Painel 4 - Historiografia linguistica
Descrição das partes do discurso da língua japonesa por portugueses, espanhóis e franceses (1543-1856)
Dr. Rodrygo Yoshiyuki Tanaka
Universidade Estadual Paulista "Júlio de MEsquita Filho"
Através da observação da metalinguagem adotada para descrever as chamadas “partes do discurso” na língua japonesa, esta apresentação tem como objetivo identificar a passagem de uma retórica de continuidade (conservação) para uma retórica de mudança (revolucionária), como o proposto por Murray (1994), nas gramáticas europeias, começando pelos portugueses e espanhóis e seguindo até os primeiros trabalhos franceses. Para a formação do corpus, selecionamos sete gramáticas: De intitutione grammatica - Conjugationibus accessit interpretatio Iaponica, de Manoel Alvarez (Amakusa, 1594), Arte da Lingoa de Iapam de João Rodriguez (Nagasaki, 1604), Arte Breve da Lingoa Japoa de João Rodriguez (Macau, 1620), Ars grammaticae iaonicae linguae de Diego Collado (Roma, 1632), Arte de la lengua Japona de Melchor Oyanguren de Santa Inez (México, 1738), Éléments de la Grammaire Japonaise de Clerc de Landresse, e a Introduction à l'étude de la langue japonaise de León de Rosny (Paris, 1856). Por meio dessa análise, tentaremos debater e apresentar uma proposta de ‘tradição’, utilizando a metodologia proposta por Swiggers (2010) de desenvolver as análises em Historiografia Linguística em quatro dimensões: teórica, técnica, documental e contextual/institucional. Observando todas essas dimensões (e não somente a documental e técnica) pudemos ter uma visão mais ampla das influências e inovações.
Sobre os manuscritos do Vocabulário da Língua do Japão conservados na Biblioteca de Toulouse
Drª Emi Kishimoto
University of Osaka
Em 2024, foi revelado que cinco fragmentos manuscritos do Vocabulário da Língua do Japão estavam entre os papéis reciclados utilizados para reforçar a capa da edição cristã do Sumário dos Sacramentos (Sacaramenta Teiy?, publicado em Nagasaki em 1605), que está conservada na Biblioteca de Toulouse. Uma visão geral desses materiais, incluindo os cinco fragmentos, foi apresentada por Kishimoto, Nakano, Shirai e Toyoshima (2025).
Os cinco manuscritos podem ser divididos em duas categorias principais. Um deles pertence a uma versão do Vocabulário da Língua do Japão que apresenta características diferentes da edição impressa (Vocabulário da Língua do Japão, publicado em Nagasaki, parte principal em 1603 e suplemento em 1604), e provavelmente se trata de um tipo distinto de dicionário escrito antes do manuscrito usado para a edição impressa. Os quatro fragmentos restantes são manuscritos do suplemento da edição impressa do Vocabulário da Língua do Japão. Esta apresentação pretende examinar o processo de elaboração desse suplemento com base nesses quatro fragmentos.
Sobre o processo de formação da edição cristã do Rakuyôshû
Dr. Jun Shirai
Hiroshima University
O Rakuyôshû foi publicado em 1598 pelos jesuítas como um dicionário de caracteres chineses (kanji).
Selecionando os caracteres necessários para a escrita do japonês nas edições cristãs e simplificando a complexa relação entre kanji e suas leituras japonesas (wakun) por meio de “leitura definida” (teikun), o Rakuyôshû possui uma estrutura adequada para o aprendizado do idioma japonês por estrangeiros.
O Iroha Jish? (“Coleção de Caracteres Iroha”), na qual o Rakuyôshû faz parte, é um dicionário lexical destinado à busca de kanji a partir das leituras japonesas (wakun), e, por apresentar uma organização do tipo “ordem iroha” (uma antiga ordem silábica japonesa), tem sido comparado ao antigo dicionário japonês Kohon Setsuy?sh?.
No entanto, o Iroha Jish? não apenas utiliza a classificação por radicais (bushu) como um sistema latente de organização, mas também apresenta várias características semelhantes aos dicionários kanwa (dicionários de chinês-japonês), tanto nos caracteres listados quanto em suas leituras japonesas.
Esta apresentação analisa o processo de formação do Rakuyôshû, com base em uma nova perspectiva que considera o Iroha Jish? como uma forma híbrida entre dicionário lexical e dicionário kanwa.