"Expecting Goals: o discurso do Big Data nos esportes”

Convidado: Markus Stauff - Universidade de Amsterdã (UvA), Holanda

"Big Data" pode ter vários significados e remeter a um conjunto heterogêneo de práticas e tecnologias. Em todos os casos, o termo invoca questões epistemológicas e reorganiza hierarquias de conhecimento e expertise. Seu impacto cultural mais amplo, portanto, depende de tanto de seus procedimentos "encaixapretados" quanto do desempenho controverso de seus valores e de suas descobertas. Neste contexto, este artigo tem como objetivo desenvolver duas questões de fundo: (1) a crescente relevância do Big Data em diferentes áreas sociais e práticas culturais bem diferentes entre si é acompanhada pelo surgimento de um discurso que traduz seletivamente para uma linguagem comum os conhecimentos dos especialistas. A discussão das políticas do Big Data, seus méritos e desvantagens é estruturada por esse discurso - que, portanto, precisa ser analisado criticamente. 2) A crescente aplicação do Big Data no esporte competitivo e sua discussão na mídia são desencadeadoras centrais desse grande discurso sobre dados por pelo menos dois motivos: (a) o esporte sempre combinou formas especializadas de conhecimento (de fãs e especialistas) com narrativas de mídia popular, contribuindo com os conceitos de competição e subjetividade nas sociedades (pós-) industriais; (b) no esporte, a comparação pública entre o desempenho esportivo e sua parcialidade sistemática incentiva de forma especial o uso e a avaliação crítica de procedimentos de Big Data. Depois de discutir as características mais gerais das práticas de Big Data nos esportes, o artigo enfoca a métrica “Expected Goals” no futebol para analisar criticamente sua produtividade discursiva: como as reivindicações epistemológicas, as visualizações de dados e as controvérsias nas mídias sociais em torno desta métrica contribuem para uma compreensão mais ampla e para a legitimidade do Big Data?

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