Moderador: Dr. Cristiano Almeida – FCT/UFG

Debatedor: Murilo Salviano - GloboNews

O jornalista vai narrar as realidades que descobriu no transporte público do Brasil durante as gravações do programa GloboNews Em Movimento. A série tem 12 episódios, e discute os problemas e as soluções para a mobilidade urbana do país. A equipe de reportagem investigou a situação de sete capitais, além de cidades do interior, rodovias e ferrovias.

Debatedora: Dra. Érika Cristine Kneib – FAV/UFG

O transporte público coletivo é um serviço essencial para toda a sociedade. É o modo motorizado de transporte capaz de contribuir para a mobilidade sustentável nas cidades. Porém, nos últimos anos, o transporte coletivo enfrenta um cenário de ausência de priorização e de investimentos, assim como perde competitividade frente ao modo motorizado individual. Muitos são os desafios para a melhoria do serviço, dentre os quais podem ser destacados cinco fatores, basilares para o início de um processo de melhoria da sua qualidade, assim como de atendimento às necessidades da população: i) financiamento, pois o modelo atual, no qual o usuário pagante é o único a arcar com os custos de um serviço que atende toda a sociedade, não é mais viável; ii) infraestrutura adequada, principalmente no caso dos ônibus, pois é necessário que o transporte coletivo seja efetivamente prioritário e que não necessite mais disputar espaço com os veículos motorizados individuais. Isso impede que o sistema seja competitivo e confiável; iii) gestão pública eficiente, por se tratar de um serviço público essencial e estruturador das cidades e regiões, uma gestão pública eficiente é fundamental para garantir a operação do serviço, assim como para gerir e influenciar políticas públicas que o impactam direta e indiretamente; iv) desenvolvimento orientado ao transporte coletivo, no qual as atividades da cidade e sua localização devem ser pensadas para potencializar e viabilizar o uso do transporte coletivo; v) segurança urbana, uma vez que o transporte coletivo refletirá os padrões de segurança (ou falta dela) que se apresentam nas áreas urbanas. Caso
esses 5 elementos sejam efetivamente discutidos, planejados, atendidos e implementados nas cidades brasileiras, certamente o transporte coletivo, a mobilidade e as cidades estarão diante de uma nova e positiva perspectiva, associada à sustentabilidade e à qualidade de vida urbana.

Debatedor: Dr. Pastor Willy Gonzales Taco – UnB/Ceftru

Transporte Coletivo: serviço essencial é direito social Ao longo desses últimos anos o Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes (Ceftru) da Universidade de Brasília (UnB) vem realizando ações voltadas à discussão e disseminação de conhecimento técnico que proporcione para a sociedade instrumentos de empoderamento, em relação aos seus direitos e deveres no que tange ao transporte, à acessibilidade e a mobilidade urbana. Ações tais como: desenvolvimento de Programa de Carona Solidária com a plataforma Carona Phone; promoção da Mobilidade Corporativa; avaliação da Qualidade do Transporte Coletivo; promoção da Participação Popular nas instâncias deliberativas; diálogo com os Atores envolvidos na Gestão do Transporte Coletivo; realização de Campanhas de Segurança na Mobilidade Pela Vida; realização de eventos que valorizem aos usuários da Acessibilidade e Mobilidade Urbana, em favor da inclusão das pessoas Surdas, dos Idosos e Portadores de Necessidades Especiais. Assim, tem-se trabalhado para que cada ator (gestor, usuário, empresário, imprensa) possa apresentar suas visões, tanto numa perspectivada específica como global a fim de que a Equidade e Inclusão Social sejam uma pauta constante na procura do direito social. Algumas constatações, podem ser listadas a seguir: i) em termos de instrumentos normativos, percebe-se que existe uma gama bem robusta de Leis e Estatutos que por si só já servem como um direcionamento do que deve ser feito e cobrado no serviço essencial; ii) nem sempre as instituições responsáveis, em maior ou menor grau, pela provisão da mobilidade, têm práticas co-participativas; ii) ainda existe forte crença de que grandes investimentos em infraestrutura resolverão as carências da mobilidade; iv) pequenas ações, coordenadas, focadas em setores específicos da sociedade e do espaço urbano podem e de fato estão sendo as sementes transformadoras da mobilidade e acessibilidade como um direito; v) ainda existem fragilidades no empoderamento da sociedade dos seus direitos, os que estão fortemente relacionados com a concepção individual que cada usuário tem em relação a sua prática de cidadania. Em resumo, ainda temos muito por fazer.

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