Mediação: Yuri Beher

Esta exposição aborda questões preliminares à pesquisa que estamos desenvolvendo sobre as relações entre som, espaço e afeto. Trata-se de uma investigação interdisciplinar que envolve diversas disciplinas, incluindo a música, a eletroacústica, a espacialização sonora, do ponto de vista da composição musical, a fenomenologia, a psicoaústica e a ciência cognitiva. O objetivo principal da pesquisa é analisar o papel do afeto na constituição da consciência sonora temporal e o espaço. A questão do    espaço é relevante para o estudo da percepção do som, na medida em que a espacialização do som adicionada     uma camada de significado e resposta emocional, que ajuda o ouvinte a compreender a textura física do fenômeno sonoro. Na primeira fase da pesquisa, pretendemos realizar uma análise empírica com sujeitos para averiguar o papel da espacialização sonora na resposta emocional. Esta pesquisa empírica será realizada no estúdio        EARS (Experimental Acoustics Research Studio), da Universidade da Califórnia, Riverside, no qual foi instalado um sistema de projeção sonora imersivo, com 32 alto-falantes e subwoofers disposto em surround. Os sujeitos, colocados dentro desse espaço imersivo, serão submetidos à escuta de diferentes tipos de sons com características espaciais diferentes. Eles terão de responder a questionários que avaliará a resposta afetiva a esses sons. Na segunda fase da pesquisa, que será realizada futuramente, após a avaliação da primeira fase, pretendemos averiguar os papeis da espacialização sonora no contexto da composição eletroacústica e digital. Em ambas as fases, o foco da pesquisa são as múltiplas relações entre o som, o espaço e afeto. Consideramos que o estudo do afeto é crucial no   estudo do fenômeno sonoro na era digital, na medida em que a tecnologia nos expõe a diferentes espaços e contextos de escuta, com diferentes conteúdos afetivos. Nesse artigo, apresentaremos a seguir uma série de questões que constituem o fundamento conceitua e prático da pesquisa.