GT - Itinerários Formativos de Aperfeiçoamento (IFAs) como ferramentas de compromisso coletivo na escola
A proposta deste Grupo de Trabalho nasce da necessidade urgente de ressignificar os espaços e tempos escolares como territórios formativos também para os educadores. Em um contexto de constantes mudanças sociais, culturais e educacionais, torna-se cada vez mais evidente a responsabilidade ética e profissional do educador em assumir um compromisso com o novo — não como adaptação passiva a modismos ou prescrições externas, mas como abertura ao desconhecido, à escuta e à transformação. Para isso, é fundamental que o professor reconheça e valorize o próprio não-saber, compreendendo-o como ponto de partida para o questionamento, a pesquisa e o crescimento coletivo.
Nesse cenário, os Itinerários Formativos de Aprofundamento (IFAs) podem e devem ultrapassar sua função normativa para se tornarem espaços vivos de formação continuada. Quando pensados de maneira crítica e colaborativa, oferecem oportunidades reais para que os professores reflitam sobre suas práticas, dialoguem entre si e com os estudantes, e construam sentidos pedagógicos enraizados no contexto da escola. Todavia, verifica-se na opinião pública, diversas críticas às formas com as quais os itinerários formativos foram trabalhados em contextos escolares diversos, do ensino público ao privado. Essa tensão entre a possibilidade de uma abordagem de ensino projetual, interdisciplinar e transformadora com a realidade material das escolas de Ensino Médio no Brasil nos faz pensar no espaço do IFA como um momento de integração da comunidade escolar. Tanto é que em maio de 2025 o Governo Federal soltou uma nota explicativa e normativa redefinindo o funcionamento dos IFAs no Ensino Médio a nível nacional.
Assumir os IFAs como possibilidade de (trans)formação continuada exige um olhar atento ao cotidiano escolar: um olhar que não busca apenas a eficácia de procedimentos, mas que se orienta pelo sentido, pela interpretação e pelo diagnóstico das condições concretas que atravessam o trabalho docente. Entende-se que o educador se constitui como sujeito formador na sala de aula, mas também no grupo e na complexidade das relações, sendo a formação um processo contínuo, situado e coletivo. Deste modo, este GT busca contribuições de trabalhos que busquem uma análise crítica e formativa dos IFAs no Ensino Médio, tendo em vista a recente implementação dessa política educacional e normativa curricular.
- Por isso, buscamos trabalhos que desenvolvam ao menos um dos seguintes temas:
- Interdisciplinaridade e possibilidades de ensino através dos IFAs.
- Experiências docentes integrativas e projetuais em IFAs.
- Comunidade escolar e Itinerário Formativo de Aprofundamento.
- Ética, política e estética educacional através de Itinerários Formativos de Aprofundamento.
- História dos itinerários e da interdisciplinaridade no ensino básico no Brasil.