Cidades, lugares, cenas e transgressões: uma topografia pelas contraculturas de Lisboa e de S. Paulo

Mediação: Simone Luci Pereira

Cidades, lugares, cenas e transgressões: uma topografia pelas contraculturas de Lisboa e de S. Paulo. Paula Guerra

As cidades têm sido palcos, lugares e atores de transgressões culturais-artísticas. Iremos considerar a indelével relação entre cenas musicais-artísticas e sua inscrição urbana transgressora considerando o final dos anos de 1970 e os anos de 1980 nas cidades de Lisboa e de S. Paulo. Começamos pelas vanguardas musicais – onde o punk ocupa um lugar de destaque – mas vamos também abordar em osmose com a música a noite, a moda, o cinema, a fotografia, as instalações e as festas. Iremos focar-nos na constituição e no desenvolvimento de cenas e a sua importância na constituição coletiva de identidades e memórias, abordando, entre outros, os seguintes tópicos: as identidades juvenis, artefactos e sua inscrição espacial; as geografias e as economias underground e criativas da cidade atual; as carreiras e percursos alternativos de intervenção musical e artística na cidade; os projetos e intervenções urbanos com foco nas artes e na música; ambiências e identidades culturais e musicais urbanas.

 

Música, ritualidade urbana e agências culturais. Martín de la Cruz López Moya

Música e cidade podem ser observadas como processos articulados com a experiência de habitar lugares ou de imaginar sentidos de pertencimento a espaços e temporalidades; uma trama social e sonora em construção e ressignificação permanente. Como espaço de interação coletiva, a cidade é um lugar privilegiado para observar as formas de produção musical como resultado de convergências e encontros; no seu entorno elaboram-se representações e imaginários de comunidades e territorialidades musicais. Durante a interação urbana são tecidas criatividades sonoras e experiências de escuta de narrativas que evocam emoções, pertencimentos étnicos e geracionais, resistências políticas e experiências religiosas, distinções sociais ou diferenças culturais que interpelam a tradição; da mesma forma em que nas culturas urbanas emergentes convergem tecnologias musicais, ritmos e formas de dançar. A partir das experiências musicais no sul do México compreendidas por uma perspectiva etnográfica multi-situada, propõe-se refletir sobre a cidade e as sonoridades que ocorrem durante as ritualidades urbanas. Imersas em processos transculturais, a partir da cidade e da música é também possível observar a experiência sensível, a diversidade e as agências culturais.

 

Periferia, práticas e discursos: a cidade desejada (obviedades de uma cidade em xeque). Silvia Lopes Raimundo

A periferia de São Paulo, origem de importantes movimentos sociais desde a década de 1970, encontra-se novamente animada com o surgimento de diversos Coletivos Culturais que articulam politicamente a apropriação do território e territorializam a cidade. Nesse momento, artistas e produtores culturais representam o papel de sujeitos, inclusive bastante atuantes no corpus do campo político do município de São Paulo, criando movimentos, realizando fóruns, alterando leis e produzindo uma nova estética política no território paulistano. Nesse encontro pretendemos falar sobre as práticas do Movimento Cultural das Periferias (MCP) para a elaboração da Lei de Fomento à Cultura das Periferias, uma lei de iniciativa popular, e os discursos sobre a cidade/metrópole de São Paulo que fundamentaram esse processo.

 

Compartilhe!

Apoiador