Queridas pessoas amigas da Rede Unida!

Com muita satisfação recebemos a cada uma e cada um de vocês no ambiente virtual do 16ª Congresso Internacional da Rede Unida. A nova edição do nosso tradicional congresso será realizada no período de 31 de julho a 03 de agosto de 2024 no campus sede da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em formato híbrido. O tema central, “As mil e uma saúdes dos territórios: cuidados, bem viver, liberdade e democracia como atributos éticos da educação e do trabalho no SUS” nos remete à história da Associação da Rede Unida.

Desde os projetos de Integração Docente Assistencial (IDA), em que a diversificação de cenários de aprendizagem foi constituída como estratégia de contato da formação dos profissionais e técnicos da saúde com os territórios e os equipamentos do sistema público de saúde, até as iniciativas de engendramento da democracia, no período da 8ª Conferência Nacional de Saúde e da Constituinte, ou, mesmo, na resistência democrática dos anos mais recentes, onde a asfixia de vidas foi projeto de governo, a Rede Unida se fez presente.

Nos remete também à relevância atribuída constitucionalmente ao trabalho para a produção das saúdes nos territórios, já não mais apenas como uma saúde dos órgãos, mas abrangendo outras saúdes que são muito relevantes para o bem-viver das pessoas e coletividades em todos os lugares. A saúde como dispositivo e resultado da democracia.

Assim interpretamos as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que dizem que a produção de saúde é feita de forma descentralizada, expressão que nos diz dos encontros entre trabalhadores da gestão e da atenção em saúde com cada pessoa usuária; capaz de buscar a integralidade, que é processo permanente e não um estado fixo e se comporta como ideia-força para engendrar avanços e não como prescrição; e com participação social, que nos diz do respeito à autonomia das pessoas e coletividades e do diálogo permanente com seus saberes e práticas nos territórios.

Para alcançar essas saúdes, com compromisso ético com as vidas de cada pessoa, precisamos ativar novamente o encontro da educação com a saúde como invenção, como produção social e política, como técnica em desenvolvimento, como trabalho vivo em ato (noção que nos remete à intensa produção do queridíssimo Emerson Merhy), como educação permanente em saúde (e aqui prestamos homenagens ao Ricardo Ceccim e à Laura Feuerwerker).

Para essa edição do nosso Congresso Internacional, nos parece fundamental retomar e atualizar os avanços pedagógicos, tecnológicos e civilizatórios que abrem novos horizontes para a democracia, para a saúde de cada pessoa e coletividade. Retomar e seguir no desenvolvimento de novas abordagens para cuidar melhor das saúdes e dos territórios, sem negligenciar as necessidades singulares e sem abrir mão dos avanços da ciência e da tecnologia.

No período de crise civilizatória, que vivemos recentemente, aprendemos que a negação da ciência se embasa na negação da vida e que o diálogo com saberes e fazeres de cada local, ao contrário, fortalece a ciência e o trabalho ético de produção da saúde. Aprendemos também que a mudança na formação na saúde é uma agenda impostergável, que precisa estar fortemente enraizada nos territórios e aliançada com as melhores práticas da ciência e da tecnologia e responder às necessidades sociais e sanitárias de cada local. Que mobilizar corações e mentes, como é marca das nossas iniciativas do VER-SUS Brasil, é necessário para a defesa das vidas, de todas elas, em cada território.

O que significa que a inclusão - respeitando e validando nossas diferenças étnicas, raciais, culturais, de identidade sexual e de gênero, do pertencimento, enfim, de cada pessoa a um contexto cultural e social – também precisa refazer, permanentemente, nossos saberes e nossas práticas. A história da Rede Unida é, também, o contexto ancestral que nos alimenta e que, por sua vez, tem conexões fortes com o desenvolvimento do pensamento em saúde e da educação na saúde, formado em redes nacionais e internacionais, há mais de 35 anos.

