MR4 - Formação de Professores: desafios para a Educação Matemática Inclusiva
Coordenadora da mesa: Edmar Reis Thiengo – (IFES)
Profa. Ms. Selma Norberto Matos (UESB/BA)
Contribuições da psicologia ao processo de formação contínua de professores para educação inclusiva
O presente trabalho é fruto das reflexões teóricas sobre práticas de ensino e resultado das investigações realizadas entre 2013 a 2018, por discentes e docentes do Grupo de Estudos e Pesquisas do Núcleo de Apoio à Inclusão (GPNAI), da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Insere-se nos campos da Educação Especial e da Psicologia que adotam como eixo de análise do processo de escolarização a formação de professores e o papel das políticas públicas educacionais. Teóricos da Psicologia Escolar Crítica, que fundamenta- se na Teoria Histórico Cultural, são capazes de contribuir com processos formativos de docentes para a educação inclusiva, tendo como ponto de partida o conhecimento de suas demandas específicas; uma formação contínua e permanente em que os professores possam expressar suas angústias diante das dificuldades para se comunicar, se relacionar ou trabalhar com alunos considerados público alvo da Educação Especial, criando espaços que favoreçam sua preparação emocional para lidar com uma nova realidade: ensinar com qualidade, a partir de evidência científicas, esses estudantes. Um lugar de interlocução coletivo para circulação dos sentidos que os educadores atribuem ao não saber, mediando processos relacionais e intersubjetivos, tendo em vista a ressignificação dos discursos instituídos e a construção e a apropriação de novos sentidos. O fim último desta formação seria o empedramento de professores que buscam, coletivamente, assegurar condições de ensino adequadas, o direito das pessoas com deficiência à diferença e à apropriação por parte dos discente nesta condição ao patrimônio cultural historicamente construído nas diferentes áreas de conhecimento.
Profa. Dra. Ana Lúcia Manrique (PUC/SP)
Reflexões sobre uma formação de professores com uma perspectiva inclusiva
Ao considerarmos os contextos escolares atuais, identificamos a necessidade de novas práticas que busquem ressignificar ações, recursos, estratégias e proposições, o que consequentemente nos faz refletir sobre uma formação de professores que deva ser revisitada tanto na sua natureza como nas suas concepções, bem como ressignificada e adequada aos desafios e dificuldades enfrentados pelo professor que ensina matemática. Nesta mesa redonda, faremos uma reflexão sobre um processo formativo oferecido a professores que ensinam matemática da educação básica em que foram apresentados estratégias e recursos de ensino, identificados pelo nosso grupo de pesquisa como propostas alternativas que contribuem para a construção de uma escola inclusiva. Os recursos utilizados foram três aplicativos produzidos pelo grupo de pesquisa e que permitem o desenvolvimento de um trabalho didático mais inclusivo no ensino de Matemática.
Profa. Dra. Clélia Maria Ignatius Nogueira (UNIOESTE; UNESPAR)
A formação inicial do professor de Matemática na perspectiva inclusiva: as possibilidades da disciplina didática da Matemática
O objetivo dessa conversa é, a partir de resultados de pesquisas já realizadas e ainda em andamento, em parceria com outros pesquisadores, apresentar uma possibilidade de se discutir aspectos de uma formação inicial considerando o pressuposto do direito universal à educação, particularmente o daqueles estudantes apoiados pela Educação Especial (EE). Dentre essas investigações, destaca-se o levantamento e a análise da inserção da temática Inclusão em projetos pedagógicos de cursos de Licenciatura em Matemática do Paraná, que apontou que, além da disciplina de Libras, é quase inexistente a presença de disciplinas que possibilitem a discussão acerca de um ensino de Matemática na perspectiva inclusiva. Por outro lado, considerando as determinações governamentais, todos os cursos de Licenciatura apresentam, com as mais variadas denominações, disciplinas voltadas à formação didática dos licenciandos, como Teoria e Prática da Educação Matemática; Didática Aplicada à Matemática; Prática de Ensino de Matemática: Aspectos teóricos ou, simplesmente, Didática da Matemática. Diante desse quadro, pensou-se na possibilidade de se desenvolver todo o conteúdo programático dessa(s) disciplina(s), a partir de textos, ações e tarefas propostas aos graduandos que possibilitassem as discussões e a conscientização dos pressupostos da Educação Inclusiva. Esta última pesquisa ainda está em andamento e, independentemente dos aportes teóricos que a sustentam, a proposta é apresentar cada conteúdo presente no programa da componente curricular destinada à formação teórica didático-pedagógicas dos graduandos, considerando artigos científicos com resultados de pesquisas realizadas no âmbito da Educação Matemática Inclusiva (EMI), envolvendo as teorias ou tendências presentes no programa. Isso é possível uma vez que podemos facilmente encontrar resultados de pesquisas, voltadas ao ensino de Matemática para estudantes apoiados pela EE, sustentadas em tendências teóricas da Educação Matemática, como a Etnomatemática, a Resolução de Problemas; O uso de jogos e materiais manipuláveis; a Modelagem Matemática; o Uso de Tecnologias e, particularmente, a Didática da Matemática de influência francesa. Assim é que o programas das disciplinas voltadas ao trabalho com a Didática nos cursos de Licenciatura em Matemática, costumam contemplar aspectos das teorias: dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud; das Situações Didáticas, de Guy Brousseau; da Transposição Didática e a Antropológica do Didático, idealizadas por Chevallard, dentre outras. Essas teorias atualmente sustentam pesquisas tanto que analisam os processos de ensino e aprendizagem da Matemática no interior de uma sala inclusiva, como permitem comprovar as potencialidades inclusivas para TODOS os alunos, de atividades pensadas para aqueles que são apoiados pela EE. No que se refere à Didática da Matemática de influência francófona, as pesquisas avançaram de tal forma, que já está constituído o GEPeDEMI: Grupo de Estudos e Pesquisas em Didática da Matemática e Inclusão, registrado no CNPq.