ENSINO DE LÍNGUAS E JUSTIÇA SOCIAL: CRIANDO PROJETOS PARA ALÉM DOS MUROS
Resumo do minicurso: Ensinar e aprender línguas não é apenas um exercício de decodificação de signos, mas um ato político e histórico, um movimento de (re)existência que inscreve corpos e memórias na tessitura do mundo. Como nos lembra bell hooks, a sala de aula pode ser um espaço de amor e transgressão, mas também um campo de batalhas discursivas, onde a linguagem pode tanto perpetuar violências quanto ser uma ferramenta de libertação. Toni Morrison (1993) nos ensinou que a língua não é apenas um veículo do pensamento: ela é a própria matéria com que se constroem mundos. Línguas podem ser cárceres, estruturas que limitam o conhecimento e cristalizam opressões, mas também podem ser asas, forjadas na oralidade e na escrita, para voarmos para além do que nos disseram ser possível. A educação linguística, como propõe Gloria Ladson-Billings (2021), deve ser culturalmente relevante e comprometida com a justiça social, pois toda pedagogia é política. Ensinar línguas exige olhar para as estruturas de poder que sustentam desigualdades e desafiar as narrativas coloniais que insistem em reduzir a linguagem a um código neutro. Mais do que ensinar gramática, é preciso ensinar a língua como espaço de luta, como território de disputa e de afirmação identitária. Pensando nisso, neste minicurso, revisitaremos conceitos como língua, linguagem, educação linguística, diversidade, inclusão e justiça social, compreendendo a pedagogia das línguas como um espaço de guerrilha contra as violências de sexo, corpo, gênero, raça, sexualidade e classe. Trabalharemos com atividades e estratégias que revelem as fissuras do discurso opressor e nos permitam forjar novas narrativas para além dos muros da escola. Porque ensinar línguas é também ensinar a lutar, e lutar é a forma mais bela de existir.