No ano do nosso Congresso internacional, estaremos colhendo os frutos da retomada da democracia, da atualização das políticas públicas voltadas para a produção de equidade para nossas gentes, da inclusão no ensino e na saúde dos nossos jovens e adultos, das iniciativas do SUS para os cuidados nos territórios e nas redes especializadas, da educação permanente como estratégia de desenvolvimento do trabalho e da educação na saúde, da preparação da 4ª Conferência Nacional de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, de implementação das diretrizes da 17ª Conferência Nacional de Saúde.

De dar consistência às escutas que fizemos nos diversos encontros regionais nos anos de 2023 e 2024 (nos quais florestaniamos por outros amanhãs, mergulhamos nos territórios e encontramos suas gentes, aprendemos com as diversidades, produzimos encontros nos olhos d’agua do cerrado, aprendemos a ensinar e cuidar com os territórios integrados do SUS).

O Congresso Internacional tem a função estratégia e intensiva de nos fortalecer para qualificar a intervenção nas políticas de saúde e demais políticas públicas, ampliar e fortalecer nossas parcerias no Brasil e em outros países (sempre com a lógica do local-local), ampliar nossa capacidade de disseminação de conhecimentos e ideias para aquecer a vida, as saúdes e a democracia em cada território e no planeta.

Assim, constituímos o sentido da imagem que nos convida ao congresso: redes internacionais que formam uma globalização inclusiva, em que as conexões local-local engendram rizomas de afecções e colaborações horizontais; a macela (ou marcela, como preferem alguns, ou chá da Sexta-Feira Santa, como preferem outros) significa uma conexão cultural (diálogos interculturais em cada território, sem colonialismos) e com os diferentes sentidos da saúde.

A macela, arbusto brasileiro que ocupa os campos e floresce em diferentes períodos, conforme a grande diversidade climática brasileira, florescerá também em julho de 2024, com todo o seu poder terapêutico, na Universidade Federal de Santa Maria, para consolidar nossos encontros e mais um Congresso Internacional com diferentes línguas, com diferentes cores, com diferentes forças de produção de vida, com diferentes ideias. Mas, sobretudo, de um encontro de gente que gosta de gente e, por isso, cuida das gentes e precisa ser cuidado como gente (nossa homenagem à síntese mais complexa e intensa do trabalho em saúde, que repete, insistentemente, nossa querida Maria Luiza Jaeger, em toda vez que é instigada a falar sobre o trabalho em saúde).

Santa Maria é uma terra que lembra ancestralidade, tensões civilizatórias, inovações na educação técnica e superior. A Universidade Federal de Santa Maria tem tradição de participar de movimentos de mudança na formação de trabalhadores da saúde, de implementar residências em saúde, de acolher os estudantes e viabilizar sua permanência (a maior casa de estudantes da América Latina é da UFSM), de compromisso social da universidade com a liberdade democrática e tem uma excelente direção do Centro de Ciências da Saúde (não é mesmo, querida Maria Denise, nossa presidenta do Congresso?).

A programação, como nas edições anteriores, terá rodas de conversa, távolas temáticas, rodas de apresentação de trabalhos, exposições, mostras, a tenda Paulo Freire, a tenda Sinais que vêm da Rua, intervenções culturais, saraus, Fóruns Internacionais, Res Públicas, pontos de encontro e muito mais. As Comissões do Congresso já estão a pleno vapor, inventando atividades e dispositivos de encontro.

Santa Maria é uma cidade universitária, conhecida como o “coração do Rio Grande do Sul” pela localização geográfica, que ocupa um território originalmente indígena, nos receberá com uma temperatura em torno dos 13ºC (variando de 9ºC a 19ºC), que se tornam bem confortáveis com abraços e chá de macela. O congresso terá atividades híbridas, inclusive para as rodas de trabalhos, mas a presencialidade será muito marcante. Por isso convidamos que se inscrevam e estejam conosco no período do Congresso. Será uma rede de bons encontros, disso temos certeza.

Aguardamos vocês para boas conversas, intercâmbios e com um acolhimento muito especial.

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Event date

29 of July of 2024, 08h00 until 3 of August of 2024, 18h00

Where

Centro de Ciências Sociais e Humanas, prédio 74C - Universidade Federal de Santa Maria - Av. Roraima nº 1000 Cidade Universitária , Camobi, Santa Maria - Rio Grande do Sul

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