MINICURSO: O funk na escola de ensino básico: identidade e resistência
MINICURSO: O funk na escola de ensino básico: identidade e resistência
MINISTRANTE: Anderson Carmo de Carvalho
RESUMO: O funk carioca enquanto música das comunidades mais pobres representa uma significativa parcela dessa comunidade, que é ouvinte, compositora e intérprete desse significativo gênero musical (ESSINGER, 2005; PALOMBINI, 2009). O funk é um gênero genuinamente representativo quando falamos de diversidade, história e representatividade. Na sua história, o funk no Brasil possui influência do funk americano, que chega nessas terras no final dos anos 70 junto com os cantores brasileiros Tim Maia e Tony Tornado, posteriormente toma sua forma atual a partir dos trabalhos do DJ Marlboro, que trouxe o gênero Miami Bass para o Rio de Janeiro, criando a Furacão 2000. Foi na favela carioca que se deu a gênese através dos diversos bailes que aconteciam na cidade, portanto falar de funk na escola é também tratar de Direitos Humanos e Expressões da Questão Social. Mesmo sendo um enorme sucesso de vendas e se cravejado entre as músicas mais tocas em plataformas de streamings como Youtube, Spotify e Tiktok, seu espaço na escola é questionado, em especial por conta da letra de suas canções. De fato, suas canções tratam de questões de classe social e injustiça social (SOUZA e SILVA, 2017), para além disso, abertamente ou não, abordam temáticas como a utilização e o tráfico de drogas, a ostentação da riqueza, a sexualidade, as relações amorosas e exaltação ao crime organizado. Entretanto, as crianças são atravessadas por essas canções e não é evitável que uma música tão marcante e significativa para crianças seja desmembrada de suas existências sociais apenas por essas adentrarem os muros do espaço escolar. Com isso, buscar estratégias para que sua presença esteja na escola é essencial para que as crianças reconheçam legitimadas suas práticas de fora da escola, na medida possível do bom senso, dentro do ambiente escolar. O desafio não é de fácil resolução na medida que opiniões propõem a exclusão de qualquer tipo de música ou dança de funk na escola. Mas é na capacidade empática de lhe dar com o diverso é que encontramos o equilíbrio de uma vida social escolar que respeita as diferenças de classe e de cultura para compreensão dos Direitos Humanos (CANDAU, 2010; VIVEIROS, 2020). Mas e as crianças, o que pensam disso? Alguns pontos parecem ser os caminhos para alcançar um bom diálogo sem a exclusão desse valoroso componente social: (1) trazer as crianças para o debate acerca do tema; (2) o diálogo sincero acerca dos assuntos tratado nas letras do funk, afim de explicar para as crianças de forma proporcional e responsável que aquelas canções são músicas feita de adultos para adultos; (3) a criação de paródias tendo como base o ritmo do funk; (4) a composição de funk feito por professores para crianças; (5) o convite ás crianças para que elas façam, através do funk, músicas feitas por crianças para outra crianças; (6) o debate com o corpo docente e também na comunidade escolar interna e externa. Por esse caminhos, pode-se traçar estratégias inclusivas para mais do que uma música, mas um grupo social marginalizado.
EMENTA: O minicurso tem objetivo traçar planos para pensar a inclusão do funk na escola de ensino básico sem ultrapassar os limites da cultura a infância. Com isso, o alvo do curso é criar estratégia pedagógicas de inserção na medida da exclusão simbólica que o gênero sofre devido a letra de suas canções. Pensa a escola é pensar juntos, por esse caminho, o funk não deve ser simplesmente excluído dos modos escolares e da rotina que tanto busca a inserção das diferenças e singularidades dos sujeitos.
OBJETIVOS: - Refletir o gênero musical funk como identidade de um grupo social - Compreender como funk se insere nas atividades escolares - Buscar estratégias para inclusão desse gênero na sala de aula sem borrar as fronteiras da cultura da infância
METODOLOGIA: Será desenvolvido em 3 etapas. A primeira é uma excursão prática sobre a história do funk e sobre a cultura da infância. Na segunda parte, serão desenvolvidas atividades e escuta ativa, reflexão sobre letras e ostinatos. O mercado da música e o funk. Por último, haverá uma atividade de criação e ensino de propostas para inserção do gênero funk na sala de aula na medida da importância de sua permanência na educação básica.