PROPONENTE: Adeildo Vila Nova (PUC-SP)

RESUMO: Percebe-se uma omissão da história das crianças e adolescentes negras/os que também foram escravizadas e resistiram sistematicamente às atrocidades dos seus escravizadores/as. No livro “História das crianças no Brasil”, organizado pela professora Mary Del Priore, em 1999, dos quinze artigos do livro, analisando o seu sumário, apenas dois discutem a questão da criança negra e escravizada no Brasil. Com o título “Crianças escravas, crianças dos escravos”, de Ana Maria Mauad, onde essa questão aparece mais explicitamente e no artigo: “Criança esquecida das Minas Gerais”, de Julia Scarano, que aborda a comercialização de crianças negras e as funções que exerciam naquele período. Os demais se referem às crianças de elite, nas embarcações, na relação com os jesuítas. O que mais chama a atenção é que durante as narrativas sobre as crianças no período colonial a cor não é referida, mesmo sabendo do contingente de crianças negras que viviam no Brasil naquele momento histórico. Isso também se mantém quando os temas se remetem à atualidade. Um pouco mais adiante, é lançado o livro “História Social da Infância no Brasil” organizado pelo professor Marcos Cezar de Freitas, em 2003, e nenhum título no sumário, sequer, cita a questão da escravização das crianças, embora alguns títulos tragam discussões, no que se refere à temporalidade, dos séculos XVI ao XX. Novamente a cor das crianças é omitida, o que traz consequências importantes como o apagamento e a invisibilidade dessa população negra infantil à época. A partir de uma revisão bibliográfica crítica e criteriosa apresentamos as ausências e a invisibilização da história da infância negra na historiografia nacional. Ou, ao menos, desconstruir a perspectiva do colonizador/escravizador que geralmente é apresentada nos estudos sobre a formação social do Brasil. Importante destacar também o protagnismos dessas crianças e adolescentes nos processos de resistência ao regime escravocrata que pouco é difundida. Temos muitos escritos sobre a história das crianças da Casa Grande, mas pouco se fala das crianças das senzalas e dos quilombos. É fundamental fazermos uma leitura crítica da nossa formação social para que possamos identificar quais os resquícios que há desse passado no nosso presente, na contemporaneidade.

PÚBLICO ALVO: Pessoas interessadas na temática. 

CARGA HORÁRIA: 2 horas

EMENTA DO MINICURSO:  O processo de formação social do Brasil é atravessado por uma série de questões que, por vezes, foi ignorado por parte de alguns estudiosos e pesquisadores brasileiros. O sequestro e escravização de negros e negras é uma dessas circunstâncias omitidas ou contadas a partir da perspectiva do colonizador/escravizador e não dos verdadeiros protagonistas da nossa formação social. Especialmente no que se refere às crianças e adolescentes negras/os que também tiveram seu protagonismo nesse processo. Geralmente, as histórias que são contadas são as das crianças da casa grande e esquecem das crianças das senzalas e dos quilombos, na contemporaneidade. É fundamental apresentarmos a verdadeira história da nossa formação destacando, especialmente, o processo em que crianças e adolescentes negras/os também foram escravizadas/os para a acumulação capitalista dos colonizadores/escravizadores. Necessário também apresentar o que há desse passado nefasto da nossa história na contemporaneidade e nas condições objetivas da vida das nossas crianças e adolescentes negras/os.

METODOLOGIA:  O curso será desenvolvido por meio de aula expositiva e dialogada com as/os participantes por meio do uso de textos e materiais audiovisuais como imagens, música, vídeo entre outros.

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