Painel 3 - A importância do programa “Idioma sem Fronteiras” na formação de professores de língua japonesa
O Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) foi criado em 2012 pelo governo federal para dar apoio à estudantes desenvolveram competências linguísticas em idiomas estrangeiros. Focado inicialmente na língua inglesa, a partir de 2014 o programa foi expandido para outros idiomas. A oferta de língua japonesa foi possível a partir de 2016, contando com a cooperação entre o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e a Fundação Japão em São Paulo (FJSP). As universidades ofertantes eram: Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio Frande do Sul (UFRGS), com participação também da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) nesta fase inicial. Em 2019, o MEC transferiu a gestão das demandas linguísticas para a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), dando origem à Rede Andifes-IsF. A oferta coletiva de língua japonesa é financiada e supervisionada pela FJSP, que concede bolsas aos alunos de Letras-Japonês sob orientação de docentes credenciados na rede. O material atualmente utilizado na oferta de japonês é o livro didático “Irodori”, desenvolvido pela Japan Foundation e publicado em 2020. Este livro tem como foco a comunicação cotidiana no Japão. Com este material, os alunos de Letras-Japonês credenciados como professores em pré-serviço (tutores) desenvolvem não apenas habilidades para a sua formação no ensino, mas também suas próprias habilidades linguísticas. A adaptação dos tutores às técnicas pedagógicas para uso deste material tem sido complexa. Para isso, as universidades ofertantes realizam reuniões semanais on-line com os tutores, onde se verificam estratégias de ensino, planos de aulas, plataformas etc. A FJSP tem oferecido suporte também nessa questão pedagógica, enviando um especialista em ensino do idioma japonês para as orientações dos tutores. Além disso, a FJSP também oferece a participação em uma atividade chamada de “Nihongo Cafe” (Café em Língua Japonesa), um evento on-line realizado nos cursos ofertados para que os alunos inscritos consigam ter contato direto com pessoas nativas da língua japonesa para praticar suas habilidades. Por meio de questionários pós-curso, foi constatado que a utilização adequada do material didático aliado às atividades em aula e o evento “Nihongo Cafe” foi eficaz para a melhoria e motivação da aprendizagem dos inscritos.
O Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF) e os cursos de língua japonesa
Profa. Dra. Alice Tamie Joko
O surgimento do Programa Idiomas sem Fronteiras (IsF): em 2011 o governo federal criou o programa Ciência sem Fronteiras (CsF). Por meio dele, universitários matriculados em Instituições de Ensino Superior públicas tiveram a oportunidade de estudar no exterior por determinado período. Uma das condições para aproveitar essa possibilidade era ter domínio da língua oficial do país escolhido como destino. A fim de dar suporte aos estudantes quanto a desenvolver competências linguísticas em idiomas estrangeiros, foi criado o IsF, formalizado pela portaria 1.466, de 18 de dezembro de 2012. A expansão: uma vez criado e implementado, o Programa IsF evoluiu do foco inicial na língua inglesa cuja primeira oferta foi em 2013, para um foco que abrangesse outros idiomas, a partir de 2014. A oferta do idioma japonês tornou-se possível a partir da assinatura do Memorando de Cooperação entre o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e a Fundação Japão em São Paulo (FJSP), em maio de 2016. Em 12 de setembro de 2016 foi publicado o primeiro edital para inscrições em cursos presenciais de japonês ofertados pelas cinco universidades federais, a saber, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio Frande do Sul (UFRGS). Nessa primeira fase do IsF houve ainda a participação de uma universidade estadual: a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). O IsF se expandiu em curto período, a ponto de sua existência e manutenção demandarem investimentos financeiros do governo federal para suprir a necessidade criada nas universidades participantes do Programa. Do MEC à Andifes: Como se pode observar, o surgimento do IsF alinhou-se nas demandas e nos propósitos afins ao programa Ciência sem Fronteiras, cujo objetivo principal era consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira. O IsF surgiu para suprir um dos entraves do CsF que foi a falta de proficiência em idiomas estrangeiros entre os candidatos. Entretanto, embora as ações iniciais do IsF tenham sido direcionadas a grupos prioritários —estudantes elegíveis para serem candidatos a bolsas do Ciência sem Fronteiras —, o IsF se expandiu aos poucos, de modo a abranger mais participantes e dar mais atenção à formação docente, inicial e continuada. Em 2019, o MEC transferiu para a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) a responsabilidade pela gestão das demandas linguísticas relacionadas ao antigo Programa Ciência sem Fronteiras, dando origem à Rede Andifes-IsF. Atualmente, o IsF se apresenta como programa de ação de uma macropolítica: a da expansão do ensino superior em função do desenvolvimento da academia e sua internacionalização. O Japonês na rede REDE ANDIFES IsF – Idiomas sem Fronteiras: a oferta coletiva do idioma japonês é financiada com recursos da Fundação Japão que concede bolsas a professores do IsF, especialmente a alunos de Letras em processo de formação, sob a orientação de docentes credenciados na rede Andifes-IsF e supervisão de especialistas da Fundação Japão. Os cursos são realizados totalmente on-line, de forma síncrona, com a duração de 4 (quatro) ou 8 (oito), 16 ou 32 horas respectivamente, por plataforma digital. No último edital lançado em março de 2025, das 3.150 vagas distribuídas em 6 idiomas, 375 vagas eram ofertadas pela equipe do IsF-Japonês.
