Território do Sagrado



Na mitologia africana, os orixás são divindades que representam as forças da natureza e se relacionam com a religiosidade africana e afro-brasileira. Exu, Ogun, Obaluae, Yemanjá, Oxun, Ewá, Ossain, Oxalá, Logunedé, Xangô, Oxossi, Iansã, Nanã, Ibeji, Obá e Oxumare são os orixás mais conhecidos no Brasil. Seus cultos chegaram ao Brasil por meio dos homens e das mulheres africanas que foram escravizadas durante os séculos XVI, XVII e XVIII, período da colonização brasileira. O termino desse processo violento foi marcado pela exclusão dos negros e negras do mercado de trabalho, restando a eles apenas os valores da sua cultura, da sua arte e das suas crenças. Desde a chegada do povo africano ao nosso país que eles e elas são vítimas de ataques violentos. Na atualidade, ainda testemunhamos o desrespeito que um grupo de pessoas faz a terreiros e casas de santo, que são espaços de cultos religiosos. Viver na resistência é uma maneira de manter viva as suas giras, os seus cantos, o seu axé. Portanto, Território do Sagrado é uma proposta de exposição que reúne um conjunto visual composto por uma iconografia religiosa Afro-Brasileira, representada pelos 16 principais orixás do candomblé.  As pinturas - acrílica sobre tela - com dimensões de 0,40cm x 0,50cm, é fruto das pesquisas no campo gráfico e pictórico de André Vicente. O objetivo da mostra é problematizar aspectos culturais das religiões de matriz africana, já que estas também se fazem presentes nos sertões do Seridó. A representação dos orixás feita por André Vicente nasce de uma base comum e encontram no centro geométrico da tela o equilíbrio formal. Ao mesmo tempo em que paira no ar, como que ligados ao etéreo, os pés descalços remetem a terra. Cada orixá carrega nas mãos seus símbolos característicos. Com a cabeça coberta e os olhos fechados, se liga a uma força da natureza. Na indumentária, destaque para os saiotes feitos a partir de campos de cor, com elementos gráficos sobrepostos que remete a carga simbólica de cada entidade, seguindo a lei da continuidade. Adereços como braceletes, tornozeleiras e colares feitos de fibra vegetal, metal ou contas coloridas trazem a noção de hierarquia, divindade e aspectos míticos. Os contornos gráficos reforçam a bidimensionalidade das imagens e acentua o jogo de cores, por vezes análogas, por vezes complementares, para corresponder à mitologia afro-brasileira. A relação figura e fundo hora se apresenta com maior contraste, quando a imagem é construída sobre um fundo neutro, hora observamos com maior dramaticidade, quando percebemos a construção da imagem sobre manchas de cor. A exposição apela à sensibilidade estética para dar visibilidade os valores da cultura negra, porque não é mais aceitável restringi-la a subalternidade. Cada imagem construída pelo artista pode ampliar e ressignificar o imaginário que se nutre a respeito da presença africana na cultura brasileira. Saravá! (Jailson Valentin dos Santos - Curador)

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Curador: Jailson Valentim dos Santos - valentim8@yahoo.com.br
Artista: André Vicente e Silva - vicente_arte@hotmail.com