Palestrante: Roberto Lent | Data: 2 de junho de 2018 |  Horário: 16:00 - 17:30

Um grande avanço na última mudança de século foi a consolidação do conceito de pesquisa translacional, aplicado com sucesso na Saúde e nas Engenharias em praticamente todos os países de médio/alto PIB. Intrigantemente, isso não ocorreu com a Educação. Ainda não se percebe que a Ciência já pode compreender como as pessoas aprendem, quais os mecanismos aceleradores da aprendizagem e do ensino, e como isso impactaria a economia e a ascensão social das nações. Também não se percebe que as inovações podem ser validadas com estudos populacionais para racionalizar em escala o ensino, nem quais competências socioemocionais devem possuir os futuros cidadãos para atuar em empresas cada vez mais automatizadas e informatizadas. Talvez por conta dessa omissão, o progresso dos indicadores educacionais brasileiros tem sido tão modesto. Na Saúde, as políticas públicas não apenas investem em melhorias materiais (saneamento, atendimento hospitalar, cobertura nutricional, etc), mas também em ciência e inovação capazes de criar novas opções no cenário internacional (terapias para doenças degenerativas, vacinas para doenças infecciosas, etc). Diferentemente, na Educação o investimento é exclusivamente focado nas melhorias materiais (mais escolas, melhores salários para os professores, etc), necessárias, mas insuficientes para acelerar o crescimento dos nossos indicadores a taxas mais rápidas e competitivas. Esse cenário nos abre uma janela de oportunidade para criar uma nova política científica voltada para a Educação, que fomente a confluência de várias disciplinas científicas com esse foco consiliente. Para dar concretude a essa possibilidade, a proposta em discussão é que as novas iniciativas de fomento dos agentes públicos e privados tenham como eixo estruturante a Ciência para Educação. Pela mesma razão foi fundada a Rede Nacional de Ciência para Educação, que reúne atualmente mais de 100 pesquisadores brasileiros de inúmeras disciplinas, cujo trabalho pode impactar positivamente na Educação brasileira.

*Professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, Coordenador da Rede Nacional de Ciência para Educação.

 

 

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