAMÁTICAS NORTEADAS PELA NOMENCLATURA GRAMATICAL BRASILEIRA

 

Maykon Motta Marins

 

Resumo: Este trabalho busca confrontar o conceito de substantivo da Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), que norteia as explicações das gramáticas de língua portuguesa no Brasil desde 1959, com a definição de nomen na Ars Minores de Donato (cerca de 350 d.C.) e do Intitutio de Prisciano (cerca de 500 d.C.), estes foram os tratados gramaticais latinos mais influentes produzidos na Antiguidade Clássica. Ao fazer isso, o objeto é demonstrar o quão próximo nossas definições, ainda hoje, estão desses primeiros tratados latinos. Para isso, realizar-se-á uma comparação sincrônica com duas gramáticas recentes da língua portuguesa, a Moderna Gramática Portuguesa de Evanildo Bechara (1999) e a Suma Gramatical da Língua Portuguesa de Carlos Nougué (2015). Assim, percebe-se o quanto da gramática clássica, produzidas há séculos, influência essas duas gramáticas norteadas pela NGB.

Palavras-chave: Gramática. NGB. Substantivo. Nomen.

 

 

GRAMÁTICA UNIVERSAL

 

Guilherme Gonçalves Machado

 

Resumo: O tema deste trabalho é a Gramática Universal, seguindo o pressuposto de que existe uma universalidade das línguas naturais que pode ser captada pela gramática. A justificativa é o longo histórico que este tema tem no âmbito dos estudos da linguagem, como, por exemplo, a gramática de Port Royal, a gramática dos modistas, até a chegar a linguística gerativa com sua gramática universal. O objetivo é ressaltar a importância dos universais linguísticos que possam ser compreendidos em todas as línguas, ressaltar a beleza da diversidade das línguas, reestabelecer a dimensão filosófica dos estudos da linguagem. A metodologia utilizada é a linguística de orientação cognitiva-funcional, vertebrada pela semiótica e com os aportes da interdisciplinaridade. O corpus de análise é retirado de uma ampla bibliografia de diversas áreas do conhecimento, justificando a metodologia interdisciplinar e a revisão bibliográfica. O objetivo esperado é apresentar um panorama pancrônico – conjugando a diacronia e a sincronia – sobre a gramática universal, oferecendo um viés prospectivo de oferecer uma base teórico filosófico.

Palavras-chave: Gramática Universal. Linguística. Interdisciplinaridade.

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