Área temática 01: Cidade, democracia e educação

Nas cidades, as praças, os parques, as hortas coletivas, as ocupações de moradia e culturais, além das escolas, lugares privilegiados para apropriação de cultura, são espaços de construção e trocas de saberes e conhecimento. Como espaços de formação, e também conflitivos, possibilitam a partir das experiências cotidianas, dos encontros e das relações significativas, uma educação crítica e emancipadora, capaz de permitir a compreensão do lugar e do mundo e transformá-los permanentemente desde os territórios. Em diversos lugares das cidades e das metrópoles os saberes são recriados a partir das experiências de vida, seja antes e depois da crise sanitária e política atual, através de coletivos culturais, slams, saraus, cursinhos populares, movimentos sociais, e práticas pedagógicas. Para compreender a relação cidade-educação-espaços formadores, as disputas e os consensos, construir a escola e a cidade que se deseja, é necessário criar espaços de interação, compartilhamento de pesquisas e de experiências pedagógicas. E de forma dialógica, valorizar e trocar práticas de pesquisa e de ensino realizadas nesses diferentes lugares.  É nesse sentido que convidamos educadores populares, estudantes, pesquisadores, arte-educadores e ativistas sociais, professores, sobretudo da rede pública de ensino para estarem conosco neste evento.

Coordenação: Cidade, participação e educação

 

Área temática 02: Cidades: Memórias, histórias, narrativas

Este eixo temático tem como proposta discutir as diferentes formas de representação, construção e imaginação da/na/sobre a cidade e as experiências urbanas, tendo como referências a memória, a história, a narrativa, o patrimônio e o acervo. Entre os aspectos que se procura debater, estão: as narrativas pessoais na construção da memória urbana; os acervos de coletivos culturais, centros de memória e museus; a educação patrimonial da cidade; a tecnologia e as humanidades digitais; as relações entre narrativas e a memória e a formação social brasileira; os processos de patrimonialização como modos de produção do espaço urbano; a arte pública e a história pública; os lugares de memória e de consciência; os diálogos entre práticas e campos do saber atentos à convencionalização narrativa das experiências urbanas.

Coordenação: Laboratório de Narrativas Urbanas

 

Área temática 03: Mobilidade em território das periferias urbanas

A mobilidade urbana é mais do que apenas o deslocamento em si de pessoas ou uma mera técnica é, antes de tudo, uma questão política que expressa relações de poder de determinadas classes e grupos sociais. Assim, a mobilidade é um ângulo chave para compreensão dos históricos processos de segregação e desigualdades socioespaciais nas periferias urbanas das cidades brasileiras, que repercutem, nas suas mais diversas escalas e contextos, as péssimas condições de mobilidade, o tempo perdido nos deslocamentos e a ampliação dos gastos familiares com transportes e as barreiras para a acessibilidade aos serviços públicos, empregos e sociabilidade ao lazer. É neste sentido que as metodologias baseadas na cartografia social e digital colaborativa e no uso de novos dispositivos tecnológicos podem contribuir nas formas de participação popular para a proposição de um modelo de mobilidade mais equitativo, justo e humano nas cidades.

Coordenação: Rede Mobilidade Periferias

 

Área temática 04: Periferias urbanas contemporâneas: Complexidades, contradições e lutas

As periferias urbanas brasileiras contemporâneas são complexas e contraditórias. A produção social do urbano em moldes capitalistas produziu espaços historicamente marcados pela segregação socioespacial, pela precariedade e por uma atuação estatal opressora. No entanto, esses espaços sempre foram férteis em organização política, expressos por uma infinidade de ações coletivas e de relações sociais. Pensar as periferias urbanas na contemporaneidade nos auxilia na compreensão de nossa sociedade, dado que as periferias revelam aquilo que os centros escondem. O Centro de Estudos Periféricos vem atuando na compreensão da complexidade desses espaços, visando fundamentalmente incidir na melhoria das condições de vida em um cenário de desmonte da sociedade salarial, de desmoronamento dos serviços públicos, de pandemia e de aumento do conservadorismo convertido em violências múltiplas. Com esse intuito, buscando caracterizar sociologicamente, economicamente e urbanisticamente esses espaços, mas atento às modulações simbólicas e às mobilizações políticas, o CEP propõe quatro eixos de compreensão: 1) produção, apropriação e uso do espaço urbano: trabalho, moradia e transporte nas periferias; 2) periferias, infâncias, gênero e LGBT; 3) racismo e luta de classes diante às práticas de violência e genocídio nas periferias, e; 4) arte, cultura e mobilizações políticas nas periferias.

Coordenação: Centro de Estudos Periféricos (CEP)

 

Área temática 05: Urbanização Crítica: acumulação, conflito e luta política

A urbanização se realiza de modo crítico: tanto pela agudização das contradições sociais e das formas desiguais de produção do espaço, quanto em relação às formas de sua interpretação. Nesse sentido, considerando uma leitura teórica que ponha ênfase na espacialidade das análises e transborde as relações entre questão agrária, industrialização, capitalismo e urbanização, este eixo articula diálogos em múltiplas dimensões: aborda os processos de privatização, mercantilização e financeirização do lugar/território e a produção de políticas públicas que diretamente incidem sobre a produção do espaço como um negócio, num contexto de radicalização do projeto neoliberal, de concentração de poder econômico e político e de exacerbação da espoliação na vida cotidiana. Ainda, incorpora reflexões sobre a reprogramação da política brasileira a partir da ascensão da nova direita em diferentes escalas e níveis de interpretação sobre o espaço urbano, que tem implicado um processo incisivo e recente de produção de regimes privados de controle territorial, articulado com a militarização das cidades, desencadeando uma nova rodada de produção do espaço e acumulação do capital e de poder. Finalmente, almeja analisar a experiência da urbanização como conflito pelo uso do espaço, tensionando, de um lado, o direito relativo à propriedade privada, o domínio político e equivalência econômica e, de outro, as formas de produzir, viver, habitar e se reproduzir na cidade e na metrópole.

Coordenação: Transborda - Estudos da Urbanização Crítica