O Sebastianismo em trânsito atlântico: o republicanismo e a depreciação do mito sebástico (Portugal e Brasil, 1889-1897)

Autoria: Joel Carlos de Souza Andrade
Editora: Rfb Editora
Sinopse: Ao ouvirmos falar de sebastianismo no Brasil, a nossa cabeça é povoada de imagens que nos evocam revoltas de cunho popular, marcantes em nosso imaginário social: Canudos, Contestado, Pedra Bonita etc. As duas primeiras, inclusive, estão estampadas na maioria dos livros didáticos, desde o fundamental ao ensino médio. 
A interpretação mais comum em relação a essas revoltas é a de que o Regime Republicano tomou feições autoritárias, reprimindo organizações sociais populares que operavam de certo modo igualitário, guardando certa distância do coronelismo – mais um dos descaminhos republicanos -, e até ameaçando os potentados locais. Deste ponto de vista, o sebastianismo toma conotações positivas, representando um modo de o povo professar a sua fé, percebida pelas elites, naquele contexto, como manifestações de fanatismo, barbaria e atraso. Em resumo, nos servimos do sebastianismo para denunciar a Primeira República no Brasil, autoritária e excludente.
O livro de Joel Carlos Souza de Andrade envereda por um caminho bem diverso. Podemos dizer que o sebastianismo é o vilão. Nos discursos dos intelectuais republicanos, portugueses e brasileiros, sebastianismo era um termo que simbolizava tudo aquilo que, nos regimes monárquicos, contrastava com os seus ideais progressistas, civilizatórios e democráticos. O vocábulo, ademais, guarda significados pejorativos, sendo uma forma de estigmatizar o outro, o inimigo, aquele a quem se quer exorcizar. Dificilmente os monarquistas viam-se como sebastianistas. Como bem demonstrou o autor, ao fazer minuciosa sondagem nos documentos em dois lados do Atlântico, sebastianismo foi o vocábulo político que enfeixou esses diversos predicativos negativos lançados sobre regime monárquico.

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