SESSÃO DE COMUNICAÇÃO 1 – ARTE, LITERATURA, IDENTIDADE E MEMÓRIA

 

BECKETT E BOSCH: OS POEMAS DE GUERRA E “O JARDIM DAS DELÍCIAS TERRENAS”

 

Alan Cardoso da Silva

 

Resumo: Neste trabalho, quero propor uma análise comparativa de três poemas do autor irlandês Samuel Beckett (1906 – 1989), os quais traduzi em minha monografia intitulada “Três poemas para tempos de guerra: o poeta Samuel Beckett traduzido hoje”, com o tríptico popularmente conhecido como “O Jardim das Delícias Terrenas” (1504), do pintor holandês Hieronymus Bosch (c. 1450 – 1516). Apresento a hipótese de que os poemas de Beckett podem ser lidos também como um tríptico, isto é, creio que seja possível analisar os poemas em uma leitura conjunta, crendo que estabelecem entre eles uma relação de interdependência.

Palavras-chave: Arte. Literatura. Samuel Beckett. Hieronymus Bosch.

UM MERGULHO LITERÁRIO: A EXPANSÃO MARÍTIMA IBÉRICA E SUAS RELAÇÕES COM LITERATURA E IDENTIDADE

 

Carlos Rafael Braga da Silva

 

Resumo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre as relações entre a literatura e a expansão marítima ibérica e, para tal, a análise se baseará em três questões principais. A primeira refere-se ao fato de que se lançar ao mar trouxe ao povo português questões fortes quanto a sua nacionalidade e a sua identidade perante ao outro. Nesse sentido, é de fundamental importância compreender como esse sentimento identitário foi desenvolvido, tendo na literatura uma grande aliada no referido processo. O segundo ponto é a compreensão de que a expansão marítima também trouxe consigo o florescer de um novo modelo literário: as literaturas de viagens, onde encontram-se intrincadas questões já conhecidas, e novidades, tanto no viés estilístico quanto no informativo, o que faz todo sentido caso pense que, independentemente se entendida como ficção ou não, é fato que a literatura deve apresentar uma relação com a realidade dos contemporâneos a fim de que sua leitura seja aceita e “justificável”. O terceiro e último ponto diz respeito à análise do modo como essa expansão marítima foi aceita por seus contemporâneos, de forma especifica por três autores de grande importância na história literária de Portugal: Fernão Lopes, Gil Vicente e Luís de Camões. É importante destacar, entretanto, que mais do que analisar o autor e a obra, o que se objetiva aqui é fornecer um breve panorama da forma de escrever destes autores, dos pensamentos, encontrados em seus textos, que favorecem o fortalecimento da ideia de povo com cultura e identidade comum e, principalmente, das críticas feitas por eles no que se refere ao expansionismo marítimo português.

Palavras-chave: Cultura. Literatura. Expansão marítima. Identidade ibérica.

 

 

LUGAR E IDENTIDADE

 

Jaci da Cunha e Silva Carioca Sampaio

 

Resumo: Este trabalho, nasce da proposta do fórum da disciplina “Lugar, Ambiente e Artes”, como atividade anterior aos estudos e teorias que seriam então apresentados sobre Educação Ambiental e o lugar das artes ao longo da história da humanidade. A justificativa para a escolha do tema é para tentar responder a esta provocação. Nesse sentido, o objetivo principal deste trabalho é fazer uma reflexão sobre como somos afetados neste momento da pandemia de Covid-19, provocada pelo corona vírus, no reconhecimento da nossa identidade. O corpus de observação, como foi a proposta da atividade, é essencialmente composto por fotografias dos lugares ou do lugar que tenha importância para a nossa história pessoal, como fio condutor desta reflexão. Para a fundamentação teórica, são utilizados o material didático e as referências da disciplina “Lugar, Ambiente e Artes”, que tem como conteudista o coordenador, o Professor, Dr. José Maurício Saldanha Álvarez, e mediação a distância do Professor Edson Pessoa Santiago. O método utilizado foi a seleção de um grande número de fotografias, em sua maioria tiradas de um mesmo ponto de vista, já que o isolamento social, imposto como estratégia para diminuir a disseminação da doença, não nos deu outra alternativa. A coleta deste material se deu também em períodos anteriores à pandemia. Como resultado, observou-se que, de um mesmo ponto de vista, aspectos diversos surgem a serem destacados. Por fim, este trabalho pretende retratar este primeiro contato com a disciplina “Lugar, Ambiente e Artes” do curso de Letras/licenciatura-UFF, pelo Consórcio Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro – CEDERJ – e suas reverberações subjetivas.

Palavras-chave: “Lugar, Ambiente e Artes”. Identidade. Subjetividade. Fotografias.

 

 

CADERNO DE MEMÓRIAS COLONIAIS: RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E COLONIALIDADE NA OBRA DE ISABELA FIGUEIREDO

 

Laila Souza de Paula

 

Resumo: O objetivo do trabalho é analisar o livro “Caderno de Memórias Coloniais”, de Isabela Figueiredo, com a possibilidade de traçar relações entre o campo literário e os estudos pós-coloniais e descoloniais, através de movimentos de análise crítica e provocativa de uma obra da literatura portuguesa contemporânea. De cunho autobiográfico, a narrativa se constitui de episódios da infância da autora, na então colônia Moçambique, até sua vivência em Portugal durante a adolescência. Entende-se que o funcionamento do modelo colonial não se detém apenas aos produtos visados em primeiro plano de exploração, diz respeito ao conjunto de dinâmicas coletivas implicadas no espaço. Discorrendo sobre a relações de poder no eurocentrismo, Quijano (2000) indica que “tal como o conhecemos historicamente, o poder é um espaço e uma malha  de relações sociais de exploração/dominação/conflito articuladas, basicamente, em função e em torno da disputa pelo controle dos seguintes âmbitos de existência social: (1) o trabalho e seus produtos; (2) na dependência do anterior, a “natureza” e seus recursos de produção; (3) o sexo, seus produtos e a reprodução da espécie; (4) a subjetividade e seus produtos, materiais e intersubjetivos, incluindo o conhecimento; (5) a autoridade e seus instrumentos, de coerção em particular, para assegurar a reprodução desse padrão de relações sociais e seus câmbios” (QUIJANO, 2000, p. 345, tradução nossa).  Investe-se na análise com apoio teórico em torno das dinâmicas de gênero e raça (bell hooks, Kilomba), colonialidade (Mignolo, Quijano, Bonnici) e sobre o colonialismo português. A visão geral do paradigma colonial indica que uma série de outras relações coletivas também são implicadas, assim como as de trabalho e as diferentes secções de grupos sociais, que passam pela presença da figura alterizada, pela desvalidação, por signos negativos e estratégias de subalternização. No Caderno de Memórias é possível ver as relações de subserviência manifestadas na relação patrão-empregado e as dinâmicas raciais envolvidas. O comportamento hierárquico é perceptível, além dos campos mais apontados no livro, racismo e misoginia, e se dá também a nível das relações de trabalho, linguísticas e espaciais.

Palavras-chave: Literatura portuguesa contemporânea. Colonialidade. Pós-colonialidade. Relações sociais.

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