Ministrante: Dr. Iran Ferreira de Melo

Os estudos linguísticos contemporâneos de orientação discursiva têm dado relevo a investigações de caráter crítico preocupadas em dialogar suas teses com teorias das ciências sociais que tratam o funcionamento da linguagem em processos políticos e ideológicos. No rol desse tipo de pesquisa, encontra-se a Análise Crítica do Discurso (ACD), perspectiva que intenta desvelar como os falantes constróem a realidade, o sistema de crenças, as identidades e representações sociais (FAIRCLOUGH, 2000), oferecendo atenção ao processo de produção e interpretação social caracterizados por tensões sociais, e contemplando a dimensão da mudança social no discurso. A ACD entende o discurso tanto como reprodutor quanto transformador de realidades sociais e o sujeito da linguagem tanto propenso ao moldamento ideológico e linguístico quanto agindo como transformador de suas próprias práticas discursivas, contestando e reestruturando a dominação e as formações ideológicas socialmente empreendidas em seus discursos. Para a ACD, o sujeito e o discurso se constituem num processo dialético, que ora se conforma às formações discursivas/sociais que o compõem, ora resiste a elas, ressignificando-as, reconfigurando-as. Desse modo, a ACD tem-se apresentado como instrumental teórico para a análise das práticas discursivas que constróem as várias ordens sociais vigentes; como investigação das formações discursivas que engendram as relações de poder, as representações e identidades sociais e os sistemas de conhecimento e crença, ou seja, bem como preconiza Kress (1990, p. 85), “os analistas críticos do discurso pretendem mostrar o modo como as práticas linguístico-discursivas estão imbricadas com as estruturas sociopolíticas mais abrangentes de poder e dominação”. Nosso minicurso objetiva apresentar um panorama histórico desses trabalhos, suas ramificações nas distintas vertentes, bem como suas aplicações e interfaces no campo das ciências humanas, e prontificamo-nos a destacar as principais teorias, a fim de, a partir dessa proposta didática, identificar suas epistemologias e entender de que forma podemos utilizá-las como mecanismo de conscientização social.

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