Gilberto Mendes, Gilberto Mundos

14-16 de setembro, 2022

Em 2022 comemoramos o centenário do nascimento do compositor Gilberto Mendes e o 18º Encontro MusiMid tem como objetivo promover discussões aprofundadas no que diz respeito à trajetória artística do músico, às suas poéticas artísticas e de seu modo de entender e se relacionar com o mundo, aos diálogos intersemióticos presentes em sua própria obra, assim como às leituras e aos desdobramentos dessa mesma obra na produção de artistas contemporâneos.

Durante sua trajetória, Gilberto Mendes transitou entre propostas artísticas modernistas diversas, fato que fez com que ele se considerasse, antes de tudo, um compositor “transmoderno”. Sua vida, seus gostos e suas invenções foram pautados nas aventuras estéticas e políticas possíveis dentro de seu tempo histórico e seu ambiente cultural, agitados pelas vanguardas e seus limites. Nesse sentido, Gilberto era um artista inventor – alguém que inventava sonoridades, novas concepções de música e dialogava com a literatura e com o teatro para a produção do que ele chamava de signo novo.

Nessa tarefa de inventar e imaginar signos novos, desenvolveu-se sua trajetória artística, política e pessoal. Gilberto Mendes queria criar novas linguagens e novos mundos, transpor fronteiras estéticas e políticas, imaginar novas sensibilidades auditivas e políticas e lutar por outras possibilidades de existência, menos desiguais e mais humanas.

Sua longevidade lhe permitiu vivenciar muitos momentos diferentes da cultura brasileira e mundial, fato que se reflete em sua pluralidade estética. É Gilberto Mendes quem diz que se considerada, no mínimo, três compositores, transitando entre aquele de formação clássico-romântica, apaixonado por Schumann, Brahms e outros, o experimentador vanguardista que gerou algumas de suas obras mais icônicas, e outro popular, que dialogou tanto com a frente nacionalista quanto com a música de cinema. E ainda um quarto compositor, misturando todos esses. É o que se ouve na música de Gilberto Mendes: a trama entre a tradição, o signo novo e a música popular, o delicioso encontro de Ulysses em Copacabana Surfando com James Joyce e Dorothy Lamour, ou a improvável conciliação entre dois protagonistas da música do século XX caminhando pelos Mares do Sul (Um Estudo? Eisler e Webern Caminham nos Mares do Sul). O intelectual preocupado com as questões políticas de seu tempo sem renunciar ao rigor formal, mesmo quando parece não estar fazendo nada além de uma brincadeira, como em O Último Tango em Vila Parisi.

Santista de berço e de coração, escolheu uma cidade para viver e para amar, mas não se restringiu a ela: sua arte dialogava com a arte internacional e suas músicas foram tocadas ao redor do mundo, fazendo reverberar o imaginário desse Ulisses caiçara, sempre de volta a sua Ítaca-Santos. Era um viajante e com isso alimentava diretrizes para que suas criações fossem cosmopolitas, como ele.

Chegado seu centenário, é tempo de prestar uma justa homenagem a este que foi um mestre tão generoso, além de redimensionar sua importância para a música e a cultura brasileira.


A fim de discutir estes temas e seus desdobramentos, o MusiMid convidou Diósnio Machado Neto (EACH-USP), Carla Delgado de Souza (UEL), Rita de Cássia Domingues Santos (UFMT) para idealizar as linhas que orientarão os debates deste 18º Encontro, que será realizado por via digital, com transmissão ao vivo pelas redes sociais.

A programação será composta de três mesas-redondas, contando com a participação de convidados nacionais e estrangeiros, no período da tarde.

O período da manhã dará voz aos pesquisadores que serão selecionados para apresentação, após submissão de propostas de trabalho, avaliadas por um comitê científico.

O encontro “Gilberto Mendes, Gilberto Mundos” estará organizado em torno de três eixos fundamentais:

Eixo 1: “Uma odisseia musical”: Este eixo reúne trabalhos em torno da vida e obra de Gilberto Mendes, seus trânsitos por diferentes estéticas, suas diferentes fases, seus interlocutores, sua importância no campo da cultura e da música brasileira.

Eixo 2: “Música, cinema do som”: Inspirados pela técnica composicional de Gilberto Mendes, este eixo se dedica a refletir sobre a música em interface com diferentes linguagens artísticas (teatro, artes visuais, cinema) e linguagens midiáticas (televisão, rádio, publicidade): possibilidades, imbricações e a criação do signo novo.

Eixo 3: “Viver sua música”: Considerando a faceta de produtor cultural de Gilberto Mendes, este eixo privilegiará pesquisas relacionadas aos espaços de realização de práticas musicais, desafios, disputas de espaço, posicionamento político. Também se incluem neste eixo as diversas modalidades performáticas – incluindo as virtuais.

Estes eixos nortearão as mesas redondas e as sessões temáticas. Estão convidados a participar pesquisadores que apresentem suas propostas de trabalho que sejam pertinentes ao tema, submetidas pela plataforma Doity, no prazo estipulado e aceitas por avaliação duplo-cega. Os textos finais serão publicados nos anais, conforme de costume.

Modalidades de participação:

  • Comunicações orais
  • Ouvintes

Datas importantes:

Chamada para trabalhos: 21 de março a 21 de maio 13 de junho

Resultado da seleção: 28 de maio 06 de julho

Envio dos trabalhos completos: de 03 a 31 de agosto.

Data: 14 a 16 de setembro de 2022.

Data do evento

14 de setembro de 2022, 09h00 até 16 de setembro de 2022, 18h00

LOCAL DO EVENTO

Evento Online
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