O papel do Idiomas sem Fronteiras (IsF) na formação de professores de língua japonesa da Universidade Federal do Amazonas
Profa. Ma. Camila Regina Ferracioli Pimentel
Os tutores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), alunos de graduação e pós-graduação que atuam como tutores no programa Rede ANDIFES Idiomas sem Fronteiras, utilizam o livro didático “Irodori” seguindo seus objetivos propostos. Este material é um livro didático desenvolvido pela Japan Foundation, publicado em 2020. Seu foco é a comunicação básica necessária para o dia a dia e o trabalho dos estrangeiros no Japão. Devido ao material ter como referência os descritores can-do do JF Standard (referência para o ensino de língua japonesa, desenvolvido pela Japan Foundation), ser baseado na teoria de aquisição da segunda língua e visar a comunicação do cotidiano no Japão, os tutores desenvolvem em suas aulas, habilidades voltadas para esta finalidade. Além disso, o foco na compreensão auditiva favorece não apenas um ensino diferenciado, proporcionando várias formas de input de forma compreensível, mas também o próprio aprendizado de língua japonesa dos tutores, por estes ainda serem alunos em formação. No caso da UFAM, o “Irodori” não é utilizado no curso de graduação de japonês, então o contato com um material didático diferente pode ter resultados positivos no quesito ensino/aprendizagem. Porém, assim como o contato com um material diferente pode ocasionar vantagens, algumas dificuldades podem surgir. Uma das dificuldades dos tutores da UFAM é a adaptação ao material. Para superar estas dificuldades e verificar o andamento das aulas, a UFAM, assim como as outras universidades parceiras que fazem a oferta dos cursos, realiza reuniões on-line com os tutores, semanalmente. Nessas reuniões são verificados os planos de aula, a quantidade de alunos, as estratégias de ensino, o uso de plataformas on-line, entre outros assuntos. Todo esse movimento gera benefícios para os alunos tutores, agregando seu conhecimento relacionado ao ensino, indispensável em um curso de licenciatura. Além disso, a UFAM, particularmente, permite que os alunos que tenham ofertado aulas pelo programa “Idiomas sem Fronteiras” aproveitem as horas de aula para a disciplina de Estágio Supervisionado. Estes alunos também são convidados a ministrar oficinas locais do Idiomas sem Fronteiras na UFAM, onde eles apresentam o livro e realizam práticas aos moldes do “Irodori” com outros alunos da graduação, oferecendo treinamento para possíveis futuros tutores.
O apoio pedagógico da Fundação Japão aos cursos de língua japonesa do programa ANDIFES - Idiomas sem Fronteiras (IsF)
Profa. Ma. Mayumi Edna Iko Yoshikawa
A Fundação Japão em São Paulo (FJSP) têm oferecido suporte ao programa Idiomas sem Fronteiras desde 2016 até o seu encerramento pelo MEC, em 2019. Após a Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) assumir a continuidade deste, a Fundação Japão ofereceu novamente o seu apoio ao programa, renomeado como “ANDIFES-IsF”, o qual continua até o presente momento. Este apoio consiste em envio de um especialista em ensino de língua japonesa para orientar os tutores que lecionam esta língua no programa supracitado e no auxílio financeiro para remunerar os coordenadores e para o pagamento das bolsas aos tutores. O apoio pedagógico consiste em oferecimento de cursos de orientação aos tutores que irão assumir os cursos de japonês no programa, participação nas reuniões de orientação semanal junto aos coordenadores e tutores de cada universidade federal que oferece o curso de japonês, e participação na atividade chamada de “Nihongo Café” (Café em Língua Japonesa), que consiste em um evento on-line, realizada 1 ou 2 vezes durante o período do curso, por cada tutor, junto às turmas nas quais ministram as suas aulas. Neste evento, os alunos conseguem ter contato com pessoas nativas em língua japonesa para praticarem o que aprendeu. Tendo o curso adotado o livro didático “Irodori”, citado anteriormente neste painel, o objetivo do curso é o aprendizado do idioma japonês básico para conseguir realizar a comunicação diária em japonês. Portanto, a ideia da realização deste evento surgiu com o intuito de oferecer a oportunidade de os aprendizes utilizarem de fato a língua aprendida com pessoas nativas no idioma, o que consiste no atingimento da meta do curso. Por meio dos questionários pós-curso respondidos pelos alunos, constatamos que a utilização adequada do livro didático, as atividades em aula e a realização deste evento, o “Nihongo Cafe”, juntos, são muito eficazes para a melhoria e a motivação na aprendizagem. E ao mesmo tempo, contribuem para realizar a aprendizagem ativa. Constatamos ainda que os tutores têm conhecimento teórico sobre as metodologias de ensino de línguas estrangeiras adotadas neste programa. Contudo, a sua maioria nunca lecionou a língua japonesa utilizando esse conhecimento. Portanto, no curso de orientação que antecede as aulas que os tutores ministram, são oferecidas informações sobre a prática utilizando esse conhecimento. Acreditamos que o apoio pedagógico a este programa continuará a contribuir para a área do ensino de língua japonesa, realizando a prática de ensino dos tutores e oferecendo informações atualizadas sobre metodologias de ensino.